23 setembro 2006
22 setembro 2006
CISTERNA da Gotinha
Vídeo: Publicidade a um soutien japonês
Izabel Goulart: mais uma top-model brasileira.
Bolos malandrecos feitos pela Célia que é da zona de Almada. É a sugestão ideal para o próximo encontro da Funda, não achas, São?!
Colecção Outono-Inverno de preservativos.
A menina chama-se Kristiana Vieri e o Charlie vai de certeza gostar dela e das suas mamocas.
ProteSão Civil.
Bombeiros de prevenção
a fogos que incendeiam matagais.
Á custa de mil perigos vão,
e de mangueiras em riste, ("Mais, mais...")
penetrando no âmago do braseiro, ("... fundo, não...")
jorram alivio para a população. ("... pares!")
a fogos que incendeiam matagais.
Á custa de mil perigos vão,
e de mangueiras em riste, ("Mais, mais...")
penetrando no âmago do braseiro, ("... fundo, não...")
jorram alivio para a população. ("... pares!")
Bom fim de semana
(clica na imagem para aumentar... a mão)
Fotografia: Mircea BEZERGHEANU
Qrònica do Nelo
Iola melhéres!
Ôije vou dar-lhis uma grande nuvidade fofos e fofas. Stôu ezultante de alegria, e cuaze qui nam caibu em mim!
Vô tirar a carta de condussão!
Nam éi fremidáveli?
Já dei a nuticia há Belinha e ela ficou munto contenti perque çe fartôu de rir, e inquanto tive no caféi, diçe a máis doizótres clientis que çe fartaróm de rir tamém .
Diçe açim: - Já sabem da novidade? Aqui o senhor Nelo vai tirar a carta de condução. Ha-hahahaha…! – Todos a rireim e a olhareim pra mim e iço…
E eu melhéres, fiquei toda çem çaber u que faser e açim, quaze invergenhada, com a fasse toda corada. Ai perque éu melhéres, çôu açim uma bisha que gosta de ver as piçôas devertidas e iço, mas quande estou num ambiente mais familiar veim-me au simo aquela timidesh que me éi imnata, querçezer: Que naçe cum uma melhér!
Çôu muinto bisha poish çôu, mas nu fundo de mim há uma melhér de recato e que goshta du çeu momento de sulidão e de intriospessão, a pinçar na grandes e nas piquenas coizas da vida, a fazer as introgassões filofosicas. Prontes! Querçezer, eças coizas que me andom nas ideias: uma broshada mais beim conseguida, uma boa inrabadela fêita a presseito, uns olinhus e boquinhas sexes, uma festinha na barguilha dum home açim há menza dum Bar, e pinçar eim cumo leva-lo dali pra um çitio mais recatado….
E tude comessou mejmo per aí.
À dias, melhéres, stava há porta dum Bar, inda um pouco longi da minha morada, sperandu um Taxe pra me levar pra caza e pinçei, a talho de foisse, cumo çeria bom çe de repenti tiveçe um automóvele, quando vi aprasser o Lalito. Olheim melhéres! Trasia um carrito lindo de murrer, e diçe logo prá minha poxete:
- Nelo melhér! Çe eçe Lalito teim um carro perque é que tu nam hades de ter um tamém? -
Ai maza resposta veio nu mejmo instante melhéres, quande ele parou o carro há porta do Bar e me convidou pra dari uma voltita. Entrei, pois entrei, melhéres, queu çôu açim uma bisha com golpe de vista e pedi-le boleia pra caza.
Fiquei çabendo paçádo um bucado, que o carru nam hera dele e que andava a mostrari au peçoal da nôte, pra vender. Diçe ele açim nu meio doutra cunverça: - Pois Nelo, esta máquina é para venda mas o Toni lá no stand não o dá vendido e eu na noite sempre pode ser que arranje um qualquer que fique com ele…. –
Ai melhéres que fiquei logo apaichonado pelo bisharoco, todo cor de roza e com quatro portas, umas quantas rodas no shão e um spelho la drentro prá genti poder ajeitar o pinteado e iço. Deu-me uma coiza, uma inspirassão, um baqui de corassão e diçe:
- Lalito, melhér. Nam presizas de andar a precurar mais. Eu compru esta jóia. –
No dia çeguinte fui ao Stander do Toni falari com eli, pra ver milhor e çaber qual hera o prêsso. Melhéres, uma peshinsha: çó oitosentos e sincuenta €ros.
