27 outubro 2009
Montes de Gozo
Chamo de amontoado
À bagunça que se instala na tua vida
Montes de ideias
Não concretizadas,
Montes de poemas inacabados,
Montes de telas semi pintadas,
Montanhas de fotos
Que ainda não têm lugar
Amontoas à tua volta
A ideia de apogeu
Quando na verdade
A ruína está latente
É um amontoado de mulheres
Que te delicias a explorar
Sexualmente falando
Um monte de broches
Feitos à pressa dentro do carro
Estacionado nos confins
Num amontoado de podridão.
Foto e poesia de Paula Raposo
12º Encontra A Funda
ode ao das Caldas
pelas Caldas
bem no centro
do País
é o momento
de erigir monumento
a Príapo consagrado
algo assim que graça tenha
mesmo sem ser engraçado
a quanto à terra se venha
erecto
mas sem pecado
um menir
um megalito
um grito ao alto bendito
por todos abençoado
será de barro talvez
original entremez
entre mãos afeiçoado
e todos irão à vez
afagá-lo por ser falo
ou afogá-lo coitado
mas que não seja indiferente
ser tido por tanta gente
e ninguém lograr deitá-lo
ingente
imenso obelisco
artifício de alto risco
um brado ao céu apontado
que se afunda no universo
pela estreiteza de um verso
que por bem queira entalá-lo
junte-se a turba
professa
mais na curva ou na cabeça
que mister é mais louvá-lo
e de quanto lhe aprouver
venha homem ou mulher
com bravas vozes cantá-lo
se gente somos
impantes
fulanos mirabolantes
foliões de amor à vida
é porque em dado momento
à criatura-espavento
a nossa mãe deu guarida.
OrCa
_______________________
Já somos20 21. Quem dá mais?
bem no centro
do País
é o momento
de erigir monumento
a Príapo consagrado
algo assim que graça tenha
mesmo sem ser engraçado
a quanto à terra se venha
erecto
mas sem pecado
um menir
um megalito
um grito ao alto bendito
por todos abençoado
será de barro talvez
original entremez
entre mãos afeiçoado
e todos irão à vez
afagá-lo por ser falo
ou afogá-lo coitado
mas que não seja indiferente
ser tido por tanta gente
e ninguém lograr deitá-lo
ingente
imenso obelisco
artifício de alto risco
um brado ao céu apontado
que se afunda no universo
pela estreiteza de um verso
que por bem queira entalá-lo
junte-se a turba
professa
mais na curva ou na cabeça
que mister é mais louvá-lo
e de quanto lhe aprouver
venha homem ou mulher
com bravas vozes cantá-lo
se gente somos
impantes
fulanos mirabolantes
foliões de amor à vida
é porque em dado momento
à criatura-espavento
a nossa mãe deu guarida.
OrCa
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Já somos
Se a minha mãe soubesse as companhias com que ando...
Lembram-se quando, em Outubro, o Blogger suspendeu este blog?
Na altura, coloquei o problema no forum de ajuda do Blogger. Entretanto, tudo ficou resolvido. Mas o meu pedido de ajuda ficou lá... e recentemente alguém respondeu, listando "216 gay blogs «Under Review» and locked out to viewers by Google Blogger between August 15-October 11, 2009". Desses, destaco alguns dos nomes que achei mais... curiosos:
001 Hot as Fuck
A Beautiful Behind
Afro Bones
All Masculine Male
Asterix Backroom Balloons
Be Naked Everywhere
Bears R Us
Boytoy Toyboy
Gay Tambem É Gente
Get It Out In Public
I Want To Smell His Pits
Jackoff Material
Loving Penetration
Piel De Angel
Pocket-Rocket
Sean's Wet Dreams
Shaved and Proud
Sperm My Cum Hole
Wallpaper For the Gay Eye
Na altura, coloquei o problema no forum de ajuda do Blogger. Entretanto, tudo ficou resolvido. Mas o meu pedido de ajuda ficou lá... e recentemente alguém respondeu, listando "216 gay blogs «Under Review» and locked out to viewers by Google Blogger between August 15-October 11, 2009". Desses, destaco alguns dos nomes que achei mais... curiosos:
001 Hot as Fuck
A Beautiful Behind
Afro Bones
All Masculine Male
Asterix Backroom Balloons
Be Naked Everywhere
Bears R Us
Boytoy Toyboy
Gay Tambem É Gente
Get It Out In Public
I Want To Smell His Pits
Jackoff Material
Loving Penetration
Piel De Angel
Pocket-Rocket
Sean's Wet Dreams
Shaved and Proud
Sperm My Cum Hole
Wallpaper For the Gay Eye
26 outubro 2009
C for Fucking Cê de Lolita...
