Bebe-me
que eu sirvo-te estremeções,
que eu sirvo-te a dor,
que eu sirvo-te rasgões,
por uma gota de amor;
as termas doces e os olhos toscos
que me sondaram;
as temperaturas que arranharam
testemunharam
o milagre dos líquidos nossos.
Hoje não me apetece escrever
porque não me apetece saber
mais do que o sabor do teu cheiro;
lembro-me de te morder para não gemer,
sinto a memória para não prever
que nem chegaríamos a Janeiro.
E se eu te der razão? A que nos condeno?
À falta de sentido que sei que existe
na ausência de pertencer a lugar em nós.
E se eu disser que sim, que entendo?
Eu entendo. Mas não entendes que eu tente
dizer que não e até perder a minha voz?