Fui bescar um xheque ao Bancu e o Toni levou-o pra caza. Fiquei logo com o carrito parado na garage ao ladu do Bersedes Menz da Efigénia.
E çabeim que mais? Já andi a preguntari au Alfredo, o nóço xófer, pra que çerverm us pedais. Eli splicou-me que um éi pra andar, o ôtro pra parari e maizum prás mudansas.
Mas esse das mudansas inté nam me fash falta que quande precizo de mudansas a Efigénia contrata uma empreza que trás uns manfius, uns bonzões sheios de músculus e bons papos nas calsas, e eçes carregóm com tudo, e açim poupa-çe o carrito.
Mas per caso tou mejmo contenti melhéres com o veiculu. É lindu, fofos!
O sinhori lá do Stander, munto çimpatico, o Toni, inté mo veio traser aqui a caza e oferesseu uma caicha com areia pra por debaixo dele nu sítio do motor per causa da babuge e açim. Nam pressebi e diçe-lhe que a garage nam teim babuges e iço mas ele riu-se e foi bescar ainda maizuma coiza. Oferesseu um garafãu de oilo. A marca éi squezita, nam çei o queim de Castrolio, hihihihihih, a esta ora, o meu culega Carlus Castro tamém tem a çua bishiçe nos oilos…hihihihihi
Eu asseitei per vergonha, fartei de dezer-le que lá em caza é mais o azeite e açim, a Efigénia nam gosta de oilos. Mazele insistiu tantu, tantu e a falar nam çei quêi do nível e açim, queu acabi per traser o garrafão, e guardar onde o sinhori do Stander diçe: No porta bagajeins. Ei um home que gosta munto de oilo, diçe-me pra ver todos os dias com uma nam çei o queim duma vareta. Éi munto çimpático, mas asho que çe vai stragar lá, perque a Efigénia nam goshta de pinque ninques, e mejmo çe guestaçe, nam a veijo fritar batatas no campu e açim e per iço o garrafãu há-de apudresser nu porta bagajeins e inda me straga a alcatifa. Hadem ver daqui a algum tempu çe nam éi verdade…!
E por falari em alcatifas, tenhu de ir ao Líder, ou ao HiperMarshêr, ver iço dumas alcatifas pró meu carrito, questas estão sheias de manshas scuras açim redondas a fazer limbrar restos duns blo jobberes, mas já tou pressebendo que é mejmo desta mania de andareim com os oilos dentru do porta bagageins, prós pinque ninques e iço, que çó straga os stofes e alcatifas e açim.
Ts ts…ai os homes, e as ideias deles…ts ts..garrafões de oilo. Veijam çe uma melhér fash coizas deças….!?
Beim, mazagora que tenhu o meio de stamporte pra puder çair prás minhas voltitas na “naite”, çó me falta tirar a carta de condussão.
A lissão númeru um comessa pra çemana.
Depoish conto tudo melhéres, agora vôu ver uns brica-brakes pró meu popó….hihihi nam confundir com bóbó, quiço éi ôtra coiza mas que ei-de faser muntas veses dentro deli.
Inté prá çemana, melhéres, e deim tescanço aos homes.
O Nelo tamém preciza delis.
Soltem os prisioneiros!
Numa atitude tão clara e tão óbvia, da minha parte, decidi associar-me ao apoio do Marco do Bitaites ao movimento TopFreedom. Mas Qué Isso? Deixem-no explicar a ele... TopFreedom é um movimento social que procura dar às mulheres o direito de mostrar o peito em público sempre que o desejarem, uma vez que os homens usufruem de um direito equivalente.Hã? Tá fixe não tá? Eu sempre fui a favor disto, e agora posso dar largas a mais esta luta contra a injustiça. Aliás eu tenho um sonho: [ 1 | 2 | 3 | 4 | 5 ]. E é sempre o sonho que comanda a vida. |
Entretanto algumas adaptações teriam de ocorrer na sociedade e a pensar nisso proponho já aqui um aviso a exibir em alguns (poucos) locais públicos...