ora bem, este é em especial para aqueles que vocês sabem, o poema é inteiramente da minha autoria. embora alguns digam que só faço é copiar os outros, não é verdade. acontece, por vezes, repetir o que alguém já escreveu, mas isso não é copiar. eu explico. V.Exas dirão: é cópia. eu digo: não é.
o meu cérebro tem diversas gavetas, tudo o que leio fica retido, crio gavetas, uma para a poesia, outra para a prosa, etc... é assim o meu cérebro, assimila tudo, mesmo aquela parte que dizem estar inactiva, que qualquer ser humano ainda não desenvolveu, eu já lá estou. por vezes, dizem: isto que tu escreveste é deste ou daquele, tudo autores conhecidíssimos. - isso é sobrenatural, man, deve ter sido armazenado no compartimento 12, saiu, já cá está, mas tens a certeza que foi o Virgílio Ferreira que escreveu? - dizem-me que sim.
a culpa não é minha, meus senhores, armazenei o texto, mas os autores misturaram-se todos, tanto, que não sei se é meu (original) ou meu (do armazém).
V. Exas vejam, todos os dias leio, mais que um livro, por acaso, agora só estou a ler um, é muito complicado, difícil de absorver, chama-se: O Colégio Das Quatro Torres, de Enid Blyton. conhecem? tem 167 páginas, mas transcendente! é a Ludovina, a Milú, a Diana, a miss Winter, a Alice... estou realmente embrenhado na leitura.
agora, o facto de ter entrado no blog porcalhoto, obriga-me a uma publicação mais ou menos assídua, dado que a São Rosas é uma poeta e me desafiou, tenho de não a desiludir.
vou "pôr" aqui um poema meu, mas aviso desde já:
1º - não é cópia, apesar de estar publicado no Pleasuredome. não é cópia. foi escrito por mim.
2º - aviso as senhoras que não é aconselhável fazerem o visionamento do mesmo. não é decente, não lhes fica bem. muito menos deixarem comentário, correm o risco de serem apelidadas de "putativas com cio", ou nerds,"oferecidas" não sou eu que o digo, são outros e outras. têm razão? claro que têm. eu sempre avisei.
aqui vai ele, com todo o amor sincero que sinto no peito.
passo ao poema:
ai! a arte de foder
fodes, fodo, é fodido!
foder por foder
com conas, caralhos
a foda é a foda.
boa? má?
se foderes com convicção
pode ser que tenhas um irmão...
mas esse obscuro caralho
que metes na boca, ou enfias na cona,
mesmo sem saberes, fala.
eu não quero só foder,
eu quero penetrar em ti
e fazer-te vir.e depois
e depois? amar-te! amar-te!
depois masturbar-me para ti,
se ainda não me tiver vindo.
se foderes sem amor
podes ter de ficar pelo des'amor.
masturbar-me para ti?
levar a mão à tua rata
enfiar lá os dedos, enquanto
tu me envolves com as tuas pernas.
estou duro, estou prestes a ejacular!
então tu saltas sobre mim
e esfregas, e esfregas a tua cona
no meu caralho duro. nem sequer
entro dentro de ti. ejaculo, e tu?
fodi contigo,
mas não te amei,
o meu caralho só se enfiou
na tua cona e ejaculou.
e tu, vieste-te, sem olhar
a quem enfiavas
na tua rata...
