Estava eu posta em sossego na deliciosa leitura de Appio Sottomayor, naquela parte em que ele recorda como as vinhas do Poço do Bispo foram as maiores do país, por nelas entrarem 100 hectolitros de vinho e de lá sairem 1000 (*), quando do Poço do Borratém chega um amigo meu a querer brotar faladura.
Que estava ele ali pacato, a tomar umas notas num caderninho, à porta da Junta de Freguesia que supunha uma instituição de respeito, quando uns olhos esverdeados vivaços nos seus vinte e pouco anos, emoldurados numa farta cabeleira morena e ostentando uma prateleira de alto lá com ela, que bem vistas as coisas compunham um pedação de mulher com todos os apetrechos no sítio, numa manobra de marketing directíssimo lhe mete a mão direita ao dito cujo e sopesando-o, convida-o a acompanhá-la. Instado a reagir assim de supetão ele ainda se deteve a avaliar os contornos da oferta que a testosterona não se cala assim sem medições mas acabou por balbuciar que a máquina não estava operacional, largando ela imediatamente o que era dele e virando costas a balouçar uma mimosa pêra de nádegas.
À surpresa dele que rogava uma explicação apenas respondi que do embate não lhe tinham resultado danos e se dúvidas tinha quanto ao estado da próstata que corresse à farmácia a fazer o teste da picada no dedo que sempre é menos intrusivo que o tradicional.
(*)Appio Sottomayor, O Poço da Cidade - Crónicas Lisboetas, vol. I, pp.198-199)