Meias encharcadinhas
Era a segunda vez que se encontravam.
- Dás-me colinho ??
- Vem - disse ele sorrindo, fazendo recuar o assento de condutor, criando espaço face ao volante.
Prontamente ela rodou um pouco, e de joelhos no assento, deixou-se descair para os braços e pernas que a aguardavam. O seu rosto encaixava direitinho no peito dele, como ela tanto gostava…
- Adoro colinho de homem! É muito bom estar assim aconchegadinha em ti…
Ternamente ele acariciou-lhe os longos cabelos. Aproximou a boca beijando-lhe a testa, os olhos fechados, a pontinha do nariz… As bocas encontraram-se. Provaram-se. Saborearam-se. Testaram-se… A empatia mantinha-se. A mão direita dele percorreu-lhe o corpo, por cima da roupa, como se de uma segunda pele se tratasse. Por várias vezes ela estremeceu. Fora casada muitos anos com o mesmo homem, e embora já tivesse evoluído um pouco, a verdade é que, ao toque de um homem diferente, o seu corpo reagia com uma espécie de choque eléctrico, uma descarga misto de repulsa e surpresa… Ele apercebeu-se.
- Fica calma rapariguinha, não te faço mal…
Como resposta, ela ofereceu-lhe a boca que foi beijada intensamente. A sua mão esquerda começou então a passear-se pela camisa macia…Pela abertura do punho, desapertado e arregaçado, ela enfiou a mão, sentindo os pêlos do braço a ficarem eriçados… Suavemente, começou a acariciá-lo muito ao de leve, causando uma subtil fricção, apenas perceptível e manifestada na electricidade dos pêlos. Adorava causar aquele arrepio aos homens… Olharam-se e gargalharam com muita cumplicidade no olhar. Saindo do esconderijo, a mão continuou a desbravar muitos centímetros da camisa. Trepou braço acima, contornou o ombro… Involuntariamente fechara-se, dando lugar a uma carícia de traço fino, sinuosa, feita unicamente pelo indicador. Passada a zona dos primeiros botões desapertados, resolveu desbravar o que se escondia por baixo. Pelos espaços inter-botões, os seus quadro dedos juntinhos, cabiam perfeitamente. Entrou. Tal como suspeitara, ele era muito peludinho, mesmo ao gosto dela. Começou a desapertar-lhe os botões com certa ansiedade.
- Que loucura! Comentou ela entre dentes, esfregando gulosamente o rosto naquela macieza peluda…
Sentia a cabeça quente e certamente teria as faces rubras e escaldantes. Com os lábios começou a agarrar montinhos de pêlos e com a ajuda da língua, enrolava-os repuxado - os, em todo o comprimento, até se soltarem… Como tinha saudades dessa brincadeira!!! Ele observava-a com estranheza e prazer. Nunca ninguém lhe fizera aquilo!… Entretanto, a sua mão detivera-se no seio dela, segurando entre o indicador e polegar, o mamilo hirto.
Contemplava intrigado, a desconhecida que tinha nos braços. Por momentos, perderam-se ambos, algures num tempo de memórias esquecidas.
- Vamos para o meu escritório. Ficar aqui, é perigoso.
Com a anuência dela, compuseram as indumentárias, e com uma condução rápida e ansiosa, encaminharam-se para uma zona industrial da cidade. A carrinha entrou pelas traseiras do armazém, ficando em segurança. No acesso ao andar superior, ele retirou do congelador do mini frigorífico, uma garrafinha de vodka fresquíssimo.
Como foi agradável o primeiro gole! Estavam precisados de algo refrescante.
Uma vez no gabinete, não podiam esperar mais! Com rapidez despiram-se e os seus corpos entregaram-se com sofreguidão. Tinham necessidade um do outro, tinham necessidade de muito mais…
- Como preferes ??
Como resposta, ela afastou desordenadamente alguns papéis da comprida secretária. Sentou-se na beirinha e descaiu para trás. Ele entendeu, aproximou-se e afastou-lhe as pernas. Erguendo-as, colocou-as nos seus ombros. Os seus corpos ajustavam-se perfeitamente. Com movimentos bem rápidos, ele penetrou-a ficando muito entusiasmado com os seus gemidos de prazer. Entre um sorriso de delírio, o primeiro orgasmo dela aconteceu, escorrendo pelas pernas dele abaixo… Confirmava-se o entendimento entre ambos e ele queria dar-lhe MUITO mais prazer, saciando a sua saudade acumulada. Retomou o ritmo veloz e de novo, as suas pernas foram inundadas. Que mulher aquela que tanto transbordava!... Ajudou-a a erguer-se ficando frente a frente.
Numa dúvida infundada, ele perguntou-lhe:
- Estás a gostar??!!!! Eu avisei-te que era pessoa de bem, e que comigo, nada de mal te aconteceria…
Um pouco envergonhada pelos receios e insegurança demonstrados no primeiro encontro, ela escondeu o rosto no seu peito, abraçando-lhe o tronco. Segurando e erguendo-lhe o queixo, ele olhou-a bem nos olhos dizendo serenamente:
- Não precisas recear tanto os homens… como vês, não são assim tão maus!....- Selou as suas palavras com um prolongado beijo.