________________________
Putativa Com Cio "PCC":
"Quando entraste na minha cona
com esse teu caralho duro
Baralhaste-te da mona
Pensaste que eu era um muro
Masturbas-te-te à maluca
com o caralho na mão
Deste peido, de batuca
Mas não te vieste, não
Esgatanhaste-me a conaça
com essa unhaca feroz
Tornaste-te uma ameaça
Quizeste ser meu algoz
Agora, chorando tristezas
com esta cona toda rôta
Sou vítima das tuas vilezas
Em mim, já ninguem bota
Esse teu caralho louco
que nunca chegou a foder
Não é mais que um velho toco
Incapaz de me aquecer."
OrCa:
"com tantos rasgados folhos
tanto entrar, tanto sair
e a tremura dos olhos
a dizer: «ai, estou-me a vir!»
lembrei-me daquele utente
que o relógio lá deixou
quando deu queca valente
e quando por ele voltou
encontrou-se frente a frente
com gê-nê-erre de estalo
que num mesmo incidente
ali perdera o cavalo..."
o meu cérebro tem diversas gavetas, tudo o que leio fica retido, crio gavetas, uma para a poesia, outra para a prosa, etc... é assim o meu cérebro, assimila tudo, mesmo aquela parte que dizem estar inactiva, que qualquer ser humano ainda não desenvolveu, eu já lá estou. por vezes, dizem: isto que tu escreveste é deste ou daquele, tudo autores conhecidíssimos. - isso é sobrenatural, man, deve ter sido armazenado no compartimento 12, saiu, já cá está, mas tens a certeza que foi o Virgílio Ferreira que escreveu? - dizem-me que sim.
a culpa não é minha, meus senhores, armazenei o texto, mas os autores misturaram-se todos, tanto, que não sei se é meu (original) ou meu (do armazém).
V. Exas vejam, todos os dias leio, mais que um livro, por acaso, agora só estou a ler um, é muito complicado, difícil de absorver, chama-se: O Colégio Das Quatro Torres, de Enid Blyton. conhecem? tem 167 páginas, mas transcendente! é a Ludovina, a Milú, a Diana, a miss Winter, a Alice... estou realmente embrenhado na leitura.
agora, o facto de ter entrado no blog porcalhoto, obriga-me a uma publicação mais ou menos assídua, dado que a São Rosas é uma poeta e me desafiou, tenho de não a desiludir.
vou "pôr" aqui um poema meu, mas aviso desde já:
1º - não é cópia, apesar de estar publicado no Pleasuredome. não é cópia. foi escrito por mim.
2º - aviso as senhoras que não é aconselhável fazerem o visionamento do mesmo. não é decente, não lhes fica bem. muito menos deixarem comentário, correm o risco de serem apelidadas de "putativas com cio", ou nerds,"oferecidas" não sou eu que o digo, são outros e outras. têm razão? claro que têm. eu sempre avisei.
aqui vai ele, com todo o amor sincero que sinto no peito.
passo ao poema:
ai! a arte de foder
fodes, fodo, é fodido!
foder por foder
com conas, caralhos
a foda é a foda.
boa? má?
se foderes com convicção
pode ser que tenhas um irmão...
mas esse obscuro caralho
que metes na boca, ou enfias na cona,
mesmo sem saberes, fala.
eu não quero só foder,
eu quero penetrar em ti
e fazer-te vir.e depois
e depois? amar-te! amar-te!
depois masturbar-me para ti,
se ainda não me tiver vindo.
se foderes sem amor
podes ter de ficar pelo des'amor.
masturbar-me para ti?
levar a mão à tua rata
enfiar lá os dedos, enquanto
tu me envolves com as tuas pernas.
estou duro, estou prestes a ejacular!
então tu saltas sobre mim
e esfregas, e esfregas a tua cona
no meu caralho duro. nem sequer
entro dentro de ti. ejaculo, e tu?
fodi contigo,
mas não te amei,
o meu caralho só se enfiou
na tua cona e ejaculou.
e tu, vieste-te, sem olhar
a quem enfiavas
na tua rata...
