29 março 2007

Leque Vermelho-Sangue



PIERRE SAGE
Fotógrafo francês

via
Freshnudes

Carta secreta de Soror Mariana ao cavaleiro de Chamilly - IV



Escreveu Soror Mariana na sua cela:
Por vós, meu amado cavaleiro, pecadora me tornei.
Quebrei votos e juramentos.
E são tão libidinosos e pecaminosos meus pensamentos...
Que juro-vos, meu amor, minha alma não tem salvação.
Mesmo quando rezar eu tento,
É a vós que eu vejo.
E logo meus lábios se juntam num beijo
Meus dentes se cerram de desejo
De vossas coxas morder,
E minha boca, num gemido, diz vosso nome,
Não uma oração.
Se me pudésseis ver agora, meu cavaleiro, meu amor,
Verias como palpita o meu peito
Como se arqueiam minhas ancas
Como pronta estou para vos receber.
Ah… Como eu anseio a vossos pés poder ajoelhar
Correr meus dedos, não pelo terço, mas por vossa lança
E morrer trespassada pela vossa espada nestas lajes frias.
Onde por vós eu clamo, na hora em que soam as Avé-Marias.

Resposta do cavaleiro de Chamilly:

Ah Mariana… Se soubésseis o efeito que em mim causou
Ler vossas palavras tão cheias de desejos e fantasias…
E não podia, Mariana, não podia…
Ao lê-las, logo tocando vossos seios me imaginei
E a vós de joelhos senti, tocando minhas virilhas.
E mesmo preso, por vós, meu sexo se agigantou
Fiquei em fogo, ruboresci, todo eu tremia.
E não podia, Mariana, não podia…
Não podeis imaginar a confusão que se gerou.
A capa nada cobria, era curta, pois estamos no Verão,
E mesmo cruzando as pernas o vulto enorme se via.
Duas damas desmaiaram ao notarem o que eu tentava ocultar,
E tive de sair correndo, apontado a dedo, o sexo teso,
Da recepção a que assistia no Solar da Viscondessa,
Minha tia.
E não devia, Mariana, não devia…

Foto: Rafal Bednarz

Encandescente
Blog Erotismo na Cidade
Três livros de poesia publicados («Encandescente», «Erotismo na Cidade» e «Palavras Mutantes») pelas edições Polvo (para já...).
Crica aqui para leres a carta anterior. Ou aqui para relembrares as cartas I e II, bem como a nossa ida memorável a Beja, ouvir a leitura da carta III pela Gisela Cañamero em frente à janela do convento.

Viajar é preciso...


ilustração: daqui


Tenho na pele
Umas gotas leves.
De sal e de mar
Das quais eu sou feita.
Deste querer foder
Que a todo momento espreita,
Espuma, que a rebentar,
na tua maré-cheia se ajeita…
Escorre a seiva
pelas minhas coxas nuas
Umas gotas - navio
Da tua língua madura,
Em assaltos de pressa
No acostar que eu não quero.
Sabes do meu rio,
Abrigo e enseada.
Desejo profundo,
Descanso e chegada…
Mas sabes das velas
Que se enchem de aragem
Não é o porto o desejo delas
Mas o durar da viagem...

Margarida.

Projecto Y

Colecção de fotografias


















Outras Coisas

28 março 2007

À cause des mouches


Quando é apenas para dar uma quecas qualquer gajo com um rolo de fita adesiva na boca para evitar que diga banalidades e um saco enfiado na porção que nos custar mais a encarar serve, porque a bem dizer, desde que aquela parte que lembra o elefante que toca a sineta no Jardim Zoológico funcione, que se dane o resto.

Embuída nesta sabedoria popular lá seleccionei uns candidatos naqueles clubes de amizade netianos que não escarrapacham na página de entrada "112 de fodas rápidas" apenas para arrebanhar como peixe tudo o que venha à rede. Mas o meu mau feitio foi mais forte e comecei por eliminar todos os que não alinhavavam duas frases seguidas e os que usavam o cê cedilhado em palavras como você. Ficaram pouquinhos e aí o critério foi o ananim ananão ficas tu e eu não.

