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Outras Coisas
07 outubro 2007
06 outubro 2007
ArtCore - Happening Erótico da Beira Interior
A Beira Interior já não é o que era... e ainda bem!
E a Universidade da Beira Interior tem um valor extraordinário na reanimação do «lado de trás da Serra».
A AAUBI (Associação Académica da Universidade da Beira Interior) surpreende-nos agora com a organização do ArtCore, de 8 a 21 de Novembro.
O programa é variadíssimo. Entre a «Sessão de aberturas» - no dia 8 - e o concerto ao vivo com «The Legendary Tiger Man» em simultâneo com exibição de montagem de películas eróticas e pornográficas - no dia 21 de Novembro - há cinema (de que destaco a exibição de películas pornográficas encomendadas para a corte de Afonso XIII sonorizadas por alunos da EPABI), concertos de música, exposições, debates, gastronomia, recitais de poesia, workshops e concursos ("EROSFOTICO" e "FELLMÓVEL").
É de elogiar também a distribuição dos eventos por várias cidades: Covilhã, Salamanca, Castelo Branco, Fundão e Guarda.
A funda São apoia e aplaude este evento.
E a Universidade da Beira Interior tem um valor extraordinário na reanimação do «lado de trás da Serra».
A AAUBI (Associação Académica da Universidade da Beira Interior) surpreende-nos agora com a organização do ArtCore, de 8 a 21 de Novembro.
O programa é variadíssimo. Entre a «Sessão de aberturas» - no dia 8 - e o concerto ao vivo com «The Legendary Tiger Man» em simultâneo com exibição de montagem de películas eróticas e pornográficas - no dia 21 de Novembro - há cinema (de que destaco a exibição de películas pornográficas encomendadas para a corte de Afonso XIII sonorizadas por alunos da EPABI), concertos de música, exposições, debates, gastronomia, recitais de poesia, workshops e concursos ("EROSFOTICO" e "FELLMÓVEL").
É de elogiar também a distribuição dos eventos por várias cidades: Covilhã, Salamanca, Castelo Branco, Fundão e Guarda.
A funda São apoia e aplaude este evento.
05 outubro 2007
Bom fim de semana
Foto: Martin Kovalik
Ata
Ata olhou uma vez mais para o vulto que a noite absorvia com uma quase sofreguidão à medida que ele se afastava um pouco destacado no grupo dos outros homens.
Na caverna, de repente tornada enorme, os restantes membros da tribo ajeitavam-se em redor dos restos das fogueiras, projectando efémeras e grotescas sombras pelas paredes. Enormes e assustadores espíritos emergindo de impensáveis ancestralidades, eternos e intemporais...
Org voltou-se, fitando o olhar de Ata por um breve instante antes de sumir-se na escuridão que uma lua cheia prestes a romper o horizonte ainda não iluminava.
Iam para a caçada. Preparar as armadilhas para onde encaminhavam as peças a abater em salvas de flechas e machadadas. Todas as luas eles saíam passando vários dias e noites fora. Regressavam depois com a carne que elas, as mulheres, depois preparavam nas fogueiras.
Inspirou fundo e olhou mais uma vez para Cuítsh. Era jovem, tão jovem quanto ela e por isso ainda não ia às caçadas.
Org tinha-a trazido para ali trocando-a por outras mulheres da sua tribo, como de resto era hábito no vale onde ela tinha nascido. Chegara um dia ao acampamento onde vivera sempre com os pais. Com ele tantas mulheres como dedos ela tinha numa mão e, após longa discussão e entrega de objectos e amuletos de parte a parte, sentiu-se de repente no meio do grupo juntamente com mais quatro moças que com ela tinham crescido. Quase de imediato Org pegara-lhe no braço e pelo cabelo rindo-se enquanto no meio das lágrimas ela olhara numa súplica para a sua mãe que lhe acenara sem expressão alguma no rosto. O coração batera-lhe com violência e inicialmente, durante dias a fio, chorara no fundo da caverna sem comer nem beber e sem, ao menos, levantar os olhos de entre os braços onde mergulhara a cabeça.
Org era um homem bastante mais velho. Chegara por ferozes disputas a chefe da tribo e apresentava o corpo coberto de cicatrizes. Brusco e dominador, não se lhe conheciam filhos. Havia experimentado muitas mulheres e nunca alguma lhe dera descendência. Agora porém, desta vez estava exultante. Ata começara a mudar as formas do seu abdómen, tinha outro cheiro, e Org não cabia em si de contente. Nas últimas luas tinha aumentado a quantidade de caça trazida. Presenteava-a com as melhores partes das peças abatidas, saía para trazer-lhe frutos de cheiro e sabores doces e preparara-lhe agora um recanto com peles e penas confortáveis.
Suspirou mais uma vez e olhou para Cuítsh, disfarçando um curto sinal por entre as expressões veladas do rosto...
A lua enchia agora todo o vale a seus pés. Bem lá ao fundo, por entre ramos da vegetação algo rasteira, via-se por uma nesga a entrada da caverna.
Deitados ao lado um do outro, Cuítsh e Ata, de corpos gratos e suados, miravam o infinito sob o céu estrelado enquanto ela, de mão sobre o ventre, afagava o Neolítico em suaves passagens de Eternidade e poesia...
