26 abril 2008
Camarão visita a Baleia
Alexandre Affonso - nadaver.com
E se tiveres curiosidade em saber como se fazem estas tiras, vê este video
25 abril 2008
Viagras de todas as cores
"Às 21 horas em ponto estendia-se na cama e com a ajuda de água, ingeria mais um darwinista comprimido amarelo com o ar satisfeito de quem pensava vamos lá ter outro orgasmo"
in «Corriditas» da Maria Árvore
São Rosas: "O comprimido amarelo será a sequela do azul. Em vez de dar tusa deve dar logo um orgasmo... e pronto."
Charlie: "Pois... orgasmo instantâneo e pronto. E gozo, gozo, nada... Blegh..."
São Rosas: "É tipo choque eléctrico: bzzzzzz... já está!"
The F Word: "Podiam arranjar um comprimido rosa para os preliminares..."
São Rosas: ... e um vermelho para dar dores de cabeça."
«Ce Qu'il Faut Dire Et Ne Pas Dire»
Novo livro da minha colecção. É o exemplar nº 16 de uma série de 500.
Em 60 litografias, aprendemos o que devemos e não dizer em francês, essa língua deliciosa e eroticamente traiçoeira, numa espécie de manual escolar... para adultos (encaixa perfeitamente no conceito de «novas oportunidades»). E ginasticar a língua é das melhores coisas que podemos e devemos fazer na vida.
Aqui ficam dois exemplos.
Um exercício:
"Il faut dire: On a trouvé la fille de l'ingénieur écrasée par un pilier de mine.
Et non pas: On a trouvé la fille de l'ingénieur écrasée par un millier de pines."
"Deve-se dizer: Encontraram a filha do engenheiro esmagada por um pilar de mina..."
"... e não: Encontraram a filha do engenheiro esmagada por um milhar de pilas..."
Outro exercício:
"Il faut dire: Le bon vieux curé est devenu fou entre deux messes.
Et non pas: Le bon vieux curé est devenu mou entre deux fesses."
"Deve-se dizer: O bom velho padre cura ficou louco entre duas missas..."
"... e não: O bom velho padre cura ficou murcho entre duas nádegas..."
Em 60 litografias, aprendemos o que devemos e não dizer em francês, essa língua deliciosa e eroticamente traiçoeira, numa espécie de manual escolar... para adultos (encaixa perfeitamente no conceito de «novas oportunidades»). E ginasticar a língua é das melhores coisas que podemos e devemos fazer na vida.
Aqui ficam dois exemplos.
"Il faut dire: On a trouvé la fille de l'ingénieur écrasée par un pilier de mine.
Et non pas: On a trouvé la fille de l'ingénieur écrasée par un millier de pines."
"Deve-se dizer: Encontraram a filha do engenheiro esmagada por um pilar de mina..."
"... e não: Encontraram a filha do engenheiro esmagada por um milhar de pilas..."
Outro exercício:
"Il faut dire: Le bon vieux curé est devenu fou entre deux messes.
Et non pas: Le bon vieux curé est devenu mou entre deux fesses."
"Deve-se dizer: O bom velho padre cura ficou louco entre duas missas..."
"... e não: O bom velho padre cura ficou murcho entre duas nádegas..."
24 abril 2008
A Saudade
por Charlie
Quando subia a Avenida da Liberdade, pelas faixas laterais direito à rotunda que cerca o Leão e o Marquês, era usual vê-la de saia invariavelmente curta, quase sempre de negro mate, mastigando o tempo nas dentadas com que embrulhava de pastilha elástica os lances de aborrecimento que a sua espera no passeio me parecia ser.
Ficava a olhar para ela, o corpo bem torneado, o cabelo meio curto e um olhar que se desviava numa pausa voltando-se depois a mim numa exploração rápida e incisiva que desta feita fazia desviar o meu, rumo mais acima.
Gostava de fazer o percurso a pé nos primeiros dias da Primavera, deixando o carro no parque dos Restauradores, entregando depois aos músculos e à sensação de ar livre, passo a passo, a tarefa de vencer a distância sobrante.
