30 dezembro 2009
29 dezembro 2009
Final de tarde
Final de tarde em Junho.
O ano (não interessa).
Inesperadamente
beijaste-me
como quem se entrega,
como se me dissesses
que sim - que nos amaríamos -
que a partir daquele momento
a nossa relação
valeria a pena.
Engano.
Não valeu a pena.
Trouxe sofrimento
e lágrimas
(não arrependimento)
e deixou-me, mesmo assim,
o sabor doce
do teu sexo em explosão.
Foto e poesia de Paula Raposo
Diálogo em verso entre o Santoninho e a Joana Well
... a propósito do poema «Luxúria», lido pelo Luís Gaspar:
Santoninho:
Nos teus lábios, eu descanso o meu falo...
Nos teus lábios, o descanso ele não tem...
E olhas, sem saber como acabá-lo...
E aperta-lo p'ra saber quando se vem...
Não descansas, não descanso... e sorrio,
E estremeço a cada beijo que lhe dás...
Meu corpo treme o tremor dum arrepio,
E os meus lábios sussuram "não te vás"!
Joana Well:
Lindo
Esculpindo e beijando
viajando
sorrindo
imaginando
sentindo
ai! que me findo!
Santoninho:
Não se finde, que fenece...
Etérea... subindo no ar...
E, nas nuvens, arrefece...
Num gelo frio de rachar!
Santoninho:
Nos teus lábios, eu descanso o meu falo...
Nos teus lábios, o descanso ele não tem...
E olhas, sem saber como acabá-lo...
E aperta-lo p'ra saber quando se vem...
Não descansas, não descanso... e sorrio,
E estremeço a cada beijo que lhe dás...
Meu corpo treme o tremor dum arrepio,
E os meus lábios sussuram "não te vás"!
Joana Well:
Lindo
Esculpindo e beijando
viajando
sorrindo
imaginando
sentindo
ai! que me findo!
Santoninho:
Não se finde, que fenece...
Etérea... subindo no ar...
E, nas nuvens, arrefece...
Num gelo frio de rachar!
Duas estatuetas africanas em madeira
28 dezembro 2009
Desequilíbrio
Sentou-se na mesa, diante dela.
Em silêncio, começou a construir um castelo de cartas.
Guardou para o fim o ás de copas, que lhe mostrou antes de o colocar no topo como uma cereja no bolo ou uma estrela na árvore de natal.
Equilibrou a custo a carta final do baralho que utilizou e foi então que olhou fixamente para ela, atónita enquanto assistia à difícil construção.
Depois colocou diante do castelo um coração, equilibrado a custo com um fósforo por detrás.
Olhou de novo para ela, muito sério na expressão, e retirou da base uma dama.
E tudo desabou.
Em silêncio, começou a construir um castelo de cartas.
Guardou para o fim o ás de copas, que lhe mostrou antes de o colocar no topo como uma cereja no bolo ou uma estrela na árvore de natal.
Equilibrou a custo a carta final do baralho que utilizou e foi então que olhou fixamente para ela, atónita enquanto assistia à difícil construção.
Depois colocou diante do castelo um coração, equilibrado a custo com um fósforo por detrás.
Olhou de novo para ela, muito sério na expressão, e retirou da base uma dama.
E tudo desabou.
Grito
Não é ocasional, és tu,
essa tua intensidade feroz
que te faz cheirar a grito!
Ah, pois bem! Agora admito
que quando me deito e te aceito
te quero assim, atroz;
e no teu grito me cito
para que possa gritar por nós.
Vem cá, agora que estamos sós
e te podes curar do que foi finito;
dá a boca fria ao beijo que o meu peito
entrega à angústia da tua voz;
faz das minhas pernas quentes foz,
desagua o rio do teu grito aflito.
essa tua intensidade feroz
que te faz cheirar a grito!
Ah, pois bem! Agora admito
que quando me deito e te aceito
te quero assim, atroz;
e no teu grito me cito
para que possa gritar por nós.
