06 maio 2009

Cagunfa


Não tinha medo da morte que o futuro era apenas o minuto seguinte. Custava-lhe era carregar todos os dias aquela cara envelhecida que de manhã via no espelho e aquela farinheira pendente entre as pernas cada vez mais seca e menos dada à besuntice de um cozido à portuguesa.

Tivera cagunfa que as mulheres o achassem feio e na juventude compensara-o com milhentos modos delicados e mesuras que ainda lhe valeram uma meia dúzia de pinocadas antes do casamento tremelicando entre o álcool que o enfrascara de coragem e o medo de que os pais descobrissem tais falhas às regras da santa madre igreja em que o educaram. Descobrira durante a guerra colonial o medo da dor e do estropiamento e a alegria das mulheres ao serem abundantemente chupadas na maria dos prazeres que disciplinadamente ele incutira a si próprio como penitência antes de lá lhes espetar a coronha da sua melhor arma.

No regresso casara sem medo na igreja com o aplauso dos pais e com aquela que mais lhe lembrava a sua mãe e lhe fez o favor de o aceitar ordenando-lhe daí em diante os dias da sua vida nas regras da melhor convivência social e económica mesmo que em muitos deles fosse dada a achaques e a dores de cabeça que não era nada que um copo de uísque com duas pedras de gelo aconchegado às mãos e às partes não resolvesse. Às vezes o seu olhar desviava-se para umas pernas femininas mais bem torneadas ou para um rabiosque que saltava mesmo até ao rabo do olho mas contentava-se com essa salivação que era um homem de palavra e ainda tinha medo que os pais pulassem da tumba para o vir repreender.

Pintura Primaveril

untitled658.JPG (image)

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Videoclip baseado na música «Blessed be»



Um (excelente) trabalho do blog Garm's Kiss

05 maio 2009

Género e identidade sexual



Penso que é por exemplos como estes que temos tanta dificuldade em ultrapassar algumas dificuldades da nossa conjugalidade.

Porque nos impõem estes chavões?

E, para pasmar, este é um livrinho 70's!

Para ver mais: Blog Michiedo

A malta do Arraial Pride é danada para a brincadeira


Queer Games


Há umas semanas falei-vos aqui de uma notícia da «Oh! Gina», fanzine heterogaylesbiantrans noticiando que vai haver Gay Games no Arraial. Pensei na altura que era uma brincadeira... e é. Mas vai haver mesmo!
Inscrevam-se numa ou mais modalidades:
> lançamento da pochete;
> arremesso da tairoca ao Papa
> 100 m salto alto
> 100 m barreiras em saia travada

E podem competir levando despida a t-shirt que desenhei especialmente para o Arraial Pride.


«Vou levar um arraial de Pride»

É por essas e por outras que eu adoro matemática



Capinaremos.com

04 maio 2009

CISTERNA da Gotinha

Miss Austrália é "pele e osso": Naumoska mede 1,80 metros e pesa 49 Kgs. De beleza tem muito pouco. (via Jornal de Notícias)

Uma excelente sugestão para pendurares
na porta do blog, São.

Museu do Sexo de Nova Iorque põe os visitantes a encher balões: explorar o prazer do sexo oral.


Cara lavada

Triste cultura a nossa em que a comunicação social (no caso, o «24 Horas» de 28 de Abril) faz notícia disto:
"11 famosas assumem-se sem maquilhagem, sem retoques, sem roupa de marca e sem truques fotográficos. Veja estas mulheres de coragem, dos 20 aos 71 anos, e como elas realmente são".
É preciso coragem para aparecer de cara lavada?! Que Eros as perdoe...


A primeira página

Juram mesmo que nos dois casos que vos mostro a seguir não há por ali pestanas pintadas, postiças ou manipulação da imagem?!


Raquel Strada


Raquel Loureiro

Quem dá uma grande lição de beleza é a Simone de Oliveira. Se já a tinha em enorme consideração, com isto só confirmou que é uma grande Senhora:
"Sofri tanto para ter as minhas rugas que não quero que mas apaguem"
Botox? "Nem pensar". E citou António Lobo Antunes: "E depois, onde estava a minha alma?"