E já agora não haverá por aí um movimento social qualquer que impeça os homens de mostrar o peito nu? Não? Mas devia...
Antegozo
Gosto do teu corpo em antegozo.
Da tua carne palpitante
Dos teus gemidos ofegantes
Dos teus gestos quase cegos,
Tacteantes,
Quando buscas o prazer.
Gosto do teu peito em desatino,
Do abrir dos teus joelhos
Do arquear das tuas ancas
Do teu sexo nu, exposto,
Latejante, pulsando,
Querendo,
Chamando o meu.
Gosto do rio que te corre no corpo.
Do suor que se evade dos poros,
O teu corpo desejo líquido,
Quase sem tempo,
Ansiando
Ser rio e líquido no meu.
Gosto do teu corpo impaciente
Aflito
Da tua mão que se estende num grito
E me puxa e me agarra…
Ah…
Como gosto do ímpeto e da fúria
E do gozo com que em gozo me rasgas.
Foto: Sig Pereira
Diálogo em verso entre a Espectacológica e o Bartolomeu
a propósito de uma frase que o Mano 69 atribuiu ao Marquês de Sade
Bartolomeu:
Hoje acordei de mansinho
e que encontro eu aqui?
da Espeta mais um versinho
como que a chamar por mim
E rogado não me faço
a essa provocação
e é já, sem embaraço
que tomo o caralho na mão
(ai... a pena, quero dizer)
É de fodas que se fala?
de beijos e coiso e tal?
Tudo aquilo que se entala
e não aparece no jornal?
Ora aqui estou minha amiga
com o tesão habitual
Para te coçar a barriga
numa foda virtual
Nada melhor p'ra acordar
que um figuinho de mulher
Mal o caralho empinar
É só meter... só meter
Agora vou à banhoca
e fazer o barbear
Mas antes quero lamber
essa cona de tarar
O banho pode esperar
e a barba... que se foda
vamos lá mas é mocar
de manhã e a tarde toda
espectacologica:
Lamento ter-te deixado
toda a manhã a secar
mas deves ter esgalhado
sem tempo para pensar.
Isso de fodas virtuais
é muito giro, muito bonito
mas não me põe aos ais
nem me vem coçar o pito...
Mas se tu queres saber
não te estou a provocar
limito-me a responder
e ver quando vais parar.
Porque segundo a teoria
tu é que tens que insistir
eu controlo-te a euforia
sem te deixar desistir...
Isso do tesão de mijo
logo de manhã é chato
está ele teso e rijo
e sem precisar do tacto.
A esta hora o caralho
deve estar todo em pulgas
só que isto dá trabalho
mas o que é que tu julgas?
Pois conversa lá tens tu
ó popular Bartolomeu
mas esta rima tem cu
e quem o mete sou eu...
Bartolomeu:
Estás-me a foder e eu a ver,
espeta-o no cu, logica querida
Popular?! Está-se mesmo a ver
não me lixes mais a vida
A manhã toda esperei
pela tua cona sagrada
Três punhetas esfarrapei
e fui ao cu à criada
Mas agora que aqui estás
o meu caralho é só teu
Espeta o cu bem para trás
e geme... vem-te, Bartolomeu
E não temas meu amor
que a rima não tem fim
Hás-de pedir por favor
Para te vires toda em mim
(já começo a ficar de pau-feito)
espectacologica:
Tu queres festa, Bartolomeu
mas eu não sei foder assim
se espeto o cu que é meu
nunca mais te esqueces de mim
Se já estás de pau-feito
não tenho nada a ver com isso
bate mais três a preceito
mas não estragues o chouriço
Estás a ficar entusiasmado
e ainda não percebi com quê
não queiras ficar pasmado
e nem perguntes porquê
Não vou pedir para me vir
porque tinhas que te esforçar
para me fazer sentir
coisas que não dá para imaginar...