No entanto, quando por razões diversas tinha de levar o carro até ao destino final, dava por mim a fazer a volta apenas para que pudesse passar junto a ela. Coração a bater mais depressa, ansiando o instante em que me olhasse bem dentro desse olhar que eu desviaria num misto de euforia e angústia que não conseguia explicar.
Passava a mirar pelo canto do olho, carro de caixa engatada em segunda velocidade, rodando devagar de mãos em ilusão de segurança presas ao volante.
Seguia-a pelo retrovisor enquanto ela ora subia, ora descia o passeio da Avenida, ficando cada vez mais pequena, mais distante no rectângulo espelhado que acabava, num reflexo, por absorver toda a cidade no nada que é um poema fugidio de palavras breves.
Foi numa manhã ao sair de casa, e sentado no carro numa pausa para reflexão onde assumi que vê-la todos os dias me era já imprescindível.
Nessa manhã, num impulso consciente e após um instante de hesitação, alterei o que era já a rotina. Travei! Deixei que os olhares se cruzassem, que se fixassem na leitura. Muda e secreta, intensa de sol que enchia a Lisboa que eu amo.
Atravessou os breves metros e dirigiu-se a mim, sempre de olhar fixo.
Inclinei-me para o lado direito no gesto de abrir a porta, o que ela sem uma palavra entendeu, contornando o carro e acabando por sentar-se ao meu lado.
Olhei para ela, para as suas pernas bonitas mostrando no interior da coxa direita o fio violeta-reflexo dum pequeno derrame capilar que quase passava despercebido. Subi o olhar, a cintura, os peitos pequenos e firmes, o brilho da boca e parei novamente o olhar no seu.
- Gostas?- Perguntou ela no seu ar de puta de rua, de olhos grandes e lindos, quase infantis que eu agora via bem junto a mim.
- Se gosto? – respondi devagar. – Tu sabes... passo por aqui todos os dias e... todos os dias fico a olhar para ti. És muito bonita...-
Fiquei olhando para ela que desviando o olhar fitava agora algures um alvo indefinido, muito para lá do sítio onde a Avenida se abre e entrega em rotunda, mais avenidas e Parque, e azul do céu a perder-se no infinito...
- Nunca tinha reparado em ti.- mentiu ela. Pelo menos foi o que pensei.
Mentiria? Caí na realidade. Obviamente! Seria idiotice minha julgar que uma puta de rua ficasse a olhar só para mim.
Claro. Que estúpido que eu sou. É natural que ela olhe para todos os que passam. É seu ganha-pão e o olhar para os potenciais clientes bem dentro dos olhos é o primeiro contacto comercial após o lance publicitário consubstanciado na linguagem do corpo exposto nesse jogo do esconde-que-mostra, da roupa curta e justa, dos gestos, da postura....
- Para onde vamos?- perguntei a romper o desconforto para onde tinha deixado correr o pensamento.
- Para onde quiseres- sorriu- Posso passar o dia contigo, almoçar, conversar, passear...-
Avancei devagar avenida acima, voltando à direita entrando assim no emaranhado de ruas que circundam as Avenidas Novas.
- Como te chamas?
- Saudade...- respondeu parecendo querer acrescentar algo mais.
- Não é um nome usual. - Cortei interrompendo-a. - Vocês costumam usar outros nomes. Sei lá, diminutivos sonantes que se ouvem na noite, como ...- Não me deixou acabar a frase.
Num irromper brusco mandou-me parar.
- Pára aqui, Carlos! Pára, ouviste?! Saudade é o meu verdadeiro nome, entendes? O meu verdadeiro nome...- e abrindo a porta ainda me disse lívida: - Vocês, homens... são todos uns... uns sacanas! – E saiu sem mais palavra.
Durante um espaço de tempo indefinido fiquei sem reacção dentro do carro.
Ela tinha dito o meu nome. Sabia o meu nome e Saudade era o seu verdadeiro.
Saudade...
Durante semanas não voltei a passar por ali, as noites em claro, vencendo em cada derrota a luta interna que me atirava, dum lado para outro, contra as paredes desse poço onde de repente tinha ficado mergulhado, até que vencido pelos meus limites decidi voltar a procurá-la.
Passei lá hoje mais uma vez.
Há quase vinte anos que o faço, há quase vinte anos que o coração me bate mais depressa quando subo a Avenida e passo ao mesmo lugar onde ela a atravessou para se sentar ao meu lado.
