10 junho 2009

Hoje deveria ser um dia da Maria Árvore



Bruno WAGNER - Yayashin.com

O Nelo resume tudo:

"Maria, melhér Árvem
Que deçeste a todus: Améim
Nâo te vásh, melhér pralém
Que quem é cu fica, quem,
que iscreva milhor que tu?
Ninguéim..."


E o Olho Vivo re-resume:

"Uma Árvore frondosa assim,
De palavra livre e acertada,
Uma a uma... Pim! Pim, Pim!
Acredita, nunca serás vaiada!"


Não há Árvore que o OrCa não oda:

"mas a árvore abalou?
assim de órfãos nos deixou
sem o verdor da ramagem?
volta, árvore, que a nós
faz falta ouvir tua voz
purificando a paisagem

três parágrafos singelos
e nos três as Sãos e os Nelos
que nós somos
na viagem
sentimos quantos anelos
espalhas tu nesta aragem

volta, árvore, acredita
o quanto de ti se espera
nem que seja uma folhita
que anuncie a Primavera...

"

Xaveco


Alexandre Affonso - nadaver.com

09 junho 2009

Monólogos da Vagina

VAGINA!
A palavra que tantos receiam é repetida alto e bom som pelas actrizes que interpretam os Monólogos da Vagina, em cena no Auditório dos Oceanos do Casino de Lisboa.

VAGINA!
A relação das mulheres com «aquilo que está ali em baixo» e cujo nome raramente se pronuncia.

VAGINA!
Se ela falasse, o que te diria? E a roupa? Que roupa vestiria ela?

VAGINA!
O seu perfume, o seu gemer... conhecem-nos? E deixam que alguém os conheça?

VAGINA!
Um texto para rir, pensar e olhar para dentro (e para baixo) e descobrir que aquilo que somos é mais do que um nome. É um centro de ser e sentir e sabor e estar e descobrir.

Humor

Videoclip baseado na música «Dicht dran»



Mais um trabalho do blog Garm's Kiss

08 junho 2009

«Exposição e venda de objectos e meios de conteúdo pornográfico e obsceno»

Petição para Apreciação e Alteração do Decreto-lei nº 254/76 e do Decreto nº 647/76

Leste as notícias sobre a ASAE e uma loja de Coimbra?

Assina aqui a petição

Como comentou alguém que já lá assinou, "Pornográfica é a subjectividade com que as autoridades classificam algo como obsceno!"
O Vintesete conta uma história muito a propósito:
"Já aqui há tempos apareceu aqui no monte do Cardo um chouriço assim de penteadinho lambido e de falas amódes que de telenovela. Entrou no tasco do Orelhas de Podengo e disse: «Oi, pessuáu! Tudo legáu? Estou de passagem mais antxis éu quiria deixá a mensagem dji Deus prá cês»
Meteu-se logo com o Ti Calhau que tava a beber um branquinho e tem um perna de pau, anda de bengala e disse logo que havia de fazer um milagre logo à noite. O Fritadinho, que é um lá do Monte do Cardo e que é gago, ouviu e disse logo que tameim queria ir a ver se lhe curava a doença.
Bom, vossamecezes haviam de ver a lata do gajo a levar o pessoal. Ele há gajos que falam muita bem, cona da mana....
E depois perguntou se nã havia ninguém que quisesse alugar um casão para uma noite, e aí eu entrei logo e disse que tinha, que era grande e bom e que agora estava vazio. Acordei uns €uros com o magano. Pagamento adiantado que eu cá nã vou em moengas.
«Não se isqueçam dji passá a todo o mundo qui cês conheci. Leva as vossas muléres, os amigo. Cês vão ver todo o mundo curado das doença. A fé fais tudo e Deus ajuda quem tem fé. Esta noitxi vai havé milagri aqui no Montxi do Cárrdo.»
Aghhh cona da mana, que eu já vi este filme antes, mas como o magano me deu os cem euros logo de adianto, lá preparei o casão e moços, vossamecezes haviam de ver. Mal a noite se pôs encheu-se me o casão de canalha. Era gente do Monte do Cardo, era dos montes ao lado, era gente que ia de passagem e que o Orelhas de Podengo disse pra ir. Bem aquilo estava cheio.
E bem à frente, com um micro na mão, o gajo falava, falava, falava.
E mostrava um livro que ele vendia por 15 €uros. Escrito por ele e cheio de paleio. E continuava:
«Cês sabem qui a Fé cura, pois todos os qui tem fé em Deus, além dji têrr a porrta aberrta prá vida iterrna, ricebem a benção da cura prás suas doenças»
Bom! O filho dum cabrão continuou, continuou e continuou! Depois, vendo o pessoal já todo vidrado no paleio, chamou o Ti Calhau.
«Irrmão! Cê tem Fé em Deus? Fé na sua Cura?» E nem esperou que o ti Calhau dissesse nada. «Então dê cinco passos e djipois larga essa bengala qui cê vai mais precisá dela não!»
Depois voltou-se de costas para o Ti Calhau e meteu-se com o Fritadinho, gago que nem uma boa porra e disse-lhe, pondo a mão na testa num gesto largo: "Irmão, se ponha calmo e com a Fé dji Deus, cê fali claro e sem gaguejá..."
Fez-se um silêncio no casão e sobressaiu a voz do Fritadinho: "O... o... o co... q... o... o ... O co... xo... ca... ca... O co-co-coxo caiu..."
Pornográfico, digo eu, que ele nã vendeu nem um livrinho e ainda queria o dinheiro de volta do aluguer do casão.
- Nã, nã. - disse-lhe eu - Que culpa tenho eu que vossamecê tenha escolhido um homem sem perna que mal largou o cajado caiu? Ora que porra! Pensava que ele sofria de joanetes, nã era?
Pois olhe, compadre: se vossamecê lhe tivesse feito crescer a perna que ele perdeu há uns anos, até eu lhe comprava um livrinho desses. Assim, olhe : vá-se safando. Tenho que arrumar aqui a trujia que o pessoal deixou...
Nã sei se tão a ver onde quero chegar, né?
Fechar uma loja de brincadeiras porque há uns gajos que fazem milagres ali ao pé...
Porra dum cabrão...
Vintesete"

Rangelcídio



Uma abordagem priápica da política (à boa maneira das Caldas), pelo Henrique Monteiro

Na sua vagina...

