08 fevereiro 2010

Nudez

Perdoa-me, meu amor,
se chego demasiado tarde
ou demasiado cedo,
no teu tempo.
Em mim, só a sede decide,
a vontade é brinquedo
nas mãos despidas do teu corpo.

Perdoa-me, meu amor,
se te desejo quase tudo
ou quase nada,
na tua vontade.
Em mim, só a fome manda
e o tempo, esfomeado,
come da tua nudez a saudade.

Perdoa-me, meu amor
se quase nada vejo
ou se vejo demais,
na tua imagem.
Em mim, só ordena o desejo
que me cegue nos temporais
e me seque nua na tua folhagem.

«Curvas Perigosas» (1 e 2) - Maitena

A cartunista argentina Maitena publicou estes dois livros sobre o muito cuidado que é preciso ter com... as curvas. E as feminininas, bem mais perigosas que as do asfalto, como referem nesta sinopse: "Maitena escolheu as curvas porque sabe como ninguém que as voltas mais perigosas não são exatamente as do corpo, mas as da mente. (...) não há chefe ou marido capaz de deixar uma mulher tão alterada quanto um rabo caído ou um centímetro a mais de cintura. Tudo bem, as mulheres não são todas iguais, mas passam pelas mesmas coisas e, por tabela, os homens ao lado delas também."
A partir de agora, também na minha colecção.



Dois exemplos dos conteúdos:


Círculo vicioso.



A luz da razão.

07 fevereiro 2010

Novo ciclo


Em tempos idos
disseste que eu não existia;
era uma miragem,
porque os meus olhos
reflectiam o meu pensamento.

Nesses tempos idos
disseste tanta coisa que já esqueci;
entretanto, perdi-me, por aí,
porque os olhos deixaram
de entender.

Os tempos são idos
e com eles a penumbra
fechou-se:
- um novo ciclo se inicia.

Foto e poesia de Paula Raposo

Diálogo sobre bigodes (e Rosas) no Facebook

São Rosas: "A um homem fica bem usar bigode de vez em quando"


Rui P.: "Sim... São Rosas, tens razão: «de vez em quando um bigode fica bem a um homem»; Eu diria mais: até numa rosa um bigode fica a matar!"

Os segredos do sexo oral

Uma fera na cama!


crica para visitares a página John & John de d!o

06 fevereiro 2010

Livro de Eros (fragmentos)

por Casimiro de Brito


967

Cuida-te, amor. Ama. Debruça-te e colhe a flor. “Carpite florem”, que se não for colhida por si mesma cairá. Sem beleza, cairá. Onda dura. Mais dura do que a rocha, se a não escava. São essas águas, tépidas e flexíveis, as do teu corpo, de que preciso para sobreviver; é o mel da tua língua e a carícia interior do teu sexo de que preciso para limar e arejar e amolecer a pedra triste do meu corpo. “Tu mihi sola places!”

993

O teu sexo quando o orgasmo sobrevém:
uma caixinha de música molhada.

1011

Amo-te porque não te conheço.

Saibas tu manter-me na ignorância dos teus enigmas.




Fotografias de Luís Mendonça

Susana: um simples conto

Não, meu amor, a questão fatal não é se vamos conseguir - a vida é um novelo nosso de sucessos e insucessos; a questão que tudo pode esmagar, bastante mais escondida - os alicerces estão sempre escondidos - é se vamos tentar. E eu aqui, a olhar-te sem te conseguir tocar, presa nesta minha incapacidade de te responder... E eu aqui, atenta a ti sem te conseguir dizer; presa na falta de fé que transpiraste, de passos presos de tanto medir os teus. E chega a apatia, este saber ter-te apenas em momentos e nunca te chamar; e chega o hedonismo, este leve habitar-te num momento de sonho, sem nunca sonhar com os momentos colados, sem saber como sonhar com um amanhã. Inundas-me as horas, sim, mas as horas são estanques e não transbordam dias, nem semanas, nem meses, nem anos, nem vida. Sei abrir a porta do quarto mas não sei abrir a porta de casa e, meu amor, a janela está muito muito alta.

Dança erótica num filme de 1910

Quando o filme «Afgrunden» foi exibido pela primeira vez em 1910, esta cena com uma dança da actriz Asta Nielsen causou um grande burburinho (palavra tão gira e há que tempos eu não a escrevia).

Uma Verdade Inconveniente!


Nem .wmv!

Capinaremos.com

05 fevereiro 2010

sem amar

reconheço no teu corpo
o homem que um dia amei
reconheço na tua pele
prazeres que um dia senti
revejo nos teus olhos
loucuras que um dia vivi

ainda gosto do teu corpo
da tua pele macia
do prazer que contigo sinto
das loucuras que nos guiam

e mais uma vez
me perco em ti
sem hesitar
sem amar

Corpos e Almas

Noite @MissJoanaWell


Durmo. Nunca acordo.
Porque, agora, a noite vinga-se e invade-me - como um dia tu me invadiste a noite.

Durmo. Nunca acordo.
Porque, agora, a noite é cruel e toca-me, constantemente - com a mesma profundidade com que, um dia, tu me tocaste a noite.

Durmo. Nunca acordo.
Porque, agora, a noite é ciumenta e penetra-me, densamente - com a mesma paixão com que, um dia, tu me penetraste a noite.

Durmo. Nunca acordo.
Porque, agora, a noite é vazia e enche-me, completamente - com a mesma sofreguidão com que, um dia, tu me encheste a noite.

Durmo. Nunca acordo.
Porque, agora, a noite é amante e toma-me, desenfreadamente - com a mesma fome com que, um dia, tu me tomaste a noite.

Durmo. Nunca acordo.
Porque, agora, a noite é cortante e ama-me, imperativamente - com a mesma firmeza com que, um dia, tu me amaste a noite.

Durmo. Nunca acordo.
Porque, agora, a noite é liquida e afoga-me, silenciosamente - com a mesma mudez com que, um dia, tu me afogaste a noite..

Durmo. Nunca acordo.
Porque, agora, a noite é viva e acorda-me, definitivamente - com a mesma força com que, um dia, tu me acordaste a noite.

Monumento à entrada da fábrica da CIMPOR em Souselas (Coimbra)

Digam lá que não é um enquadramento erótico...