29 maio 2008
28 maio 2008
Eu abasteço na Galp...
Os movimentos pró-boicote às gasolineiras multiplicam-se a olhos vistos. Ele é posts, ele é e-mails, ele é SMS... puta que vos pariu. Já tou farto. FARTO! Já percebi que o gasoil (como dizem os parolos como eu) tá caro. Se a merda fosse gasolina, nós nasciamos sem cu. Mas para mim, há uma linha que nunca devia ter sido ultrapassada. São vários os que afirmam que, e passo a citar "NÃO ABASTEÇO NA GALP NEM QUE A MENINA DA BILHA ME LEVE AO COLO". Txxxee! Meu Deus! Não acredito. A minha cabeça vai explodir... aaaaaaahhh! Sacrilégio! Oh meus amigos, isto não se pode dizer. É pecado. Então vocês tão a dizer que aquele corpinho não vos levava a cometer loucuras que vocês nem imaginavam ser possiveis? Eu espancava velhinhas, roubava rebuçados a criancinhas, dava um tiro no dedo mindinho do pé (deve doer de caralho), cortava um braço com um corta-unhas... eu até libertava a Maddie que já tá a ganhar teias de aranha na cave do meu barraco, só para que a menina do gás me fizesse um cafuné. Há linhas que nunca deviam ser ultrapassadas. Isto sim era um bom motivo para começar uma guerra. Dizer mal da menina do gás... onde já se viu?
Por isso criei o (soam as cornetas)... Movimento Eu Abasteço Na GALP Se a Menina Do Gás Me Fizer Um Cafuné (o público delira, aplaude de pé e as meninas mostram os seios).
Por isso, junta a tua voz a esta causa.
Pilhão
Pareceu-me mais humano quando alargou o nó da gravata para sorver a sopinha pela tijela antes de se bater com três pastéis e essa sensação cresceu quando percebi que me espiava os joelhos cruzados debaixo da mesa. Devia ser um homem ocupado porque sem retirar o auricular pediu-me para sentar na minha mesa e aí tomar café e sem grandes rodeios informou-me que tinha um cliente às quatro da tarde embora como morasse ali nos prédios construídos pelo Estado Novo para as famílias com rendimentos ainda haveria tempo para fazermos uma digestão mais divertida.
Como não tinha mais nada com que ocupar o início da tarde e nutria alguma curiosidade sobre a sua movimentação desamparado de tecnologias, acedi. Descobri um homem que de um fôlego começava a carregar e a murmurar uma linguagem estranha como a de sms até morrer como um telemóvel. Por descarga de bateria. E só quando o preservativo já saía por si próprio e entornava nos lençóis é que ele a custo se levantava para o ir deitar no lixo.
27 maio 2008
Peças únicas da minha colecção
Uma das peças era de uma espécie de diabo... mas estava estranhamente virado de costas, como se estivesse de castigo. A minha bisbilhotice levou-me a rodá-lo... e deparei-me com uma bela erecção de um «diabo do vinho». A dona do stand é que não gostou nada que eu tivesse mexido naquilo. Expliquei-lhe que faço colecção de arte erótica e comprei a peça. Foi a primeira de muitas que ao longo dos anos tenho comprado à Milena Miguel, do Atelier S. Miguel, das Caldas da Rainha. Nem precisamos de combinar nada: ela faz em cada ano uma ou duas peças totalmente ao gosto dela... e consegue sempre surpreender-me. Parece fácil, Noé? Mas só é possível porque além de grandes Artistas, ela e o marido, Fernando Miguel, são pessoas extremamente simpáticas com quem criei uma ligação que ultrapassa... o barro.
Afundaram no buraco ao lado
- “Bicicleta "tendinite na virilha"”
Neste aspecto, se a tendinite foi feita numa fucking bike machine, poderá expor o seu caso, que tentaremos ajudar. Se pelo contrário é um grande desportista e opta por gastar as energias a andar de bicicleta... procure um médico.