Há quase vinte anos que não a vejo naquele passeio.
E há quase outros vinte que a Saudade mora comigo...
Charlie
Quando subia a Avenida da Liberdade, pelas faixas laterais direito à rotunda que cerca o Leão e o Marquês, era usual vê-la de saia invariavelmente curta, quase sempre de negro mate, mastigando o tempo nas dentadas com que embrulhava de pastilha elástica os lances de aborrecimento que a sua espera no passeio me parecia ser.
Ficava a olhar para ela, o corpo bem torneado, o cabelo meio curto e um olhar que se desviava numa pausa voltando-se depois a mim numa exploração rápida e incisiva que desta feita fazia desviar o meu, rumo mais acima.
Gostava de fazer o percurso a pé nos primeiros dias da Primavera, deixando o carro no parque dos Restauradores, entregando depois aos músculos e à sensação de ar livre, passo a passo, a tarefa de vencer a distância sobrante.
No entanto, quando por razões diversas tinha de levar o carro até ao destino final, dava por mim a fazer a volta apenas para que pudesse passar junto a ela. Coração a bater mais depressa, ansiando o instante em que me olhasse bem dentro desse olhar que eu desviaria num misto de euforia e angústia que não conseguia explicar.
Passava a mirar pelo canto do olho, carro de caixa engatada em segunda velocidade, rodando devagar de mãos em ilusão de segurança presas ao volante.
Seguia-a pelo retrovisor enquanto ela ora subia, ora descia o passeio da Avenida, ficando cada vez mais pequena, mais distante no rectângulo espelhado que acabava, num reflexo, por absorver toda a cidade no nada que é um poema fugidio de palavras breves.
Foi numa manhã ao sair de casa, e sentado no carro numa pausa para reflexão onde assumi que vê-la todos os dias me era já imprescindível.
Nessa manhã, num impulso consciente e após um instante de hesitação, alterei o que era já a rotina. Travei! Deixei que os olhares se cruzassem, que se fixassem na leitura. Muda e secreta, intensa de sol que enchia a Lisboa que eu amo.
Atravessou os breves metros e dirigiu-se a mim, sempre de olhar fixo.
Inclinei-me para o lado direito no gesto de abrir a porta, o que ela sem uma palavra entendeu, contornando o carro e acabando por sentar-se ao meu lado.
Olhei para ela, para as suas pernas bonitas mostrando no interior da coxa direita o fio violeta-reflexo dum pequeno derrame capilar que quase passava despercebido. Subi o olhar, a cintura, os peitos pequenos e firmes, o brilho da boca e parei novamente o olhar no seu.
- Gostas?- Perguntou ela no seu ar de puta de rua, de olhos grandes e lindos, quase infantis que eu agora via bem junto a mim.
- Se gosto? – respondi devagar. – Tu sabes... passo por aqui todos os dias e... todos os dias fico a olhar para ti. És muito bonita...-
Fiquei olhando para ela que desviando o olhar fitava agora algures um alvo indefinido, muito para lá do sítio onde a Avenida se abre e entrega em rotunda, mais avenidas e Parque, e azul do céu a perder-se no infinito...
- Nunca tinha reparado em ti.- mentiu ela. Pelo menos foi o que pensei.
Mentiria? Caí na realidade. Obviamente! Seria idiotice minha julgar que uma puta de rua ficasse a olhar só para mim.
Claro. Que estúpido que eu sou. É natural que ela olhe para todos os que passam. É seu ganha-pão e o olhar para os potenciais clientes bem dentro dos olhos é o primeiro contacto comercial após o lance publicitário consubstanciado na linguagem do corpo exposto nesse jogo do esconde-que-mostra, da roupa curta e justa, dos gestos, da postura....
- Para onde vamos?- perguntei a romper o desconforto para onde tinha deixado correr o pensamento.
- Para onde quiseres- sorriu- Posso passar o dia contigo, almoçar, conversar, passear...-
Avancei devagar avenida acima, voltando à direita entrando assim no emaranhado de ruas que circundam as Avenidas Novas.
- Como te chamas?
- Saudade...- respondeu parecendo querer acrescentar algo mais.