Simone de Oliveira



A beleza real (natural) é uma causa pela qual vale a pena continuar a lutar.

03 maio 2009

Salvo melhor opinião


Cruzei a perna que não fora à toa que trouxera saia justa e meias de liga e o plágio da Sharon Stone tem efeito garantido. Reparei que ele mexeu a sua cadeira ligeiramente para trás para conseguir um melhor enquadramento visual da minha profundidade. Já quando para ler em conjunto a notícia que me indicara me debruçara sobre o seu jornal percebera os seus olhos a escorrerem pelo meu decote até me ensoparem o soutien.

E parecia-me certo que a traquitana do Hi5 para encontros pingava gajos que alinhavam frases escritas e uma meia dúzia de conversas à cata de substituir a insuflável de qualquer loja da especialidade por uma de carne e osso que era um objectivo similar ao que me trouxera aquele cafezinho para não gastar o meu tempinho a fantasiar um gajo de carnes rijinhas ávido por me lamber enquanto lhe tricotava caracóis nos cabelos e depois em soluços de pénis se introduzia em mim até descarrilar como se eu fosse a linha do Tua.

Com os dedos a dar a trigésima quinta volta ao papel do pacote de açúcar ele comentou a falta que fazia um elixir do amor que poupasse tempo e um monte de sarilhos às nossas vidas agitadas e retorqui-lhe que era uma pena não me conseguir embebedar. E perante a sua interrogativa mão direita a acolchoar-se ao fecho das calças precisei que as minhas hormonas me conduziam naturalmente ao sexo puro e duro salvo se ele ali presente visse inconveniente nisso.

Tantas pérolas sobre sexualidade...


Aprende com o King!

(se tiveres as janelas de pop-up bloqueadas, o filme não abre automaticamente. Nesse caso, crica no botão "assista" na barra lateral esquerda da página do Porta-Curtas)

Uma parceria com Porta-Curtas

crica para visitares a página John & John de d!o

02 maio 2009

D. Leonor

D. Leonor (1458-1525)

Rainha de Portugal nascida em 1458 e falecida em 1525. Prima e esposa de D. João II



"Leonor... Lianor... Eleonora... Lianora... Alienora... Eulianor... Lenore... - Misericordiosa... Compassiva... " El-Nor ou !Allah nuur, ou "noor" (em árabe): "DEUS É A LUZ."
(Dr. Francisco J. Velozo)

***

Aproximando-se das vidraças, D. Leonor olha para o céu estrelado e deixa-se levar pelos pensamentos que pertencem ao seu filho e esposo falecidos. Ao seu irmão e cunhado levados pela voracidade das traições palacianas, e na sua solidão.
Junto a si, a sua aia e confidente arruma diligentemente os aprumos e tecidos dos aposentos reservados à soberana...


- Oh! Estas estrelas. Este firmamento! Que estranhos arranjos nos céus descrevem nestas noites as voltas do meu destino. Tudo está escrito nas estrelas. Ai... e como vejo de repente gravada a forma como as intrigas e o
infortúnio levaram a minha felicidade aos poucos. Estou morta para a vida, o meu filho tragicamente falecido pela queda do cavalo. O meu esposo morto em vida, levado pelo desgosto, deixou-se finar abandonando-me a esta solidão... Estou rodeada de tragédia e eu mulher só e sem a força dum homem ao meu lado, sem a sua presença quente nas noites do meu corpo, que definha sob o segredo dos desejos e que amortalha o sentir no sublimar da caridade!


- Em que pensais, minha soberana, que vejo os vossos olhos tomados desses brilhos que são o resumo gotejante das tristezas da alma?

- Minha boa aia, confidente e amiga. Faz já três anos que se finou o meu marido em desgostos, e mais de oito que quis o destino trocar as voltas e fazer com que o meu filho jamais visse as lajes que haveriam de cobrir os meus restos mortais.

