01 janeiro 2009
George Michael - «Feeling Good» com Dita Von Teese
Isto com um relato do OrCa tem outro nível:
"Hummmm... feeling good... com a Dita está tudo dito. Apetece ser um pouco (ou mesmo bastante) retro, mas ir sempre muito direito à coisa; apetece beber o champagne, mas ser a taça que a contém; apetece sempre ousar aceder ao inacessível...
Ah, a propósito: quem é o George Michael? Pois, pois, o gajo que canta. Ah, sim, acompanha muito bem o enredo...
Mas da Dita, ainda para mais Von Teese, está tudo dito e mais venha que deslize."
31 dezembro 2008
A omissão

Não importam os copos de plásticos a bordejarem-nos os pés para atapetar o Bairro porque a malta está mesmo ali para descontrair à força de vapores etílicos e dar aso ao instinto de comer outro ou outra da mesma espécie conforme o gosto.
Pelo canto do olho o gajo já tinha galado os cus de todas as gajas do grupo e entre mil e uma piadas sobre a faculdade e a falta de trabalho estava agora na inspecção demorada dos parapeitos com mais ou menos carne à mostra consoante fossem adeptas da ticharte a recortar cada centímetro das formas e a mostrar a cor das alças do sutiã ou das túnicas linha império a alçarem as mamas para um enorme decote que as descobre.
Com mais uma cerveja ele começou a gorgolejar ridente que procurava a mulher da sua vida e a mexer nos cabelos da fauna presente até se deter em mim a repetir se já me tinha dito que era gira, muita gira num rebolar das sílabas como marcação de deixa. O gajo era um pão alto e magro com um rabiosque direitinho e escorreito e tão intensamente moreno que até lembrava o Matthew Fox que ninguém em seu perfeito juízo se recusaria a papar não fosse ter interiorizado dos meus paizinhos a tendência para ponderar que ali ao vivo numa farra não lhe lia os erros ortográficos nem as sms com abreviaturas e capas.
Mas como para dar uma voltinha mais não podia exigir puxei-lhe as orelhas para junto da minha boca e perguntei ao meu para não haver equívocos nem omissões se queria cá vir para despejar o vergalho ou se era mais alguma coisinha.
Pelo canto do olho o gajo já tinha galado os cus de todas as gajas do grupo e entre mil e uma piadas sobre a faculdade e a falta de trabalho estava agora na inspecção demorada dos parapeitos com mais ou menos carne à mostra consoante fossem adeptas da ticharte a recortar cada centímetro das formas e a mostrar a cor das alças do sutiã ou das túnicas linha império a alçarem as mamas para um enorme decote que as descobre.
Com mais uma cerveja ele começou a gorgolejar ridente que procurava a mulher da sua vida e a mexer nos cabelos da fauna presente até se deter em mim a repetir se já me tinha dito que era gira, muita gira num rebolar das sílabas como marcação de deixa. O gajo era um pão alto e magro com um rabiosque direitinho e escorreito e tão intensamente moreno que até lembrava o Matthew Fox que ninguém em seu perfeito juízo se recusaria a papar não fosse ter interiorizado dos meus paizinhos a tendência para ponderar que ali ao vivo numa farra não lhe lia os erros ortográficos nem as sms com abreviaturas e capas.
Mas como para dar uma voltinha mais não podia exigir puxei-lhe as orelhas para junto da minha boca e perguntei ao meu para não haver equívocos nem omissões se queria cá vir para despejar o vergalho ou se era mais alguma coisinha.
Punho de bengala erótico
Não sei se já vos tinha dito que tenho na minha colecção várias bengalas, uma das quais é para mim especial. Espero até poder vir a utilizá-la daqui a uns anos - seria bom sinal - acariciando-a com o polegar enquanto faço uma retrospectiva da minha vida.
Entretanto, fiquem-se com este punho de bengala, compradinho de fresco:

Entretanto, fiquem-se com este punho de bengala, compradinho de fresco:

30 dezembro 2008
CISTERNA da Gotinha
Os pés podem ser muito sexy.
Nunca mais levo os meus filhos ao Jardim Zoológico. É um lugar de deboche e depravação.
Calendário 2009 para as Meninas.
Nunca mais vem o Verão, não é?...
29 dezembro 2008
01:15
Entrou sorrateiramente sem acender qualquer luz. Dirigiu-se à casa de banho, fechou a porta em silêncio e sorriu: decidiu fazer-lhe uma surpresa. Despiu-se, tomou um duche rápido e, só se tendo secado, apagou a luz, abriu a porta da casa de banho e ficou imóvel. Não ouvia nenhum ruído, nem sentia qualquer movimento. Pé ante pé foi até à cama, onde se deitou com mil cuidados. Sentiu o fresco do lençol e o calor que emanava do corpo desejado. Sorriu e tocou-lhe suavemente. Feliz, teve um ligeiro tremor de excitação: a surpresa ia começar…
A luz do candeeiro acendeu-se.