- Não é um nome usual. - Cortei interrompendo-a. - Vocês costumam usar outros nomes. Sei lá, diminutivos sonantes que se ouvem na noite, como ...- Não me deixou acabar a frase.
Num irromper brusco mandou-me parar.
- Pára aqui, Carlos! Pára, ouviste?! Saudade é o meu verdadeiro nome, entendes? O meu verdadeiro nome...- e abrindo a porta ainda me disse lívida: - Vocês, homens... são todos uns... uns sacanas! – E saiu sem mais palavra.
Durante um espaço de tempo indefinido fiquei sem reacção dentro do carro.
Ela tinha dito o meu nome. Sabia o meu nome e Saudade era o seu verdadeiro.
Saudade...
Durante semanas não voltei a passar por ali, as noites em claro, vencendo em cada derrota a luta interna que me atirava, dum lado para outro, contra as paredes desse poço onde de repente tinha ficado mergulhado, até que vencido pelos meus limites decidi voltar a procurá-la.
Passei lá hoje mais uma vez.
Há quase vinte anos que o faço, há quase vinte anos que o coração me bate mais depressa quando subo a Avenida e passo ao mesmo lugar onde ela a atravessou para se sentar ao meu lado.
Há quase vinte anos que não a vejo naquele passeio.
E há quase outros vinte que a Saudade mora comigo...
23 abril 2008
O emblema
Elogiou-me os longos cabelos e não me pareceu desadequado ir trocar encómios mais íntimos. Na casa dele e já despidinhos ele fez questão de ir buscar dois elásticos grossos e roliços daqueles que nem partem o cabelo nem nada e paramentou-nos com os ditos.
Seguindo o seu ritual pediu-me que ajoelhasse e lhe implorasse a salvação e embora não me sentisse pecadora acedi que jogo é jogo e não estava ali para cortar as vazas. Ele depositou-me o seu sagrado emblema na boca segurando-me no queixo e ali ficou especado a olhar aquele vaivém que lhe adrenalinava os espermatozóides a correrem que nem uns desalmados mexendo as mãos para me puxar a rédea do rabo de cavalo e controlar os movimentos ao trote que desejava.
Não é que tenha alguma coisa contra o aumento de proteínas no organismo mas confesso que estranhei que depois daquilo apenas me arrastasse para o seu computador para me exibir uma colecção de gepeguês do seu ceptro nas bocas das suas conquistas louras ou morenas sempre numa perspectiva em que só se via um niquinho do dito e os acólitos pendurados de fora tal a ânsia que tinha de repetir cenas do clássico Garganta Funda.
Não queria parecer mal agradecida perante tamanha partilha da intimidade mas não consegui controlar as gargalhadas que me golfavam da boca e a pergunta que me jorrou de se alguma vez tinha tido medo que os dentes lhe marcassem o brasão ou alguma mais enxofrada pela insistência naquela cena única lhe arrancasse alguma pontinha da coroa.
Seguindo o seu ritual pediu-me que ajoelhasse e lhe implorasse a salvação e embora não me sentisse pecadora acedi que jogo é jogo e não estava ali para cortar as vazas. Ele depositou-me o seu sagrado emblema na boca segurando-me no queixo e ali ficou especado a olhar aquele vaivém que lhe adrenalinava os espermatozóides a correrem que nem uns desalmados mexendo as mãos para me puxar a rédea do rabo de cavalo e controlar os movimentos ao trote que desejava.
Não é que tenha alguma coisa contra o aumento de proteínas no organismo mas confesso que estranhei que depois daquilo apenas me arrastasse para o seu computador para me exibir uma colecção de gepeguês do seu ceptro nas bocas das suas conquistas louras ou morenas sempre numa perspectiva em que só se via um niquinho do dito e os acólitos pendurados de fora tal a ânsia que tinha de repetir cenas do clássico Garganta Funda.
Não queria parecer mal agradecida perante tamanha partilha da intimidade mas não consegui controlar as gargalhadas que me golfavam da boca e a pergunta que me jorrou de se alguma vez tinha tido medo que os dentes lhe marcassem o brasão ou alguma mais enxofrada pela insistência naquela cena única lhe arrancasse alguma pontinha da coroa.
22 abril 2008
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