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Putativa Com Cio "PCC":
"Quando entraste na minha cona
com esse teu caralho duro
Baralhaste-te da mona
Pensaste que eu era um muro
Masturbas-te-te à maluca
com o caralho na mão
Deste peido, de batuca
Mas não te vieste, não
Esgatanhaste-me a conaça
com essa unhaca feroz
Tornaste-te uma ameaça
Quizeste ser meu algoz
Agora, chorando tristezas
com esta cona toda rôta
Sou vítima das tuas vilezas
Em mim, já ninguem bota
Esse teu caralho louco
que nunca chegou a foder
Não é mais que um velho toco
Incapaz de me aquecer."
OrCa:
"com tantos rasgados folhos
tanto entrar, tanto sair
e a tremura dos olhos
a dizer: «ai, estou-me a vir!»
lembrei-me daquele utente
que o relógio lá deixou
quando deu queca valente
e quando por ele voltou
encontrou-se frente a frente
com gê-nê-erre de estalo
que num mesmo incidente
ali perdera o cavalo..."
Adivinha o que é...
Não é dificil, querem arriscar?
________________________________
São Rosas: "É obviamente um dispensador de senhas numeradas!
Paula Raposo: "Uma ventoinha..."
Sudocu: "Trabalha a pilas?"
Bartolomeu: "Aquilo é a mais recente descoberta tecnológica! designa-se por removedor de teias-de-aranha, mas o nome científico é Lambe Pappus Rotativius. Foi descoberto e aperfeiçoado para ser comercializado pela famosa equipa de cientistas «os 3 Paco», da família dos Nassa, coadjuvado pelos seus assistentes Paco também, mas pertencentes à família dos Ninha e dos Nita. O «aparelho» encontra-se já à venda no mercado pela módica quantia de 60 xelins e duas fodas de pé. As encomendas podem ser feitas via internet para o sai-te de cima que vem gente, pesas arrobas, por isso é que ando com a coluna toda torta ponto, pronto, toma lá hoje, cámanhã não há.
São Rosas: "Eu acho que é uma nora... só não sei onde está o sogro."
o sadio de sempre: "isto é uma máquina para beber leite quente dum pires sem queimar logo a língua. teno uma comprada no tvshop da hong kong news por 9,56 us dólares, portes incluídos."
Caetano: "Aposto que isto serve para dar mobilidade aos patinhos de borracha... Ou então é um espalha-bases... vá, também pode ser uma ventoinha portátil... ... ... Aquilo são línguas?!"
shark: "Eu só imagino aquilo a trabalhar, à chapada no equipamento da malta. Da malta com pila, claro..."
raim: "Isto só poderia ter saido da cabeça de um FILÓLOGO (Diciordinário Ilustarado pág.41)"
JOTA ENE: "É fácil... um auto-estimulador genital, será?"
São Rosas: "A sério?!"
Viriato: "Isto será um verdadeiro e bem engendrado lembéconas ou lembécus... ou... não sei como se escreve!"
São Rosas: "Não sabes como se escreve mas sabes como funciona!"
pintelhinho: "Isto é um Lambe Cus de bolso. Ideal para os engraxas que trabalham na função pública e não só..."
Custou mas foi!
Andava há anos a tentar comprar alguns livros brasileiros, sem sucesso. Tentei na Submarino.com durante vários meses. Aceitavam a minha encomenda mas dava sempre um problema, que não me conseguiam explicar. Até que, depois de uma carrada de e-mails, descobri que só exportavam livros que fossem pagos por cartões de crédito emitidos... no Brasil! Putisgrila! Genial!
Quem me valeu foi a Teresinha, moça brasileira visitante do Blogotinha, que me sugeriu a Livraria Saraiva. Sumpimpa! E os livros já cá cantam. E ficou a promessa: Teresinha, tu e a tua família, quando um dia vierem a Portugal, têm um vale vitalício para um leitão à moda da Bairrada regado a espumante da mesma.
«Tesão e Prazer - Memórias Eróticas de um Prisioneiro» de Luiz Alberto Mendes
«Sex Shop - Contos de Humor Erótico» de Gisela Rao
«Catecismo de Devoções - Intimidades & Pornografias» por Xico Sá
«Stockadas» de Stocker
«História Sexual da MPB - A Evolução do Amor e do Sexo na Canção Brasileira» - de Rodrigo Faour
Quem me valeu foi a Teresinha, moça brasileira visitante do Blogotinha, que me sugeriu a Livraria Saraiva. Sumpimpa! E os livros já cá cantam. E ficou a promessa: Teresinha, tu e a tua família, quando um dia vierem a Portugal, têm um vale vitalício para um leitão à moda da Bairrada regado a espumante da mesma.