Bartolomeu:
(Está lindo, está, está)
Quero festas sim, Espetinha
e quero mamadas também
E se me deres a ratinha
não digo nada a ninguém
Esquecer-te seria impossível
Mesmo sem dares o traseiro
Já me fodeste o fusível
Olha que eu não sou paneleiro
E se pedires para te vir,
com toda a convicção
Asseguro-te, não me vou rir
vou-te inundar o conão
(tá lindo, tá, tá)
espectacologica:
Tu podes querer até o mundo
que não metes nenhum medo
porque sei que lá no fundo
tu queres é meter o dedo
Tu não me queiras foder
com as rimas do caralho
porque eu posso querer
e dar-te muito trabalho
Bate as tuas punhetas
e deixa-me rir sossegada
não me venhas lá com tretas
que não te levam a nada...
eheheheheheheheheh
O pano caiu sem saber se isto ia dar em alguma coisa... mas voltou a abrir para o Bartolomeu dar mais uma:
Se não me levam a nada
Que estou aqui a fazer?
Com esta rima falhada
que não te faz convencer?
Talvez eu tenha pensado
que te pudesse convençer
afinal estava enganado
és um osso duro de roer
Assim sendo minha amiga
Fica-me o ensinamento
Nunca é pela fadiga
que se conquista o sentimento
Vou prestar mais atenção
às atitudes sensatas
Vou deixar o palavrão
e as palavras baratas
Ao abrigo do direito de resposta mirandesa...
espectacologica:
Então e eu, caralho?
Posso rimar e isso
bacalhau com alho
e pão com chouriço
Esta São é muito louca
e fez disto um post
Bartolomeu mete a touca
e faz-me coisas que goste
Deixaste o palavrão
mas continuas a querer
uma gaja do tipo avião
que te consiga entreter
E agora vou bazar
antes que tu aqui voltes
ou terei que esgalhar
algo que tu gostes
Hoje acordei de mansinho
e que encontro eu aqui?
da Espeta mais um versinho
como que a chamar por mim
E rogado não me faço
a essa provocação
e é já, sem embaraço
que tomo o caralho na mão
(ai... a pena, quero dizer)
É de fodas que se fala?
de beijos e coiso e tal?
Tudo aquilo que se entala
e não aparece no jornal?
Ora aqui estou minha amiga
com o tesão habitual
Para te coçar a barriga
numa foda virtual
Nada melhor p'ra acordar
que um figuinho de mulher
Mal o caralho empinar
É só meter... só meter
Agora vou à banhoca
e fazer o barbear
Mas antes quero lamber
essa cona de tarar
O banho pode esperar
e a barba... que se foda
vamos lá mas é mocar
de manhã e a tarde toda
espectacologica:
Lamento ter-te deixado
toda a manhã a secar
mas deves ter esgalhado
sem tempo para pensar.
Isso de fodas virtuais
é muito giro, muito bonito
mas não me põe aos ais
nem me vem coçar o pito...
Mas se tu queres saber
não te estou a provocar
limito-me a responder
e ver quando vais parar.
Porque segundo a teoria
tu é que tens que insistir
eu controlo-te a euforia
sem te deixar desistir...
Isso do tesão de mijo
logo de manhã é chato
está ele teso e rijo
e sem precisar do tacto.
A esta hora o caralho
deve estar todo em pulgas
só que isto dá trabalho
mas o que é que tu julgas?
Pois conversa lá tens tu
ó popular Bartolomeu
mas esta rima tem cu
e quem o mete sou eu...