-Agora trocamos!
Saltou ela da secretária, sendo o seu lugar ocupado por ele. Com um impulso, subiu ela também. Olhou em redor. Como era giro ver o mobiliário de outra perspectiva!!! O seu olhar parou nos copinhos de vodka. Segurando num, pediu-lhe:
- Quero beber da tua boca…
Este sempre fora um prazer adiado… tinha de experimentar, queria muito experimentar!
Chegou-lhe o copo. Erguendo-se e apoiando o longo tronco sobre o cotovelo, ele meteu um gole na boca. Fizeram o transbordo. Que carícia óptima o jacto veloz a passar na língua!... Repetiram, repetiram, trocaram… Ele também ADOROU! A boca dela, querendo saborear outras texturas, começou a mordiscá-lo rapidamente o tronco, a puxar-lhe os pêlos do peito e dos sovacos, esticando-os bem esticadinhos com os lábios… Mordiscou-lhe os flancos até ele gritar! Com a boca cheia de vodka, pôs-se a gotejá-lo entre a barriga e os joelhos dele… Com calma premeditada, lambeu-o lentamente, recuperando o líquido, sentindo-lhe as contracções, escutando entusiasmada todos os seus ais e uis inevitáveis.
Retomada a erecção, ajudou-o no preservativo, saltando-lhe para cima, oferecendo o seu corpo às mãos sabedoras.
Ainda ofegantes, voltaram à posição inicial e pela terceira vez, de pé em frente dela, ele sentia as pernas molhadas…
- Onde o puseste ?? Quero o meu ajudante de campo!…
Ainda ofegantes, voltaram à posição inicial e pela terceira vez, de pé em frente dela, ele sentia as pernas molhadas…
- Onde o puseste ?? Quero o meu ajudante de campo!…
Com inigualável perícia de mestre, ele procedeu à penetração dupla com ajuda do vibrador. Os movimentos eram ritmados e sabiamente sincronizados pela sua barriga e pénis. Nunca sexo anal lhe dera tanto prazer, e novo orgasmo aconteceu… Ele estava deliciado com a resposta do corpo dela, assim frente a frente, avaliando a intensidade do seu prazer, desfrutando do seu sorriso e de toda a expressão do seu rosto…
Nova pausa, novo gole com sabor a boca, nova acalmia.
Ela sempre acreditara que o prazer tem diferentes patamares… e naquela noite, já tinha subido vários…
- É bom ver assim o teu rosto… parece iluminado!...
Ela sufocou-lhe o elogio enfiando-lhe a língua na boca…
A seu pedido, ele friccionou-lhe delicadamente o pescoço e os ombros, com o queixo, que picava muito, causando-lhe uma agradável ardência e rubor na pele… SEXO, É MESMO O CORPO INTEIRO - costumava dizer e confirmava uma vez mais… O CORPO DOS HOMENS É MESMO UMA FONTE INESGOTÁVEL DE PRAZERES…
Sem poder segurar mais, ele reclinou-a novamente. Colocou as pernas nos seus ombros e freneticamente começou a penetrá-la. Mas agora só pensava no seu prazer. Então, para sua surpresa, os soluços dela fizeram-se ouvir. Grossas lágrimas escorregavam-lhe para as orelhas.
- Onde queres??
- Na barriga… respondeu ela a soluçar.
Retirado o preservativo, generoso jacto, agradavelmente quente, espalhou-se na barriga. Sabendo que ela apreciava, massajou-a carinhosamente deixando as mãos deslizarem até o seu corpo escaldante ter evaporado toda a humidade.
Estavam calmos, felizes e fez-se silêncio. Ele ajudou-a a sentar-se e novamente os seus rostos ficaram frente a frente.
- Pregaste-me um susto! Porque começaste a chorar??!!!!
Ela abraçou-o e em tom de justificação, acrescentou:
- Desculpa, eu sou assim: quando me emociono demais, choro… Não fiques preocupado. Hoje conseguiste elevar-me ao cume da pirâmide do PRAZER… Estou-te muito grata… Foi MUITO BOM. Morria de saudades de tanta emoção junta…
Partilhando essa manifestação de prazer, ele lambeu-lhe o rosto, sorvendo os restos de humidade salgada junto dos olhos:
- Sabem bem. Também quero a minha parte!...
Ficaram por momentos, nova e fortemente abraçados.
- É tarde, preciso ir.
Era chegado o momento do balanço dos “estragos”.
- Olha-me isto!!!!… tenho as meias todas molhadas… - Lamentava-se ela fazendo descer as meias pelo joelho…
- Ah pois… e eu também não tenho ??!!! Olha para o chão… vê a mancha na alcatifa…
- ahahahahah Isto foi tudo meu ??!!! Bolas, andava mesmo com os tomatinhos cheios…
- não sei... meu, sei que não foi...
Gargalharam como criancinhas travessas. As meias foram postas a secar frente ao aparelho de ar condicionado. Era Março. As noites ainda eram frias e eles de modo algum queriam ficar doentes…
Meias encharcadinhas, mas, rostos felizes, em corpos saciados!...
Papoila_Rubra
Abril de 2006
Abril de 2006