A gente olha para um gajo e pensa: que PÃO! Ui, com a fominha que tenho…
Depois passa-nos assim uma coisa pela vista e pronto, lá vêm os males todos em catadupa: o pão tem glúten e às vezes bastam os hidratos de carbono em excesso para começar a desgraça; o leite tem caseína – dizem que mamar é coisa só mesmo para os bezerros; os doces têm açúcar, mas mesmo com edulcorante parece que não resulta porque aquilo que é alternativo faz ainda pior do que quando é ao natural; a carne é louca, o peixe tem mercúrio, os legumes crus têm resíduos agrotóxicos, o churrasco têm benzopirenos, o ovo tem colesterol, a salsicha tem gordura, a fibra enche o intestino, as coberturas são artificiais, a cafeína cria dependência, os aditivos são cancerígenos, os intensificadores de sabor provocam mal estar e palpitações, os conservantes provocam reacções alérgicas, um cachorro quente vem com aquele excesso de ketchup, para não falar nas gorduras saturadas de uma fatia especial de bacon, a meio de uma espetada mista ...
Raios! Nem uma fatiazinha de pão magro?
Qualquer dia estamos assépticas, ingerimos coisas inócuas como iogurtes magros e saladas de alface sem tomates, passamos a vida a fazer caminhadas para perder quilos, a olhar para eles, musculados que nem cavalos, esticadinhos nas flexões, agarrados àqueles troncos provocatórios dos mini-circuitos de manutenção dos parques das cidades. E litros de água... que é para andarmos sempre a fazer aquela triste figura do "desculpas-me uns minutos... é que tenho de ir à casinha!"
É que nem uma bejeca atoladinha de espuma a deixar marcas nos lábios!
E nem a porra de um cigarrito na boca, para não corrermos o risco de exibir em público um objectozinho fálico que dantes era apanágio masculino e que as mulheres tão bem souberam transformar em glamour, quando cruzam a perna e … olham para o PÃO sem lhe poderem tocar antes de lhe conhecerem o conteúdo nutricional…
Puta de vida!