Redigi ao sorteado uma mensagem a marcar um encontro, para um cafezinho como vem nas regras da etiqueta e foi fácil localizá-lo à porta do estabelecimento naquela posição característica de gajo que faz das suas mãos protecção de boladas. Lá fomos tomar algo para o estômago e para ganhar o espaço para desenrolar aquelas perguntas da praxe sobre a actividade profissional, os passatempos, os gostos gastronómicos e essas coisadas todas porque os gajos são muito sensíveis nisso e temos de lhes fazer crer que eles são especiais para nós pelas suas características próprias e nunca atirar-lhes de chofre com um gostava de te foder, vamos a isso? que é daquelas expressões que eles julgam ser um exclusivo masculino.

E como o gajo até tinha boa figura à vista desarmada, falara sem erros de pronúncia e tinha acesso à net, não me pareceu mal encaixado falar-lhe de blogues e da boa aceitação que tinha tido a imagem do pescoço de galinha o que o levou a recordar-se da casa da sua avó na província onde havia muitas galinhas e "piruns". Ao ouvir isto, o tímpano começou a dar-me vertigens e o estômago começou a revolver-se como se não conseguisse desmanchar os galináceos que se encaminhavam vertiginosamente para pressionar o meu esófago numa enxurrada prestes a sair pela boca e tive de deixar o mouro na costa murmurando que me devia ter parado a digestão.

CISTERNA da Gotinha



Fotonovela erótica de Alice no País das Maravilhas.

Manual de boxe: todas as regras e segredos postos a nu. Literalmente.


Vagina Origami pelo Mestre Sugoi

O resultado final deixa a desejar...


Outras Coisas

crica para visitares a página John & John de d!o

27 março 2007

Há falta de material novo...

...volto à guerra com o velho.

Em tempos idos de algum fervor artístico revolucionário, fruto de uma juventude abundante em hormonas, decidi candidatar-me a alguns subsídios para produção e realização de uma peça cinematográfica, vulgo filme.
Enviei então um sketch videogravado de um dos meus argumentos e o guião completo de outro.
Nunca ninguém me contactou de volta.

Litofânios eróticos

Há compras que faço para a minha colecção que me deixam especial e abundantemente molhadinha.
Estas placas em porcelana vieram da Austrália (mas desconheço onde foram fabricadas). Extremamente finas (menos de 2mm de espessura), utilizam o relevo para, à contraluz, originarem zonas mais luminosas e zonas de sombra.
A este respeito, na Infopédia, aparece apenas «litofania», processo de obter efeitos de transparência na porcelana, no vidro opaco, etc. (do grego líthos, «pedra» + phaínein, «brilhar; transparecer»).
Com esta explicação não vamos longe. Mesmo da palavra inglesa «lithofane» não se encontra grande coisa. Vale-nos Ernesto Leibovich, especialista brasileiro em coleccionismo, que explica tudo nesta página: "Litofânio - Painel translúcido de porcelana biscuit em entaglio (desgaste selectivo), com decoração moldada visível somente quando colocado à luz. Processo introduzido em 1828. Pela sua beleza artística e fidelidade, assemelha-se a uma fotografia, sendo incluído nos chamados objectos pré-fotográficos (...)"


"O litofânio mais comum é formado por um painel fino e rectangular de porcelana chinesa, de aproximadamente sete a dez centímetros. Sem o reflexo da luz, a superfície do painel parece feita de rugas e depressões que formam uma pintura crua e meramente visível. No entanto, quando visto contra uma luz forte, as cenas magicamente ganham vida e aparecem como o efeito de meia-tinta. A transformação da superfície feia e irregular numa pintura subtilmente graduada de luz e sombra é uma revelação (...)"