O corpo imóvel moveu-se e sentou-se: mão no interruptor e cara de tempestade.
– Deves pensar que sou uma puta!
Entre o espanto do tom, da luz, da cara, esqueceu-se de retirar a mão que pousara na perna e sentiu-a afastar-se até que a mão caiu desamparada no lençol.
– Uma puta?!
– Sim, uma puta! – A luz fraca da lâmpada economizadora distorciam-lhe as feições e o silêncio da noite amplificavam-lhe a voz.
– Uma puta?! – tornou a perguntar, à procura de um sinal em sentido contrário, de um sorridente “Enganei-te!” ou de algo que… de qualquer coisa que… não sabia mas ainda esperava qualquer coisa. – Porquê uma puta?
A luminosidade da lâmpada aumentava mas o que via não se tornava mais claro, pelo contrário: a mão que continuava agarrada ao interruptor, os olhos perdidos em pálpebras demasiado abertas que não descolavam dos seus, os lábios numa linha horizontal de força quase descontrolada, o pescoço retesado com as veias salientes num esforço de contenção… Tudo o que via enegrecia o quadro.
Entristeceu definitivamente sentindo que a luz afastava a remota possibilidade do “Enganei-te!”, que a claridade já não permitiria, e olhou para a casa de banho onde desejou estar e recomeçar tudo de novo.
– Uma puta! – O volume baixara mas o tom era mais duro, a mão largou o interruptor e os braços alinharam-se ao longo do corpo, terminando em punhos cerrados que entravam pelo colchão. – Sim, deves pensar que sou uma puta para estar aqui, a esta hora – olharam de viés para o relógio –, a esta hora de pernas abertas à espera de vossa excelência para foder!
Olhou de novo para o relógio, não se enganara, era 1:15. “E que não fosse” censurou-se por entender que estava a justificar o injustificável.
– A seguir vais-me perguntar onde é que andei? – perguntou, enquanto se sentava na cama. Tentava pensar mas não conseguia, as ideias, os pensamentos, as dúvidas, as perplexidades atropelavam-se, caíam em catadupa umas atrás das outras e anulavam-se.
– Não posso?
O aguçado “Não posso?”, manejado com fria e letal destreza, fez-lhe pior que a surpresa da “puta à espera de pernas abertas”, que a luz do candeeiro a iluminar uma relação que não sabia condenada, que a expressão disforme e animalesca que os reflexos sombrios do seu interior e da sua fraca lâmpada mostravam.
– Não, Paulo, não podes. – Ela rodou sobre as nádegas e pousou os pés no chão. – Agora não podes.
A luz do candeeiro acendeu-se.
O corpo imóvel moveu-se e sentou-se: mão no interruptor e cara de tempestade.
– Deves pensar que sou uma puta!
Entre o espanto do tom, da luz, da cara, esqueceu-se de retirar a mão que pousara na perna e sentiu-a afastar-se até que a mão caiu desamparada no lençol.
– Uma puta?!
– Sim, uma puta! – A luz fraca da lâmpada economizadora distorciam-lhe as feições e o silêncio da noite amplificavam-lhe a voz.
– Uma puta?! – tornou a perguntar, à procura de um sinal em sentido contrário, de um sorridente “Enganei-te!” ou de algo que… de qualquer coisa que… não sabia mas ainda esperava qualquer coisa. – Porquê uma puta?
A luminosidade da lâmpada aumentava mas o que via não se tornava mais claro, pelo contrário: a mão que continuava agarrada ao interruptor, os olhos perdidos em pálpebras demasiado abertas que não descolavam dos seus, os lábios numa linha horizontal de força quase descontrolada, o pescoço retesado com as veias salientes num esforço de contenção… Tudo o que via enegrecia o quadro.
Entristeceu definitivamente sentindo que a luz afastava a remota possibilidade do “Enganei-te!”, que a claridade já não permitiria, e olhou para a casa de banho onde desejou estar e recomeçar tudo de novo.
– Uma puta! – O volume baixara mas o tom era mais duro, a mão largou o interruptor e os braços alinharam-se ao longo do corpo, terminando em punhos cerrados que entravam pelo colchão. – Sim, deves pensar que sou uma puta para estar aqui, a esta hora – olharam de viés para o relógio –, a esta hora de pernas abertas à espera de vossa excelência para foder!
Olhou de novo para o relógio, não se enganara, era 1:15. “E que não fosse” censurou-se por entender que estava a justificar o injustificável.
– A seguir vais-me perguntar onde é que andei? – perguntou, enquanto se sentava na cama. Tentava pensar mas não conseguia, as ideias, os pensamentos, as dúvidas, as perplexidades atropelavam-se, caíam em catadupa umas atrás das outras e anulavam-se.
– Não posso?