«Tesão e Prazer - Memórias Eróticas de um Prisioneiro» de Luiz Alberto Mendes
«Sex Shop - Contos de Humor Erótico» de Gisela Rao
«Catecismo de Devoções - Intimidades & Pornografias» por Xico Sá
«Stockadas» de Stocker
«História Sexual da MPB - A Evolução do Amor e do Sexo na Canção Brasileira» - de Rodrigo Faour
25 outubro 2009
Poesia do amanhecer
Abrir os olhos
Num novo idioma
Resvalando com ternura
Para um novo aroma
Suave e delicado
Como um intenso sonhar
Sentir o corpo
Que quer amar
Olhar outra vez
E ver os olhos chorar
Gotas de orvalho
Para te bem-fadar.
Maria Escritos
blog Escritos e Poesia
______________________
A Maria Escrito começa bem. Já tem uma ode do Charlie:
"E se bem fada
Esta Maria que o orvalho tem
Fada e sonha, no sonho me (e)leva
E já em sonhos, por seu sonho levado
Ai, Maria...
antes mais que uma fada
Fadar-te-ia o sonho
Antes que ele
se desfadasse
num acordar seco
numa coisa de nada..."
Coração de papel
Tenho um coração de papel desenhado;
tenho um coração de papel, por ti pintado.
Eu tenho um coração recortado de papel
um coração de papel que partirá rasgado
quando sair desses teus dedos de pincel
neles, está colado;
tenho um coração de papel
um coração de papel, do tinteiro sonhado;
frágil como o sonhar acordado.
Tenho um coração de papel esculpido
tenho um coração de papel, por ti moldado.
Eu tenho um coração trabalhado de papel
um coração de papel que quebrará corroído
quando sair dessa tua mão de frágua pastel
nela, está tingido,
tenho um coração de papel
um coração de papel, do tinteiro escorrido;
frágil, pode acordar debotado.
tenho um coração de papel, por ti pintado.
Eu tenho um coração recortado de papel
um coração de papel que partirá rasgado
quando sair desses teus dedos de pincel
neles, está colado;
tenho um coração de papel
um coração de papel, do tinteiro sonhado;
frágil como o sonhar acordado.
Tenho um coração de papel esculpido
tenho um coração de papel, por ti moldado.
Eu tenho um coração trabalhado de papel
um coração de papel que quebrará corroído
quando sair dessa tua mão de frágua pastel
nela, está tingido,
tenho um coração de papel
um coração de papel, do tinteiro escorrido;
frágil, pode acordar debotado.
24 outubro 2009
A Sentença
A função decorria normalmente, com um pouco de gel lubrificante dada a ausência de preliminares e desenvolvia-se agora num modorrento e pastelão entra e sai que era mais uma espécie de obrigação conjugal do que um acto desejado, quando ele, como se a conversa já estivesse a decorrer ou, pelo menos, como se não o estivessem a fazer, continuou – que é a palavra certa, porque a forma como ele o disse dava a entender um diálogo prévio que, no entanto, apenas ele tinha ouvido:
– E eu acho que nos falta qualquer coisa.
Satisfeita com a interrupção – o gel tinha sido pouco e o dia longo – ela não fez qualquer menção à estranheza da situação e apenas perguntou:
– O quê?
– Não sei – respondeu o homem de imediato.
Ele, sem pensar nem julgar, sentiu-lhe o movimento das ancas propondo o afastamento, e retirou-se completamente de dentro dela, erguendo-se nos braços e nas pontas dos pés.
– Mas qualquer coisa de quê? – insistiu ela, em tom quase simpático.
Ele hesitou, afinal não se tinha vindo, que era o seu principal, senão único, móbil para a função mas prescindiu sem custo da triste descarga e concentrou-se na resposta que queria dar.
– Não sei – ouviu-se repetir.
