15 abril 2007
14 abril 2007
Message received loud and clear
Ouve-se Jorge Palma, “O meu amor existe”, num som roufenho de fundo de poço. O piano parece que está a desintegrar-se e ele parece que está dormente, quase a dormir.
A mulher bate no ombro do homem e pergunta:
– Há quanto tempo não fazemos amor?
Em silêncio, ele tira a mão direita do teclado, coça as sobrancelhas com a ponta dos dedos, num movimento centrífugo, primeiro a direita e depois a esquerda, e pousando o cotovelo na secretária, apoia a cabeça na mão, que coloca debaixo do queixo. Com o polegar e o indicador da mão esquerda, conclui os Alt F4 que começara logo que ela se aproximara, fica com este texto e a musica que, entretanto, mudou aleatoriamente. Lloyd Cole, “Jennifer, she said”.
– Estou a escrever – justifica-se, sem olhar para ela.
– Estás a escrever, agora – diz ela, sentando-se no braço do sofá. Deixa-se cair para trás. – E ontem? E anteontem? E na semana passada? E na outra?
O homem ouve em silêncio e, deixando de a sentir atrás de si, vira a cabeça para um lado e para o outro, procurando-a. Vê-lhe as pernas nuas a caírem do braço do sofá, adivinha-lhe a posição e sorri. Fecha definitivamente o Messenger e o Firefox. Hesita quanto a este texto e ao Media Player, que mantém aberto. Altered Images, “Don’t talk to me about love”.
– Não sei – recomeça ele, mais seguro de si, depois de fechados os programas que o embaraçavam. – Há quanto tempo não fazemos amor?
Ela não responde. Ele não insiste.
Radiohead, “No surprises”.
Ele fecha o Word, sem gravar as alterações ao texto que não estava a escrever. Fica com a música e pergunta:
– Desligo?
– Acho que já desligaste há muito tempo – declara ela num fio de voz.
Ele sente, mas ignora a provocação e levantando-se, repete:
– Desligo? – Em pé, vira-se para o sofá, vê-a deitada, nua, e ouve-se insistir, como se não fosse ele tivesse falado: – Desligo a música?
Até a ele, enquanto se olhavam os dois nos olhos, ela nua, com um sorriso triste, prostrada, ele fingindo um desinteresse que não sentia, mas com um brilho nos olhos que não escondia, a frase soara como uma sentença, mas não a conseguiu remediar e permaneceu calado, olhando-a, arrependido, num olhar que ela entendeu de desafio.
– Deixa estar – respondeu ela, com um nó na garganta.
– Vou-me deitar – informou. Calou o convite “Vens?” e perguntou, definitivo: – Apago a luz?
The Smiths, “Unloveable”.
– Apaga!
A mulher bate no ombro do homem e pergunta:
– Há quanto tempo não fazemos amor?
Em silêncio, ele tira a mão direita do teclado, coça as sobrancelhas com a ponta dos dedos, num movimento centrífugo, primeiro a direita e depois a esquerda, e pousando o cotovelo na secretária, apoia a cabeça na mão, que coloca debaixo do queixo. Com o polegar e o indicador da mão esquerda, conclui os Alt F4 que começara logo que ela se aproximara, fica com este texto e a musica que, entretanto, mudou aleatoriamente. Lloyd Cole, “Jennifer, she said”.
– Estou a escrever – justifica-se, sem olhar para ela.
– Estás a escrever, agora – diz ela, sentando-se no braço do sofá. Deixa-se cair para trás. – E ontem? E anteontem? E na semana passada? E na outra?
O homem ouve em silêncio e, deixando de a sentir atrás de si, vira a cabeça para um lado e para o outro, procurando-a. Vê-lhe as pernas nuas a caírem do braço do sofá, adivinha-lhe a posição e sorri. Fecha definitivamente o Messenger e o Firefox. Hesita quanto a este texto e ao Media Player, que mantém aberto. Altered Images, “Don’t talk to me about love”.
– Não sei – recomeça ele, mais seguro de si, depois de fechados os programas que o embaraçavam. – Há quanto tempo não fazemos amor?
Ela não responde. Ele não insiste.
Radiohead, “No surprises”.
Ele fecha o Word, sem gravar as alterações ao texto que não estava a escrever. Fica com a música e pergunta:
– Desligo?
– Acho que já desligaste há muito tempo – declara ela num fio de voz.
Ele sente, mas ignora a provocação e levantando-se, repete:
– Desligo? – Em pé, vira-se para o sofá, vê-a deitada, nua, e ouve-se insistir, como se não fosse ele tivesse falado: – Desligo a música?
Até a ele, enquanto se olhavam os dois nos olhos, ela nua, com um sorriso triste, prostrada, ele fingindo um desinteresse que não sentia, mas com um brilho nos olhos que não escondia, a frase soara como uma sentença, mas não a conseguiu remediar e permaneceu calado, olhando-a, arrependido, num olhar que ela entendeu de desafio.
– Deixa estar – respondeu ela, com um nó na garganta.
– Vou-me deitar – informou. Calou o convite “Vens?” e perguntou, definitivo: – Apago a luz?
The Smiths, “Unloveable”.
– Apaga!
A língua é para ser bem utilizada!