Que tal? Hmmm...?

Desejo




Rudolf A. Mentaer

A queda de um mito...


Ora aqui está o gato escondido com o rabo de fora. Nestas coisas da intramete, este pessoal é sempre (?) bem "aviado de mercearia". No entanto...

26 março 2007

As noites claras II

Por Charlie

-...A primeira vez é a que custa.....-

Despertou estranhamente muito antes do que esperara ser acordada conforme horas antes lhe pedira. Ainda sentia a cabeça dorida da noitada anterior e voltou-se longamente para outro lado derramando o corpo sobre a maciez dos lençóis. Tornou a fechar os olhos voltando a abri-los numa fina tira, apenas a linha que liga o sono ao despertar, por onde observava as lâminas de luz que das persianas traziam fatias quase imperceptíveis do dia para dentro do quarto.
Durante os minutos soltos da semi-vigilia, apontamentos vagos, meros fragmentos da sua vida passaram-lhe diante dos olhos. A aldeia, a sua mãe, a escola na Vila e os primeiros insípidos namorados, e depois a vinda para Lisboa. Para a Universidade onde nunca chegara a completar todas as cadeiras do primeiro ano. Veio-lhe com toda força a lembrança da primeira noitada de copos com uns colegas. Da doçura de ter feito amor com aquele pelo qual se havia apaixonado loucamente, e do amargo e profunda mágoa que lhe rasgara a alma quando ele mesmo, no meio de risadas e cerveja, e esfumadas as juras de amor ditas no auge, lhe pedira para ir também com os outros...
Rodou o corpo na cama e esfregou o púbis contra o lençol do colchão, olhos novamente fechados, arrastando a lembrança incómoda das lágrimas e o desespero que então lhe haviam tomado todo o ser quando se afastara a fugir e as semanas seguintes em que tudo fizera para esquecer-se dele, pesasse embora o inevitável de se encontrarem frente a frente entre as aulas por diversas ocasiões. Ele sempre devidamente acompanhado de novas namoradas que ela fingia não ver enquanto ostensivamente o ignorava. Desaparecia então o mais depressa que podia para o refúgio de si própria onde se alimentava da dor e da autocomiseração, chorando no seu quarto enquanto olhava para os livros sem ver..
Depois, cansada de tudo, num salto em frente, um outro namorado para esquecer a fogueira de mágoas daquela paixão, e outro a seguir, e outro. Fora ela mesmo quem mais tarde se rira de si própria e da sua ingenuidade de jovem mulher quase ainda adolescente quando descobrira as outras fronteiras que o sexo franqueava. Lembrou-se da angústia da primeira vez que abrira o corpo a um estranho, um homem que mal acabara de conhecer…
- A primeira vez é a que custa...- Levara esta frase dentro de si, quando tendo gasto todo o dinheiro que a mãe lhe enviara nas noitadas e paródias que se haviam tornado rotina, fora apertada pelo senhorio para pagar de imediato os três meses da renda do quarto que estavam em atraso. Olhara-a gulosamente enquanto ela saíra porta fora sem dar resposta mas ela nem lhe olhara para os olhos quando na manhã seguinte lhe tocara à campainha e entregara uma parte comprometendo-se a pagar o resto nos dias seguintes...

Levantou-se, subiu um pouco as persianas afogando em luz o quarto, remetendo os pensamentos para as fronteiras das memórias distantes, enquanto mordiscando os lábios apreciava ao espelho as formas ainda jovens do seu corpo seminu. Olhou para o telemóvel e inspirou. Tirou-o da bolsinha olhando através da fresta da porta do quarto para a sala, certificando-se que estava só.
Retirou a nota de duzentos Euro dobrada em quatro que havia separado das outras, horas antes deixadas em cima da mesa, e que o homem com quem vivia tinha guardado aquando da sua chegada.
Experimentou um breve sorrir.
Este cliente prometia...

(Continua)