Bartolomeu:
Estás-me a foder e eu a ver,
espeta-o no cu, logica querida
Popular?! Está-se mesmo a ver
não me lixes mais a vida
A manhã toda esperei
pela tua cona sagrada
Três punhetas esfarrapei
e fui ao cu à criada
Mas agora que aqui estás
o meu caralho é só teu
Espeta o cu bem para trás
e geme... vem-te, Bartolomeu
E não temas meu amor
que a rima não tem fim
Hás-de pedir por favor
Para te vires toda em mim
(já começo a ficar de pau-feito)
espectacologica:
Tu queres festa, Bartolomeu
mas eu não sei foder assim
se espeto o cu que é meu
nunca mais te esqueces de mim
Se já estás de pau-feito
não tenho nada a ver com isso
bate mais três a preceito
mas não estragues o chouriço
Estás a ficar entusiasmado
e ainda não percebi com quê
não queiras ficar pasmado
e nem perguntes porquê
Não vou pedir para me vir
porque tinhas que te esforçar
para me fazer sentir
coisas que não dá para imaginar...
Bartolomeu:
(Está lindo, está, está)
Quero festas sim, Espetinha
e quero mamadas também
E se me deres a ratinha
não digo nada a ninguém
Esquecer-te seria impossível
Mesmo sem dares o traseiro
Já me fodeste o fusível
Olha que eu não sou paneleiro
E se pedires para te vir,
com toda a convicção
Asseguro-te, não me vou rir
vou-te inundar o conão
(tá lindo, tá, tá)
espectacologica:
Tu podes querer até o mundo
que não metes nenhum medo
porque sei que lá no fundo
tu queres é meter o dedo
Tu não me queiras foder
com as rimas do caralho
porque eu posso querer
e dar-te muito trabalho
Bate as tuas punhetas
e deixa-me rir sossegada
não me venhas lá com tretas
que não te levam a nada...
eheheheheheheheheh
O pano caiu sem saber se isto ia dar em alguma coisa... mas voltou a abrir para o Bartolomeu dar mais uma:
Se não me levam a nada
Que estou aqui a fazer?
Com esta rima falhada
que não te faz convencer?
Talvez eu tenha pensado
que te pudesse convençer
afinal estava enganado
és um osso duro de roer
Assim sendo minha amiga
Fica-me o ensinamento
Nunca é pela fadiga
que se conquista o sentimento
Vou prestar mais atenção
às atitudes sensatas
Vou deixar o palavrão
e as palavras baratas
Ao abrigo do direito de resposta mirandesa...
espectacologica:
Então e eu, caralho?
Posso rimar e isso
bacalhau com alho
e pão com chouriço
Esta São é muito louca
e fez disto um post
Bartolomeu mete a touca
e faz-me coisas que goste
Deixaste o palavrão
mas continuas a querer
uma gaja do tipo avião
que te consiga entreter
E agora vou bazar
antes que tu aqui voltes
ou terei que esgalhar
algo que tu gostes
21 setembro 2006
Diário dum Padre
Meu querido diário.
Faz hoje um ano que cheguei a esta paróquia, a primeira que me foi confiada, após a ordenação, pelo episcopado a quem devo obediência e com a qual iniciei a minha vida de sacerdote.
Se escrevo estas linhas é por uma absoluta necessidade de exprimir em de tinta todo um rio em turbulência que me afoga a alma.
Desde a altura em que cheguei iniciei a pouco e pouco os contactos com os meus paroquianos, visitando-os, inteirando-me assim das suas realidades.
Das suas dificuldades e incertezas.
Das suas alegrias, projectos e vitórias e também dos outros momentos, os menos bons e onde um sacerdote pode e deve ser a palavra de conforto e ajuda.
Foi deste modo que a conheci. Era então ainda viva a sua mãe com a qual morava.
Falámos uns minutos, soube que ela namorava um rapaz da terra e que estava ausente no estrangeiro. Voltaria para casar no ano seguinte. Agora, em princípio de vida, a prioridade dele era garantir os meios para o início de uma vida futura com desafogo. Fazia então, quando cheguei à terra, seis meses que ele partira.
Despedi-me das duas, a mãe pareceu-me um pouco doente já nessa altura, e cumpri a incontornável missão como guardião da fé expressa nas palavras para que estivessem presentes na celebração da missa do dia seguinte.
Na verdade, nunca mais faltou um só dia.