07 junho 2009

Liturgia


Trazia uma gravata pendurada em cada gesto e quase até aos pés quando me abria a porta para passar. E tratava-me por doutora que é uma coisa que não lembra ao diabo do mundo que bem sabe que até deixei o canudo a apodrecer nas catacumbas administrativas da faculdade. Não obstante, repetidamente me convidava para cafézinhos e pingava-me com chocolatinhos e bombons e neste ritual adocicado uma mulher não é de ferro e lá lhe avaliei mais uma vez os polegares e as nádegas volumosas mas escorreitas e convenci-me que merecia a oportunidade de dar uma voltinha.

No seu quarto acendeu uma pequena luzinha e na restante penumbra indicou-me uma cadeirinha para colocar a roupa que ele afanosamente foi para outra dobrar a sua muito bem dobradinha. De pirilau pendente acercou-se de mim para me abraçar e pespegou-me um beijo pesado de lábios fechados para logo correr a abrir a cama em mil mesuras para afastar qualquer ruga dos lençóis e de palma aberta apontou-me o local para me deitar. Nunca pior pensei e lá me atirei para o colchão. E aí ele ajoelhou-se junto aos meus pés e abriu-me simetricamente as pernas num invertido vê perfeito pelo qual começou a deslizar até os ossos do seu esterno pousarem sobre os meus e aí se fez missionário da salvação dos seus aflitos espermatozóides.

Como não uso relógio não sei quanto tempo durou aquela eternidade mas para não ser chita reconheço que finalmente entendi o sentido da expressão que ele usara de nos relacionarmos biblicamente.

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Este é o último texto que a Maria Árvore nos deixou antes de partir em busca de bichinhos ondulantes. Já vi petições por motivos bem menos nobres que este... cof... cof... cof... cof... cof...

Pega de bengala em faiança

Recebidinha de fresco para a minha colecção...


... e com direito a poema do Falcão:

"Cum filho da puta, cum caralho
Que esta peça trabalhada
Lembra-me logo o Ramalho
Ortigão, das bengaladas."

crica para visitares a página John & John de d!o

06 junho 2009

É hoje a reunião da Confraria do Príapo com os comerciantes das Caldas da Rainha

Como não vou estar presente, envio daqui os meus votos para que tudo corra bem e que os comerciantes das Caldas da Rainha aproveitem da melhor forma as oportunidades que a Confraria do Príapo lhes pode proporcionar.
E dedico-vos um poema do Zeferino Zacarias:

"Phallus, o deus

Ó celestiais cores flavas, níveas, roxas,
em egípcias e helénicas procissões
de Phallus, o deus motor das fecundações,
em eterno enlevo p’las femininas coxas.

É tempo de cortejo e de revolução!
Ergam-se templos ao prodigioso Falo
e ao orgíaco Baco, seu co-irmão.
E cantem-se responsos, cantochãos e salmos
em honra do lúbrico e férvido Príapo,
das mil virgens de Lâmpsaco edaz papão.

E que se retome já da Antiga Grécia
o culto ao insaciável glutão de damas,
que tem na erecção a capital sécia.

E a Hermes, o deus que falta no quarteto,
ergam-se colunas, pilares, pedestais,
e que um granítico falo como amuleto
seja o turíbulo nas aras das Vestais,
porque à frente do Universo está o Amor…
e nada mais!

Zeferino Zacarias"

Isto despertou a veia do Falcão:

"Pois então escutem todos
Que eu de Deuses num pisco nada
Num sei o quê do Ermes e Priápo
Ou do Príapo ou o caralho
Só sei do que gosto e digo
Que num há um poema antigo
que se cumpare cum o rico farfalho
sempre moderno
da filha do Toino
Ai! Cumo eu le devoro o pito.
Ai, cumo eu me sinto aflito
quande ela e o cunversado
vão ao pinhal, e eu quase estoiro.
Será ciúmes, cum caralho?
Será coisa pra me levar abaixo?
Num me sai da bola este pito amado
Será que istou a ficar louco?
Foda-se, cum milhão de caralhos!
Vou agora ao meu barraco
E no sofá descansar um pouco.
Inquanto a broa e um enchido
se ensopam, vingando na boca
e emborco nesta alma trôpega
Um ou dois ou três verdascos...

Manuel Falcão, o rei das Bouças"

O Olho Vivo dá uma ode de sua graça:

"Que há canto bem merecido,
é a ti Priapo, meu rei!
perante ti me ajoelho,
tesão teu, p'ra mim é lei!

Diz-me o que devo fazer,
Tudo, tudo eu farei,
manda-me até foder
e de imediato obedecerei!"

Vão ao Estúdio Raposa...

... e ouçam a poesia erótica de David Mourão-Ferreira declamada por Luis Gaspar, como só ele sabe.
Aliás, o Luis Gaspar já tinha dedicado um programa a David Mourão-Ferreira: Música de Cama I.