06 fevereiro 2010

Livro de Eros (fragmentos)

por Casimiro de Brito


967

Cuida-te, amor. Ama. Debruça-te e colhe a flor. “Carpite florem”, que se não for colhida por si mesma cairá. Sem beleza, cairá. Onda dura. Mais dura do que a rocha, se a não escava. São essas águas, tépidas e flexíveis, as do teu corpo, de que preciso para sobreviver; é o mel da tua língua e a carícia interior do teu sexo de que preciso para limar e arejar e amolecer a pedra triste do meu corpo. “Tu mihi sola places!”

993

O teu sexo quando o orgasmo sobrevém:
uma caixinha de música molhada.

1011

Amo-te porque não te conheço.

Saibas tu manter-me na ignorância dos teus enigmas.




Fotografias de Luís Mendonça

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