O aguçado “Não posso?”, manejado com fria e letal destreza, fez-lhe pior que a surpresa da “puta à espera de pernas abertas”, que a luz do candeeiro a iluminar uma relação que não sabia condenada, que a expressão disforme e animalesca que os reflexos sombrios do seu interior e da sua fraca lâmpada mostravam.
– Não, Paulo, não podes. – Ela rodou sobre as nádegas e pousou os pés no chão. – Agora não podes.
28 dezembro 2008
post-natal
São, como não deixei prenda naquele saquito que estava na tua funda chaminé - e que parecia mesmo uma camisinha, valha-te maria-josé... - aqui fica um post-natal, com maresia:
e lá se foi o Natal – essa quadra tão magana
enchendo a todos de gana de querer ser solidário
ao fundo um retardatário bate co’ as botas no fundo
das costas ou cu se gostas de chamar p’lo nome os bois
a ver se logo depois se aconchega ao borralho
que está de arrebimba-ò-malho o tempinho cá na rua
e farto de ver a Lua anda o velhote da história
que tem seu mês de glória um só e em cada ano
triste e só anda este mano quem sabe vive de esmola
que a cena da Coca-Cola acabou já faz uns tempos
agora ele é só lamentos pela roupa vermelhusca
pela criançada cusca e aquela barbaça hirsuta
que seria coisa bruta não fosse ela alva de linho
corre pois ele para o ninho farto de prendas e renas
como se penasse penas por tanto a todos pesar
que com ele é só comprar – comprar – comprar – e comprar
não tem nada que enganar mas não há já quem o ature
e não sabe ele como fure este destino aziago
de do consumo ser mago e coisa de meter dó
ouvir-se-lhe o oh-oh-oh no espaço sideral
no centro comercial ou no écran de plasma
e a malta toda pasma de viver tanto o velhote
sem haver quem o enxote pois graça não tem nenhuma
a não ser aquela uma de favorecer as compras
ah não se ouvirem as trompas de alguma divina orquestra
dando ao Natal que nos resta personagens mais catitas
e acabar com as fitas de um pai natal que coitado
viverá desconsolado nos quintos do pólo norte
maldizendo a triste sorte de ter só com ele as renas
dores nas cruzes e as tais penas de vaguear tão sozinho
melhor muito melhorzinho ficaria o Nicolau
se em vez do banco de pau que o espera em seu ermo
a tal multinacional ao ermo pusesse um termo
e lhe desse companheira
roliça – doce – matreira – brincalhona – prazenteira
também de rubro vestida mas sem barba tão comprida
de precária situação ou com termo de contrato
mas que desvie o ancião do destino caricato
e lhe dê prendas a ele que tão farto está das penas
e das cenas com as renas e com razão afinal
e nos deixe no Natal o presépio cultivar
sem ter que comprar – comprar – oh-oh-oh
tão só comprar…
e lá se foi o Natal – essa quadra tão magana
enchendo a todos de gana de querer ser solidário
ao fundo um retardatário bate co’ as botas no fundo
das costas ou cu se gostas de chamar p’lo nome os bois
a ver se logo depois se aconchega ao borralho
que está de arrebimba-ò-malho o tempinho cá na rua
e farto de ver a Lua anda o velhote da história
que tem seu mês de glória um só e em cada ano
triste e só anda este mano quem sabe vive de esmola
que a cena da Coca-Cola acabou já faz uns tempos
agora ele é só lamentos pela roupa vermelhusca
pela criançada cusca e aquela barbaça hirsuta
que seria coisa bruta não fosse ela alva de linho
corre pois ele para o ninho farto de prendas e renas
como se penasse penas por tanto a todos pesar
que com ele é só comprar – comprar – comprar – e comprar
não tem nada que enganar mas não há já quem o ature
e não sabe ele como fure este destino aziago
de do consumo ser mago e coisa de meter dó
ouvir-se-lhe o oh-oh-oh no espaço sideral
no centro comercial ou no écran de plasma
e a malta toda pasma de viver tanto o velhote
sem haver quem o enxote pois graça não tem nenhuma
a não ser aquela uma de favorecer as compras
ah não se ouvirem as trompas de alguma divina orquestra
dando ao Natal que nos resta personagens mais catitas
e acabar com as fitas de um pai natal que coitado
viverá desconsolado nos quintos do pólo norte
maldizendo a triste sorte de ter só com ele as renas
dores nas cruzes e as tais penas de vaguear tão sozinho
melhor muito melhorzinho ficaria o Nicolau
se em vez do banco de pau que o espera em seu ermo
a tal multinacional ao ermo pusesse um termo
e lhe desse companheira
roliça – doce – matreira – brincalhona – prazenteira
também de rubro vestida mas sem barba tão comprida
de precária situação ou com termo de contrato
mas que desvie o ancião do destino caricato
e lhe dê prendas a ele que tão farto está das penas
e das cenas com as renas e com razão afinal
e nos deixe no Natal o presépio cultivar
sem ter que comprar – comprar – oh-oh-oh
tão só comprar…
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