- Oh minha soberana, quanto me penitencia a vossa dor de mãe e esposa neste pesar que é de todo o Reino, mas cuidai que sois vós vista pelas gentes como Rainha dos sofredores? Não é o povo que vos apelida de Princesa Perfeitíssima com todas essas obras generosas que vós tomastes em mãos, e que por isso vos ama? A recente Misericórdia que tanto tem minorado as maleitas e sofrer dos desafortunados? E o que dizer do apoio às artes, a esse novo génio do nosso sentir, Gil Vicente, e a todos que são sabedores das letras e demais artes?
E a vossa obra primeira, o Hospital das Caldas? Acalmai o vosso pesar. O povo adora-vos...


- Ai amiga, que só vós para me despertar um sorrir agora. As Caldas... Acaso sabeis como surgiu esse Hospital? Vejo um ar de interrogação no vosso olhar. Dir-vos-ei. Essa zona então desabitada, era um reduto de rituais da água e de fertilidade ancestrais e pagãos. As mulheres e homens vinham de longe amenizar, entre outras maleitas, as infertilidades das suas entranhas envoltas em símbolos e objectos representativos dos prazeres das carnes.
Pernoitavam na vila de Óbidos, enquanto nos dias certos se entregavam às forças maiores em práticas e rituais semi-obscuros e vistas como diabólicos pelo Clero. Foi graças ao meu defunto esposo, acedendo ao meu pedido, quem tomou mãos e, pela força da coroa, impôs que dessem largas ao culto de forma cristã de forma a sedar o Clero, e que se fixassem, com toda a sorte de apoios, as populações junto ao edifício que mandei erguer no sítio das termas. Foi ainda na vila de Beja que me viu nascer que decidi tomar em mãos este desígnio, por ocasião dum estranho presente que me foi ofertado por um primo.


- A julgar pela forma como tem crescido o povoado, bem podereis assentar no êxito das vossas medidas, minha soberana.

- Não sei, minha boa amiga. Não sei se teriam sido as minhas iniciativas, ou se apenas fui a visão ajuizada que deu luz e dia ao que todos na noite da alma sentiam.

- Mas, minha Rainha, o que vos fez, nessa altura, tomar em mãos semelhante tarefa, estando vós ainda em idades plenas de verduras da carne e limpidez de espírito?

- Sorrio levemente, minha boa amiga... há todo um mundo dos sentidos que nos ferve no íntimo como as palavras brotam das bocas dos poetas sem que eles saibam explicar as nascentes da alma. Mantende em segredo para todo o sempre, minha aia e, sob juramento de silêncio, isto que vos entrego em confissão; a minha devoção a obras de caridade é tudo o que me é permitido como soberana no desejo profundo dum afecto inexplicável, que me rói a alma e que me consome. Vinde aqui junto a mim e vede o que eu guardo neste pequeno cofre cujo acesso vos está vedado. Bem sei da vossa cara de espanto mas isto que vós vedes foi a oferta do meu primo de que vos falei. Este objecto de culto, este falo feito dos barros que ladeiam as terras das Caldas termais, foi o que me fez deslocar lá na primeira ocasião, e sentir após um breve contacto com as águas como esse local me fez sentir mulher e o corpo em flor... Sim, minha amiga. O meu corpo de mulher queima em desejo. Mas o recato, a minha postura e dignidade, não me permitem amar de outra forma senão com a entrega às causas que abracei. Amo o meu povo nas obras que lhe dou, na aventura das artes, com a chama com que entregaria o meu corpo ao fervor dum amante. E será em campa rasa junto ao povo que devolverei o meu corpo ao barro de que ele é feito, tal como este falo, num último gesto de amor e entrega. É este o meu segredo, e agora também o vosso. Guardai-o com a vossa vida. Que jamais saia de entre nós o que vos confiei...

Charlie
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A D. Leonor deu-nos a honra de fazer o 69º comentário a este texto:
"Ah, Plebeus, que consumis as vossas existências nestes rodeios... mas como vos compreendo. Tanto que guardo e que teria para dizer-vos. Contentai-vos contudo com este breve vislumbre. O que sei é muito mais que podereis alguma vez saber, mas sem que saia uma palavra da minha boca, calar-me-ei feliz se algum mortal as desvendar e as revelar ao mundo..."

Dos conciencias


Inyecto cuerpos
tensos y suculentos
en mi conciencia sombría
para alimentar
mi otra conciencia
inmaculada, morbosa,
atenazada, silenciosa
y niña.

El artista desnudo