Ela olhou-o, sentiu o peso afastar-se e, por uma vez, decidiu dar-lhe tempo para se justificar.
– Acho que nos falta qualquer coisa – recomeçou ele. – Que o acto de fazermos amor… Nem sei se ainda lhe chame assim…
– Fazermos amor?
– Sim.
– Como é que lhe querias chamar?
– Não sei mas não me parece que isto que ultimamente fazemos seja fazer amor.
– Débito conjugal? – propôs ela, legalista.
– Débito conjugal – repetiu ele, deixando escapar um risinho envergonhado e fraco. – É capaz de ser mais isso.
– Mas não queres fazer?
Era notório que não queria. Que não queriam.
– Quero, claro que quero – respondeu ele, diplomaticamente mas sem conseguir dar qualquer inflexão de verosimilhança à voz.
Ela ouviu-o e concluiu que, se ele ainda estivesse encima dela, lhe tinha dado uma joelhada nos testículos cheios. Nada diplomática, é certo, mas bem mais honesta que a resposta dele. Feliz pela impossibilidade da joelhada e por se ter lembrado dela, ela imaginou-o aos gritos a contorcer-se com dores e sorriu, diluindo o “quero, claro que quero” na vasilha das bem intencionadas mas completamente falhadas respostas masculinas.
– Não digas isso… – A voz saia-lhe doce, compreensiva, ainda que ela não percebesse porquê. – Não queres, pois não?
– Assim não – confirmou ele, depois de uma pausa. – É tudo demasiado mecânico. É como se estivéssemos a cumprir uma obrigação.
– E não estamos? – troçou a mulher com um sorriso breve. – Afinal, não estamos casados?
Ele ajeitou-se na cama, com um grunhido desaprovador.
Ela respondeu à sua própria pergunta:
– O débito conjugal é um dos deveres dos cônjuges, integra-se no dever de coabitação, legalmente previsto no artigo…
– Não me vais dar uma lição de direito, pois não? – interrompeu ele.
– Não – respondeu ela, contrariada: estava a gostar de se ouvir falar. – Mas não é por eu me calar que deixa de ser menos verdade – rematou acintosamente.
– Talvez.
– E não é um simples dever – recomeçou ela.
– Não?
– É um dever e um direito – declarou a mulher, panfletária. – Todos os cônjuges, homens ou mulheres, têm direito ao prazer sexual!
– Acho que a ideia do legislador ao aprovar o Código Civil não era bem essa – replicou o homem.
– Claro que não era – reconheceu ela, de pronto. – Mas isso agora não interessa nada, meu caro, os tempos são outros e o débito conjugal tanto é um direito que nos assiste como um dever que temos de cumprir.
– Visto assim…
Ela ergueu as sobrancelhas e permitiu-se sorrir, feliz com a encolhida concordância dele.
– Visto assim até parece uma coisa boa! – concluiu ele, mostrando-lhe a língua.
A mulher emparedou o sorriso com um ar sentido e grave, semicerrou as pálpebras, fixou-o com o mesmo ar decidido e frio com que normalmente fixava os arguidos na sala de audiências e perguntou:
– Essa língua de fora é um convite ou uma participação de algo que me vais fazer?
Os olhos dele não esconderam um sorriso brilhante, a cara sim.
– Por momentos, parecia que me ias condenar – disse ele, sem lhe responder. – Que ar tão sério. – E condeno-te – aproveitou ela –, condeno-te a usares a língua para cumprimento dos teus deveres conjugais, para satisfação integral do teu dever de coabitação e para a execução imediata da pena conjugal a que te condenaste quando casaste comigo.
– Sim, Meritíssima – anuiu ele, num sussurro, lambendo-a lentamente a caminho do local do cumprimento da pena.
– E eu acho que nos falta qualquer coisa.
Satisfeita com a interrupção – o gel tinha sido pouco e o dia longo – ela não fez qualquer menção à estranheza da situação e apenas perguntou:
– O quê?
– Não sei – respondeu o homem de imediato.
Ele, sem pensar nem julgar, sentiu-lhe o movimento das ancas propondo o afastamento, e retirou-se completamente de dentro dela, erguendo-se nos braços e nas pontas dos pés.
