15 abril 2007

Direitos dos Homossexuais

"Francisco Pinto Balsemão, presidente da SIC, vai ficar para a história como o primeiro patrão de uma empresa de media portuguesa a permitir uma licença de casamento a um trabalhador homossexual.
O patrão da SIC intercedeu junto dos Recursos Humanos da estação para que Nuno D., pivô da SIC Notícias, gozasse de licença de casamento, apesar de a lei portuguesa não o permitir, já que se trata de uma união entre pessoas do mesmo sexo."
CM

Qual é o patrão que se segue?!

O número mágico


Como se não bastasse trabalhar num banco e constantemente discorrer com prosápia sobre os empréstimos com um spread de 0%, ainda era adepto dos produtos alimentares com 0% de açúcar e das bebidas com 0% de álcool para se manter saudável e em forma, que um homem prevenido vale por dois.

Só que naquela noite eu devia estar 100% alcoolizada e vá de me embrulhar com aquele zero à esquerda, um trintão almofadado na responsabilidade zero que a casinha dos pais lhe proporcionava. O calor do Jack Daniels no lusco-fusco de um bar depois das zero horas baixa consideravelmente as minhas exigências e os dedos relaxantes do fulano na região cervical, enquanto me sussurrava nem sei bem o quê, massajaram-me o ego para dar o aval para a fase seguinte.

Começou por se despir num ápice que não me aqueceu nem arrefeceu e desatou numa palpação trapalhona de nula eficácia até tombar sobre mim, para nuns escassos minutos ganhar a partida por uma bola a zero. Depois, num sorriso angélico quase como se as suas pestanas batessem intermitentemente, jorrou aquela pergunta de circunstância do se tinha sido bom para mim e como os graus negativos me congelam, sugeri que aquele fosse o minuto zero e nada antes existisse, enquanto me soerguia da cama para vestir.

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O pãozinho das Caldas da Rainha ...


- Queres rosca?
- Toma!

10 brinquedos temáticos

Aqui


















Outras Coisas

14 abril 2007

Message received loud and clear

Ouve-se Jorge Palma, “O meu amor existe”, num som roufenho de fundo de poço. O piano parece que está a desintegrar-se e ele parece que está dormente, quase a dormir.
A mulher bate no ombro do homem e pergunta:
– Há quanto tempo não fazemos amor?
Em silêncio, ele tira a mão direita do teclado, coça as sobrancelhas com a ponta dos dedos, num movimento centrífugo, primeiro a direita e depois a esquerda, e pousando o cotovelo na secretária, apoia a cabeça na mão, que coloca debaixo do queixo. Com o polegar e o indicador da mão esquerda, conclui os Alt F4 que começara logo que ela se aproximara, fica com este texto e a musica que, entretanto, mudou aleatoriamente. Lloyd Cole, “Jennifer, she said”.
– Estou a escrever – justifica-se, sem olhar para ela.
– Estás a escrever, agora – diz ela, sentando-se no braço do sofá. Deixa-se cair para trás. – E ontem? E anteontem? E na semana passada? E na outra?
O homem ouve em silêncio e, deixando de a sentir atrás de si, vira a cabeça para um lado e para o outro, procurando-a. Vê-lhe as pernas nuas a caírem do braço do sofá, adivinha-lhe a posição e sorri. Fecha definitivamente o Messenger e o Firefox. Hesita quanto a este texto e ao Media Player, que mantém aberto. Altered Images, “Don’t talk to me about love”.
– Não sei – recomeça ele, mais seguro de si, depois de fechados os programas que o embaraçavam. – Há quanto tempo não fazemos amor?
Ela não responde. Ele não insiste.
Radiohead, “No surprises”.
Ele fecha o Word, sem gravar as alterações ao texto que não estava a escrever. Fica com a música e pergunta:
– Desligo?
– Acho que já desligaste há muito tempo – declara ela num fio de voz.
Ele sente, mas ignora a provocação e levantando-se, repete:
– Desligo? – Em pé, vira-se para o sofá, vê-a deitada, nua, e ouve-se insistir, como se não fosse ele tivesse falado: – Desligo a música?
Até a ele, enquanto se olhavam os dois nos olhos, ela nua, com um sorriso triste, prostrada, ele fingindo um desinteresse que não sentia, mas com um brilho nos olhos que não escondia, a frase soara como uma sentença, mas não a conseguiu remediar e permaneceu calado, olhando-a, arrependido, num olhar que ela entendeu de desafio.
– Deixa estar – respondeu ela, com um nó na garganta.
– Vou-me deitar – informou. Calou o convite “Vens?” e perguntou, definitivo: – Apago a luz?
The Smiths, “Unloveable”.
– Apaga!

A língua é para ser bem utilizada!


Bikini's College

Vejam os videos promocionais com os problemas dos franceses para se entenderem com as inglesas («il est venu...», «... il a vu...» e «et... il a parti»)... e as aulinhas de inglês para franceses. Recomendo especialmente o video «Learning is sexy», em que tudo ia tão bem...

Sara Santos





Sara Santos - Miss Playboy Portugal

Bom fim de semana



Foto: David Waldvogel

13 abril 2007

Julião


Conheci-o numa pista de dança, entre fumo, decibéis e olhos a piscarem. Destacava-se entre os demais, pés colados ao caleidoscópio do piso, enquanto todo o corpo abanava saindo dele, a um tempo, a rotação e a translação da terra. Fechava os olhos e acolhia um continente inteiro nos braços abertos, enquanto as ancas erotizavam o ritmo da música.
Pista cheia em noite de sexta-feira, cheiro a corpos já transpirados mas ainda com o aroma frutado do duche que antecedeu os arranjos ao espelho, ensaio de gestos semanais nos outros, os que imitavam a natureza enraízada dos genuínos. Fiquei colada ao movimento que saía daqueles poros castanhos, enquanto o tecto rodopiava sobre a minha cabeça, um pouco entontecida de gins tónicos e cigarros. Colada aos olhos que piscavam, os meus pela cinza do fumo que envolvia já os pensamentos, os dele pela tontura cega que saía dos meus, segui em hipnose até ao centro da pista e enlacei-me nele. Enlacei o aroma achocolatado da pele molhada, o colorido dos panos e o som das mornas sob o sol queimado. Enlacei um corpo quente a colar-se ao meu e fechei os olhos para sentir o ir e vir das ancas que eram uma só. Julião correspondeu ao meu abraço e levantou-me no ar, primeiro, pousando-me depois na sua frente, olhos nos olhos ao sabor da música que não parava, não parou a noite inteira, entrando eu na euforia da dança ou a dança em mim, que a destrinça era difícil e a embriaguez impossibilitava o discernimento.

E quem desejava o discernimento naquela noite feita de ritmos e afagos, eu?, ele?, alguém ali na pista queria parar para pensar um pouco no dia seguinte ou no dia anterior ou apenas num pequeno pedaço de tempo que não fosse o da oposição alternada da luz, entrelaçada no som e nos movimentos do corpo?
Apaixonei-me. E vivi, numa noite, o ritmo e a cor inteira de um continente para além do meu.