Nessa mesma noite, revi na solidão do meu quarto todos os ensinamentos que me tinham sido inculcados no Seminário até fazerem parte do meu quase inconsciente. A abnegação voluntária, o sacrifício dos prazeres da carne assumidos conscientemente em função da missão superior de ser um homem de Deus na Terra espalhando a sua palavra e obra, mormente pelo exemplo de vida e postura pessoal.
Lembrava-me da adolescência, das primeiras noites em que acordava em erecção e em que seguia as orações tendentes a afastar as tentações com que o Demo nos assaltava, e das mortificadoras sensações de culpa quando acordava molhado, desperto subitamente de sonhos inconfessáveis. Das penitências que cumpria dias a fio, nas primeiras vezes com os olhos postos no chão, com receio de enfrentar os meus superiores, como se eles pudessem num só olhar deslindar que eu me tinha deixado levar nos meus sonhos pelas sendas do pecado mortal do erotismo
Agora, ali estava eu novamente presa das tentações, mas desta vez com uma intensidade nunca antes experimentada. Sentia-a dentro de mim, a entrar-me por todos os poros
Ela falara uns minutos muito próxima de mim quando a mãe se ausentara indo buscar uma relíquia de família para que eu a apreciasse. Senti como uma força inexplicável nos atraía, e como eu me deixara embalar pelas suas palavras, pela sua voz generosa carregada de sensualidade. De como nos havíamos aproximado até ficarmos ao alcance do cheiro.
No momento da despedida, ela chegara o rosto para um beijo que eu, de nó na garganta, delicadamente transformara num beija-mão, muito embora tivéssemos ficado face com face. Inspirando os seus aromas de mulher, sentindo o latejar do seu coração no peito que subia ao ritmo de tudo o que lhe adivinhava debaixo da roupa.
Acordei várias vezes durante e noite.
Rezei!
Lavei-me com água fria, rezei novamente e finalmente adormeci. Num sono escuro de cansaço sem sonhos nem luz...
Levantei-me sobressaltado!
Olhei para o relógio. Estava quase na hora da primeira missa.
Sem mais enfiei-me na roupa, num salto entrei pela porta da sacristia, disse duas palavras rapidamente ao sacristão e quando cheguei ao altar tive como primeira visão, ajoelhada na primeira fila e ainda de cabeça baixa em oração; ela que me tinha feito passar a noite em claro.
Parei, ajeitando os paramentos e as coisas em cima do altar enquanto o meu olhar perscrutava a assembleia de devotos presentes, a maioria gente de idade mas também alguma, pouca, juventude.
Desviei novamente o olhar para os preparos em cima do altar e depois de relance para ela. Olhava para mim e sorria.
Senti o sangue ferver nas veias.
Meu Deus! Como me atacava o sentimento de culpa pelo prazer que sentia ao ter a minha mente a beber sofregamente do sorriso com que ela me brindava.
Todo eu exultava por dentro ao mesmo tempo que pedia perdão pelos pensamentos que me tomavam. Senti uma erecção e fechei os olhos, mas não pude controlar-me mais e num passo rápido desloquei-me à pequena casa de banho anexa à sacristia e pela primeira vez na vida, masturbei-me...
(continua)
Faz hoje um ano que cheguei a esta paróquia, a primeira que me foi confiada, após a ordenação, pelo episcopado a quem devo obediência e com a qual iniciei a minha vida de sacerdote.
Se escrevo estas linhas é por uma absoluta necessidade de exprimir em de tinta todo um rio em turbulência que me afoga a alma.
Desde a altura em que cheguei iniciei a pouco e pouco os contactos com os meus paroquianos, visitando-os, inteirando-me assim das suas realidades.
Das suas dificuldades e incertezas.
Das suas alegrias, projectos e vitórias e também dos outros momentos, os menos bons e onde um sacerdote pode e deve ser a palavra de conforto e ajuda.
Foi deste modo que a conheci. Era então ainda viva a sua mãe com a qual morava.
Falámos uns minutos, soube que ela namorava um rapaz da terra e que estava ausente no estrangeiro. Voltaria para casar no ano seguinte. Agora, em princípio de vida, a prioridade dele era garantir os meios para o início de uma vida futura com desafogo. Fazia então, quando cheguei à terra, seis meses que ele partira.