Na caverna, de repente tornada enorme, os restantes membros da tribo ajeitavam-se em redor dos restos das fogueiras, projectando efémeras e grotescas sombras pelas paredes. Enormes e assustadores espíritos emergindo de impensáveis ancestralidades, eternos e intemporais...
Org voltou-se, fitando o olhar de Ata por um breve instante antes de sumir-se na escuridão que uma lua cheia prestes a romper o horizonte ainda não iluminava.
Iam para a caçada. Preparar as armadilhas para onde encaminhavam as peças a abater em salvas de flechas e machadadas. Todas as luas eles saíam passando vários dias e noites fora. Regressavam depois com a carne que elas, as mulheres, depois preparavam nas fogueiras.
Inspirou fundo e olhou mais uma vez para Cuítsh. Era jovem, tão jovem quanto ela e por isso ainda não ia às caçadas.
Org tinha-a trazido para ali trocando-a por outras mulheres da sua tribo, como de resto era hábito no vale onde ela tinha nascido. Chegara um dia ao acampamento onde vivera sempre com os pais. Com ele tantas mulheres como dedos ela tinha numa mão e, após longa discussão e entrega de objectos e amuletos de parte a parte, sentiu-se de repente no meio do grupo juntamente com mais quatro moças que com ela tinham crescido. Quase de imediato Org pegara-lhe no braço e pelo cabelo rindo-se enquanto no meio das lágrimas ela olhara numa súplica para a sua mãe que lhe acenara sem expressão alguma no rosto. O coração batera-lhe com violência e inicialmente, durante dias a fio, chorara no fundo da caverna sem comer nem beber e sem, ao menos, levantar os olhos de entre os braços onde mergulhara a cabeça.
Org era um homem bastante mais velho. Chegara por ferozes disputas a chefe da tribo e apresentava o corpo coberto de cicatrizes. Brusco e dominador, não se lhe conheciam filhos. Havia experimentado muitas mulheres e nunca alguma lhe dera descendência. Agora porém, desta vez estava exultante. Ata começara a mudar as formas do seu abdómen, tinha outro cheiro, e Org não cabia em si de contente. Nas últimas luas tinha aumentado a quantidade de caça trazida. Presenteava-a com as melhores partes das peças abatidas, saía para trazer-lhe frutos de cheiro e sabores doces e preparara-lhe agora um recanto com peles e penas confortáveis.
Suspirou mais uma vez e olhou para Cuítsh, disfarçando um curto sinal por entre as expressões veladas do rosto...
A lua enchia agora todo o vale a seus pés. Bem lá ao fundo, por entre ramos da vegetação algo rasteira, via-se por uma nesga a entrada da caverna.
Deitados ao lado um do outro, Cuítsh e Ata, de corpos gratos e suados, miravam o infinito sob o céu estrelado enquanto ela, de mão sobre o ventre, afagava o Neolítico em suaves passagens de Eternidade e poesia...
04 outubro 2007
lugar à Ciência
Sergei Korolev foi o pai do Sputnik, um dos tais grandiosos passos da Humanidade em direcção ao desconhecido, de que estamos a comemorar os 50 anos.
Ao ouvir as notícias de hoje na Antena 1 (pelas 9 horas), a pronúncia do nome do engenheiro ucraniano, por parte do jornalista comentador, abriu uma janela no meu espírito, que aqui partilho:
- Na grafia ocidental, o nome do cientista (Королëв) apresenta-se como Korolyov, tendo o jornalista – que se admite tenha aprofundado a matéria - pronunciado, reiterada e claramente, o nome com uma sonoridade que apontava para Caralhov, como se poderá confirmar em gravação da emissão…
Se articularmos isto com o facto de se saber que o satélite Sputnik – denominação redundante, pois o termo russo significará, por si mesmo, satélite – manifestava um pi-pi constante que deu brado em todo o mundo (tendo sido até ferozmente contestado por uma luminária portuguesa, à época), acabamos por concluir novos e desvairados desenvolvimentos nesse tal passo da Humanidade, ainda para mais num país e num momento em que a Revolução Sexual estava na ordem do dia.
É isto o que eu mais aprecio nas Ciências: quando julgamos, nesciamente, que algo se descobriu, logo constatamos que tudo está por desvendar!
Ao ouvir as notícias de hoje na Antena 1 (pelas 9 horas), a pronúncia do nome do engenheiro ucraniano, por parte do jornalista comentador, abriu uma janela no meu espírito, que aqui partilho:
- Na grafia ocidental, o nome do cientista (Королëв) apresenta-se como Korolyov, tendo o jornalista – que se admite tenha aprofundado a matéria - pronunciado, reiterada e claramente, o nome com uma sonoridade que apontava para Caralhov, como se poderá confirmar em gravação da emissão…
Se articularmos isto com o facto de se saber que o satélite Sputnik – denominação redundante, pois o termo russo significará, por si mesmo, satélite – manifestava um pi-pi constante que deu brado em todo o mundo (tendo sido até ferozmente contestado por uma luminária portuguesa, à época), acabamos por concluir novos e desvairados desenvolvimentos nesse tal passo da Humanidade, ainda para mais num país e num momento em que a Revolução Sexual estava na ordem do dia.
É isto o que eu mais aprecio nas Ciências: quando julgamos, nesciamente, que algo se descobriu, logo constatamos que tudo está por desvendar!
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