- “rubber de várias pontas, fitness”
Estavas à procura de um dildo com várias cabeças?
A nossa loja ainda não tem dildos, vai aparecendo, talvez venhamo-nos (foda-se, palavra linda) a vender.
- “expressões em francês mouche”
E o primeiro resultado da pesquisa foi o nosso Diciordinário de Línguas. Foda-se, esta pesquisa acertou mesmo na mouche ou, se preferir, «mesmo no buraquinho».
26 maio 2008
Os meus braços envolvendo-te o pescoço (és mais alto do que me tinha parecido), os teus braços enlaçando-me a cintura. As mãos tornadas exploradoras de um território que não sabíamos por explorar.
Sinto-te respirar no meu pescoço e gosto. Ouço-te a voz, falas baixinho, e parece-me que nunca te tinha ouvido antes. Sinto-te a carne firme, o ventre liso, os braços de músculos retesados que me cingem a ti. Abro os olhos e vejo-te enquanto me beijas, de olhos fechados. Estás ali. Estás naquele beijo. Estás ali, indiferente ao que nos rodeia. Estás todo ali, sem artifícios, sem mais jogos, sem outra fantasia que não a de estarmos os dois enlaçados, envolvidos.
Sinto-te o desejo na massa dura que agarro sobre as tuas calças. Estou a descobrir-te. Como tu a mim quando me desapertas o cinto, depois o botão, depois corres o fecho das calças e finalmente fazes entrar a tua mão em mim e então és tu que sentes o meu desejo.
Quero-te a ti, que estás ali, nesse momento a ninguém mais, nesse momento és tu, e tu já não és o amigo de anos, mais de uma dezena, o amigo dos jogos, das confissões, das confidências, dos cigarros. Mas és o dos risos, afastamos as bocas para nos rirmos, alegres como crianças que descobriram um pequeno tesouro no quintal, sem culpas, sem recriminações, sem razão que nos atrapalhe.
Olho-te de soslaio no vidro do quadro que nos reflecte. Fodes-me de olhos fechados, primeiro. Depois abriste-os, olhaste-me como quem vê de fora, sem saberes que te via reflectido, que te olhava também eu, que me parecias outro, transfigurado pelo desejo, tu, cujo sabor fiquei a conhecer, depois de te ter conhecido a ti.
Anos e anos, mais de uma dezena, e de repente somos outros e não chegamos a pensar que andámos a perder tempo, porque não andámos; é por causa desse tempo que não perdemos que agora usufruimos deste, que ganhamos, que ganhámos.
25 maio 2008
Paleolítica
Por mor de umas dores na coluna recebi para lá um salvo conduto e empenhei-me em cumprir o estipulado para rapidamente mandar aquilo às malvas. Quando fazia roldanas reparei que o fulano com um terço do couro cabeludo a descoberto, aquele que passava o tempo num colchão elevado a movimentar as pernas alternadamente como se estivesse a aprender a nadar, me fixava os movimentos elevatórios dos seios. Como se não bastasse, quando fazia bicicleta, infelizmente também colocada no seu campo de visão, ele acompanhava o rodado dos meus glúteos e caso os meus olhos tocassem os dele empunhava um sorriso digno de qualquer anúncio de pasta dentrífica com o queixo afundado na almofada a que estava abraçado.
Como habitualmente, também no meu último dia ele saiu primeiro embora em vez de se despedir alto e bom som para toda a plateia não esquecendo o ali imprescindível chavão das melhoras tenha avançado direito a mim. Entregou-me um cartãozinho e a confissão de ser pastor mais o desejo de apascentar a minha presença nas sessões de terapia do amor aos sábados na sua igreja. Colei nas faces um daqueles sorrisos dos anúncios de detergentes em que as mulheres cheiram deliciadas a roupa lavada e mencionei que ainda não estava na fase neolítica do redil e apreciava muito o meu estado paleolítico de cabra aos pinotes por esses penhascos fora.