Despedi-me das duas, a mãe pareceu-me um pouco doente já nessa altura, e cumpri a incontornável missão como guardião da fé expressa nas palavras para que estivessem presentes na celebração da missa do dia seguinte.
Na verdade, nunca mais faltou um só dia.
Nessa mesma noite, revi na solidão do meu quarto todos os ensinamentos que me tinham sido inculcados no Seminário até fazerem parte do meu quase inconsciente. A abnegação voluntária, o sacrifício dos prazeres da carne assumidos conscientemente em função da missão superior de ser um homem de Deus na Terra espalhando a sua palavra e obra, mormente pelo exemplo de vida e postura pessoal.
Lembrava-me da adolescência, das primeiras noites em que acordava em erecção e em que seguia as orações tendentes a afastar as tentações com que o Demo nos assaltava, e das mortificadoras sensações de culpa quando acordava molhado, desperto subitamente de sonhos inconfessáveis. Das penitências que cumpria dias a fio, nas primeiras vezes com os olhos postos no chão, com receio de enfrentar os meus superiores, como se eles pudessem num só olhar deslindar que eu me tinha deixado levar nos meus sonhos pelas sendas do pecado mortal do erotismo
Agora, ali estava eu novamente presa das tentações, mas desta vez com uma intensidade nunca antes experimentada. Sentia-a dentro de mim, a entrar-me por todos os poros
Ela falara uns minutos muito próxima de mim quando a mãe se ausentara indo buscar uma relíquia de família para que eu a apreciasse. Senti como uma força inexplicável nos atraía, e como eu me deixara embalar pelas suas palavras, pela sua voz generosa carregada de sensualidade. De como nos havíamos aproximado até ficarmos ao alcance do cheiro.
No momento da despedida, ela chegara o rosto para um beijo que eu, de nó na garganta, delicadamente transformara num beija-mão, muito embora tivéssemos ficado face com face. Inspirando os seus aromas de mulher, sentindo o latejar do seu coração no peito que subia ao ritmo de tudo o que lhe adivinhava debaixo da roupa.
Acordei várias vezes durante e noite.
Rezei!
Lavei-me com água fria, rezei novamente e finalmente adormeci. Num sono escuro de cansaço sem sonhos nem luz...
Levantei-me sobressaltado!
Olhei para o relógio. Estava quase na hora da primeira missa.
Sem mais enfiei-me na roupa, num salto entrei pela porta da sacristia, disse duas palavras rapidamente ao sacristão e quando cheguei ao altar tive como primeira visão, ajoelhada na primeira fila e ainda de cabeça baixa em oração; ela que me tinha feito passar a noite em claro.
Parei, ajeitando os paramentos e as coisas em cima do altar enquanto o meu olhar perscrutava a assembleia de devotos presentes, a maioria gente de idade mas também alguma, pouca, juventude.
Desviei novamente o olhar para os preparos em cima do altar e depois de relance para ela. Olhava para mim e sorria.
Senti o sangue ferver nas veias.
Meu Deus! Como me atacava o sentimento de culpa pelo prazer que sentia ao ter a minha mente a beber sofregamente do sorriso com que ela me brindava.
Todo eu exultava por dentro ao mesmo tempo que pedia perdão pelos pensamentos que me tomavam. Senti uma erecção e fechei os olhos, mas não pude controlar-me mais e num passo rápido desloquei-me à pequena casa de banho anexa à sacristia e pela primeira vez na vida, masturbei-me...
(continua)
«A maledicência foi dada ao homem não só como estímulo mas também como distracção; porque é comentando os ridículos dos outros que o homem aprende a corrigir os seus, e é deformando a monotonia da vida pela troça que ele consegue fugir à tristeza da realidade agreste que o rodeia.»
Fialho de Almeida - Ovos Moles e Mexilhões. Bisbilhotice Mensal D´Aveiro
N.º 1 – Março de 1893, Pág. {3}
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