Bikini's College
Vejam os videos promocionais com os problemas dos franceses para se entenderem com as inglesas («il est venu...», «... il a vu...» e «et... il a parti»)... e as aulinhas de inglês para franceses. Recomendo especialmente o video «Learning is sexy», em que tudo ia tão bem...
13 abril 2007
Julião

Conheci-o numa pista de dança, entre fumo, decibéis e olhos a piscarem. Destacava-se entre os demais, pés colados ao caleidoscópio do piso, enquanto todo o corpo abanava saindo dele, a um tempo, a rotação e a translação da terra. Fechava os olhos e acolhia um continente inteiro nos braços abertos, enquanto as ancas erotizavam o ritmo da música.
Pista cheia em noite de sexta-feira, cheiro a corpos já transpirados mas ainda com o aroma frutado do duche que antecedeu os arranjos ao espelho, ensaio de gestos semanais nos outros, os que imitavam a natureza enraízada dos genuínos. Fiquei colada ao movimento que saía daqueles poros castanhos, enquanto o tecto rodopiava sobre a minha cabeça, um pouco entontecida de gins tónicos e cigarros. Colada aos olhos que piscavam, os meus pela cinza do fumo que envolvia já os pensamentos, os dele pela tontura cega que saía dos meus, segui em hipnose até ao centro da pista e enlacei-me nele. Enlacei o aroma achocolatado da pele molhada, o colorido dos panos e o som das mornas sob o sol queimado. Enlacei um corpo quente a colar-se ao meu e fechei os olhos para sentir o ir e vir das ancas que eram uma só. Julião correspondeu ao meu abraço e levantou-me no ar, primeiro, pousando-me depois na sua frente, olhos nos olhos ao sabor da música que não parava, não parou a noite inteira, entrando eu na euforia da dança ou a dança em mim, que a destrinça era difícil e a embriaguez impossibilitava o discernimento.
Pista cheia em noite de sexta-feira, cheiro a corpos já transpirados mas ainda com o aroma frutado do duche que antecedeu os arranjos ao espelho, ensaio de gestos semanais nos outros, os que imitavam a natureza enraízada dos genuínos. Fiquei colada ao movimento que saía daqueles poros castanhos, enquanto o tecto rodopiava sobre a minha cabeça, um pouco entontecida de gins tónicos e cigarros. Colada aos olhos que piscavam, os meus pela cinza do fumo que envolvia já os pensamentos, os dele pela tontura cega que saía dos meus, segui em hipnose até ao centro da pista e enlacei-me nele. Enlacei o aroma achocolatado da pele molhada, o colorido dos panos e o som das mornas sob o sol queimado. Enlacei um corpo quente a colar-se ao meu e fechei os olhos para sentir o ir e vir das ancas que eram uma só. Julião correspondeu ao meu abraço e levantou-me no ar, primeiro, pousando-me depois na sua frente, olhos nos olhos ao sabor da música que não parava, não parou a noite inteira, entrando eu na euforia da dança ou a dança em mim, que a destrinça era difícil e a embriaguez impossibilitava o discernimento.
E quem desejava o discernimento naquela noite feita de ritmos e afagos, eu?, ele?, alguém ali na pista queria parar para pensar um pouco no dia seguinte ou no dia anterior ou apenas num pequeno pedaço de tempo que não fosse o da oposição alternada da luz, entrelaçada no som e nos movimentos do corpo?
Apaixonei-me. E vivi, numa noite, o ritmo e a cor inteira de um continente para além do meu.
Apaixonei-me. E vivi, numa noite, o ritmo e a cor inteira de um continente para além do meu.
CISTERNA da Gotinha