– Mas qualquer coisa de quê? – insistiu ela, em tom quase simpático.
Ele hesitou, afinal não se tinha vindo, que era o seu principal, senão único, móbil para a função mas prescindiu sem custo da triste descarga e concentrou-se na resposta que queria dar.
– Não sei – ouviu-se repetir.
Ela olhou-o, sentiu o peso afastar-se e, por uma vez, decidiu dar-lhe tempo para se justificar.
– Acho que nos falta qualquer coisa – recomeçou ele. – Que o acto de fazermos amor… Nem sei se ainda lhe chame assim…
– Fazermos amor?
– Sim.
– Como é que lhe querias chamar?
– Não sei mas não me parece que isto que ultimamente fazemos seja fazer amor.
– Débito conjugal? – propôs ela, legalista.
– Débito conjugal – repetiu ele, deixando escapar um risinho envergonhado e fraco. – É capaz de ser mais isso.
– Mas não queres fazer?
Era notório que não queria. Que não queriam.
– Quero, claro que quero – respondeu ele, diplomaticamente mas sem conseguir dar qualquer inflexão de verosimilhança à voz.
Ela ouviu-o e concluiu que, se ele ainda estivesse encima dela, lhe tinha dado uma joelhada nos testículos cheios. Nada diplomática, é certo, mas bem mais honesta que a resposta dele. Feliz pela impossibilidade da joelhada e por se ter lembrado dela, ela imaginou-o aos gritos a contorcer-se com dores e sorriu, diluindo o “quero, claro que quero” na vasilha das bem intencionadas mas completamente falhadas respostas masculinas.
– Não digas isso… – A voz saia-lhe doce, compreensiva, ainda que ela não percebesse porquê. – Não queres, pois não?
– Assim não – confirmou ele, depois de uma pausa. – É tudo demasiado mecânico. É como se estivéssemos a cumprir uma obrigação.
– E não estamos? – troçou a mulher com um sorriso breve. – Afinal, não estamos casados?
Ele ajeitou-se na cama, com um grunhido desaprovador.
Ela respondeu à sua própria pergunta:
– O débito conjugal é um dos deveres dos cônjuges, integra-se no dever de coabitação, legalmente previsto no artigo…
– Não me vais dar uma lição de direito, pois não? – interrompeu ele.
– Não – respondeu ela, contrariada: estava a gostar de se ouvir falar. – Mas não é por eu me calar que deixa de ser menos verdade – rematou acintosamente.
– Talvez.
– E não é um simples dever – recomeçou ela.
– Não?
– É um dever e um direito – declarou a mulher, panfletária. – Todos os cônjuges, homens ou mulheres, têm direito ao prazer sexual!
– Acho que a ideia do legislador ao aprovar o Código Civil não era bem essa – replicou o homem.
– Claro que não era – reconheceu ela, de pronto. – Mas isso agora não interessa nada, meu caro, os tempos são outros e o débito conjugal tanto é um direito que nos assiste como um dever que temos de cumprir.
– Visto assim…
Ela ergueu as sobrancelhas e permitiu-se sorrir, feliz com a encolhida concordância dele.
– Visto assim até parece uma coisa boa! – concluiu ele, mostrando-lhe a língua.
A mulher emparedou o sorriso com um ar sentido e grave, semicerrou as pálpebras, fixou-o com o mesmo ar decidido e frio com que normalmente fixava os arguidos na sala de audiências e perguntou:
– Essa língua de fora é um convite ou uma participação de algo que me vais fazer?
Os olhos dele não esconderam um sorriso brilhante, a cara sim.
– Por momentos, parecia que me ias condenar – disse ele, sem lhe responder. – Que ar tão sério. – E condeno-te – aproveitou ela –, condeno-te a usares a língua para cumprimento dos teus deveres conjugais, para satisfação integral do teu dever de coabitação e para a execução imediata da pena conjugal a que te condenaste quando casaste comigo.
– Sim, Meritíssima – anuiu ele, num sussurro, lambendo-a lentamente a caminho do local do cumprimento da pena.
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