27 maio 2007

Caixa alta


No tempo em que as últimas notícias eram espalhadas pelos furinhos de uma fita amarela igual à do telex que usava, tu eras a crónica dos meus dias.

Não precisei que um passarinho me contasse da tua disponibilidade, tal era a obsessão de te pesquisar todos os meandros como se fosses a cacha e me coubesse ser a tua máquina fotográfica, pendurada no teu pescoço e colada ao teu corpinho. Ouvia da tua língua a explicação da escolha dos ângulos para cada fotografia e acabei siderada com o teu alcance quando a tua língua amiga me fez explodir logo nos minutos iniciais da primeira entrevista. Registei os teus depoimentos de boca aberta mais na faixa do meio do meu peito e como se fora uma cassete, no evidente lado A ou na pista alternativa, até à exaustão do nosso assunto.

Não sinto remorsos se me deitar com mais 333 homens que a paginação de cada cicatriz, de cada ruga, são paixão impressa no rosto e a cura dos ciúmes.