A do NikonMan será maior?! Ó Mad...
Quando é que a loja da Funda começa a vender t-shirts destas?
Vídeo: Salma Hayek sabe dançar!
Cecilia Bonelli é uma morena da Argentina.
Juliana Paes continua a dar que falar. E fala Português.
Quando é que a loja da Funda começa a vender t-shirts destas?
Vídeo: Salma Hayek sabe dançar!
Cecilia Bonelli é uma morena da Argentina.
Juliana Paes continua a dar que falar. E fala Português.
12 abril 2007
Sanctorum - de JAM Montoya
Lembram-se de a Gotinha nos ter apresentado aqui o livro «Sanctorum», de JAM Montoya? E de nos ter informado que este livro criou recentemente uma enorme polémica em Espanha? Pelos vistos não é só em Portugal que há atraso. É que o livro foi editado para uma exposição feita na Primavera de 2003, em Valência... e pelos vistos só agora, passados 4 anos, o PP teve conhecimento e se ofendeu com as imagens sexuais explícitas de «Sanctorum». Tudo como pretexto, pelo menos na minha óptica, para atacar o PSOE. Mas, como sabeis, a minha política é a política do car... trabalho.
JAM Montoya desnuda a religião, mostrando como esta retalia e torna pecaminosa a sexualidade. Assume que entra em transgressão e que fica exposto à censura. Compreende-se que para alguns isso não seja arte. Mas muitos desses acharam os ataques às caricaturas de Maomé uma loucura fundamentalista!
Aos que fogem a preconceitos e procuram visões diferentes do mundo, recomendo o livro. Para além das imagens, os textos introdutórios e o "epílogo de um herege". O livro acaba com uma frase do próprio JAM Montoya:
"A razão é simples: não posso subtrair-me a realizar o que excita a minha imaginação e contribuir para desmontar esta farsa que desde sempre tem negado, de maneira hipócrita, o que biologicamente nos foi concedido, ainda que por isso a sombra me continue a cobrir"

A capa do livro, em tecido cor de vinho, remete de imediato para um enquadramento religioso.

A amável dedicatória de JAM Montoya, para um dos exemplares que comprei para a minha colecção
JAM Montoya desnuda a religião, mostrando como esta retalia e torna pecaminosa a sexualidade. Assume que entra em transgressão e que fica exposto à censura. Compreende-se que para alguns isso não seja arte. Mas muitos desses acharam os ataques às caricaturas de Maomé uma loucura fundamentalista!
Aos que fogem a preconceitos e procuram visões diferentes do mundo, recomendo o livro. Para além das imagens, os textos introdutórios e o "epílogo de um herege". O livro acaba com uma frase do próprio JAM Montoya:
"A razão é simples: não posso subtrair-me a realizar o que excita a minha imaginação e contribuir para desmontar esta farsa que desde sempre tem negado, de maneira hipócrita, o que biologicamente nos foi concedido, ainda que por isso a sombra me continue a cobrir"
A capa do livro, em tecido cor de vinho, remete de imediato para um enquadramento religioso.
A amável dedicatória de JAM Montoya, para um dos exemplares que comprei para a minha colecção
Bonecada
A Barbie é a boneca que mais me irrita.
Fui menina de brincar com bonecas de trapo e bonecas já só com um olho herdadas da minha irmã mais velha e até com algumas barriguitas. Não tive bonecas com carro, nem com roulote nem com acessórios pirosos. Por isso, é com agrado que descubro o aparecimento da Barbitch.
A boneca apresenta-se em várias versões: a freira maluca, a que faz xixi, a fã de bondage e até a indomável cowgirl.
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