Como não vou estar presente, envio daqui os meus votos para que tudo corra bem e que os comerciantes das Caldas da Rainha aproveitem da melhor forma as oportunidades que a Confraria do Príapo lhes pode proporcionar.
E dedico-vos um poema do Zeferino Zacarias:
"Phallus, o deus
Ó celestiais cores flavas, níveas, roxas,
em egípcias e helénicas procissões
de Phallus, o deus motor das fecundações,
em eterno enlevo p’las femininas coxas.
É tempo de cortejo e de revolução!
Ergam-se templos ao prodigioso Falo
e ao orgíaco Baco, seu co-irmão.
E cantem-se responsos, cantochãos e salmos
em honra do lúbrico e férvido Príapo,
das mil virgens de Lâmpsaco edaz papão.
E que se retome já da Antiga Grécia
o culto ao insaciável glutão de damas,
que tem na erecção a capital sécia.
E a Hermes, o deus que falta no quarteto,
ergam-se colunas, pilares, pedestais,
e que um granítico falo como amuleto
seja o turíbulo nas aras das Vestais,
porque à frente do Universo está o Amor…
e nada mais!
Zeferino Zacarias"
Isto despertou a veia do Falcão:
"Pois então escutem todos
Que eu de Deuses num pisco nada
Num sei o quê do Ermes e Priápo
Ou do Príapo ou o caralho
Só sei do que gosto e digo
Que num há um poema antigo
que se cumpare cum o rico farfalho
sempre moderno
da filha do Toino
Ai! Cumo eu le devoro o pito.
Ai, cumo eu me sinto aflito
quande ela e o cunversado
vão ao pinhal, e eu quase estoiro.
Será ciúmes, cum caralho?
Será coisa pra me levar abaixo?
Num me sai da bola este pito amado
Será que istou a ficar louco?
Foda-se, cum milhão de caralhos!
Vou agora ao meu barraco
E no sofá descansar um pouco.
Inquanto a broa e um enchido
se ensopam, vingando na boca
e emborco nesta alma trôpega
Um ou dois ou três verdascos...
Manuel Falcão, o rei das Bouças"
O Olho Vivo dá uma ode de sua graça:
"Que há canto bem merecido,
é a ti Priapo, meu rei!
perante ti me ajoelho,
tesão teu, p'ra mim é lei!
Diz-me o que devo fazer,
Tudo, tudo eu farei,
manda-me até foder
e de imediato obedecerei!"
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