Vem cá, agora que estamos sós
e te podes curar do que foi finito;
dá a boca fria ao beijo que o meu peito
entrega à angústia da tua voz;
faz das minhas pernas quentes foz,
desagua o rio do teu grito aflito.
«Les Pornographes - vol. 1»
Na minha colecção, tenho música em vários suportes (cassete, vinil, CD,...).
Os franceses têm um património oral e escrito riquíssimo, também neste domínio das canções malandrecas.
Este LP em vinil chegou fresquinho de França à minha colecção.
Face A
Le plus beau cul
La grosse poilue
Pompe moi le noeud
Celle du Senegalais
Ladie salope
Face B
Quand tu mouilles
Partouse car
Change pas de main
Ketch la bouche pleine
Les prenoms braguettes
E como não sou egoísta, partilho as dez canções convosco:
27 dezembro 2009
O que eu queria !
Queria poder dar-te o impossível,
Agarrar todas as estrelas que há no céu!
E mostrar-te que o Universo é tangível,
Oferecer-te, num beijo, tudo o que é meu!
Queria ver, nos teus olhos, mil desejos...
E, nos teus lábios, palavras de loucura!
Queria encher-te a boca com meus beijos,
Deixar-te o corpo com frémitos de tremura!
Queria preencher os recônditos espaços
Onde guardas, para mim, os teus tesoiros!
E queria abraçar-te com meus braços,
Afagar, sim, os teus cabelos loiros!
Queria possuir-te numa noite de luar,
Desenhar-te, traço a traço, num esboço...
Queria, meu amor, tanta coisa pra te dar,
Queria...oh, se queria! Mas não posso...
Agarrar todas as estrelas que há no céu!
E mostrar-te que o Universo é tangível,
Oferecer-te, num beijo, tudo o que é meu!
Queria ver, nos teus olhos, mil desejos...
E, nos teus lábios, palavras de loucura!
Queria encher-te a boca com meus beijos,
Deixar-te o corpo com frémitos de tremura!
Queria preencher os recônditos espaços
Onde guardas, para mim, os teus tesoiros!
E queria abraçar-te com meus braços,
Afagar, sim, os teus cabelos loiros!
Queria possuir-te numa noite de luar,
Desenhar-te, traço a traço, num esboço...
Queria, meu amor, tanta coisa pra te dar,
Queria...oh, se queria! Mas não posso...
Tatuagem
Marcas-me a vida
Como uma tatuagem,
No meu corpo
Sem reencontro,
Deixas-me num minuto
E as palavras sobram
Num livro sem imagens.
Figurante nesta peça,
Saio de cena sem alarde,
Voltando à casa
De onde nunca parti,
Perdendo-me no caminho
Do meu corpo.
Febrilmente marcas-me
Os sentidos
E deixas-me só, muda
Sem saber
Onde me encontro agora.
A tatuagem permanece,
Mas eu não....
Foto e poesia de Paula Raposo
Tintas @MissJoanaWell
Tintas: não passes por cima do castanho, o cinzento desaparece.
Tintas: de que cor é perto?
Tintas: a que cheira a tinta da cor de ti?
Tintas: pintei uma ponte da cor dos teus joelhos. Escondi-me debaixo dela.
Tintas: agora, é a tua vez. Pinta-me a roupa, para a poder tirar.
Estás a escolher as tintas, como palavras, cauteloso. Escolhi-te porque consegues jorrar, livre.
Mergulhei as pernas no teu tinteiro. Carimbei as tuas ancas, as tuas costas.
Entinteci.
O tinteiro do tempo. Branco. Mergulhei as mãos. Agarrei o teu cabelo. Envelheci-te.
Mistura bem as nossas tintas. Mas deixa linhas dos nossos tons.
Carimbei as asas no teu lençol. Mas não me deitei.
Não vês as minhas asas marcadas na tua janela. Porque ainda estou aqui. A pintar estrelas de amarelo e branco. A tingir-te.
Sou de leite, sou de água, sobre o papel; sou do leito, sou de tábua, sob o teu pincel.
Silêncio é bom quando não seca a tinta.
Sou tinta a escorrer-te em palavras. Contas as cores?
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