28 fevereiro 2010

Um copo


Um copo. Um brinde.

Vens?
Ficas?!

Um copo e a incerteza,
o brinde e a não certeza...

Vamos?!
Claro.
Ficamos?!
Não sei...

Este copo e este brinde
é por ti. Por aí,
pela certeza da incerteza.

Pelo brinde certo
do copo que não fica...

Foto e poesia de Paula Raposo

Estremecer

Estremeço, sim, amor? Eu estremeço, lembras-te? E estremecer, ainda te lembras do que é estremecer? Já conseguiste perder-te assim, sem mim? Já fizeste voar mais gemidos e suspiros? Já mais alguém apanhou os teus do ar e os prendeu nos cabelos? Devia ter-te agarrado bem, bem no meio das minhas coxas, fincado os pés nas tuas costas; devia ter parado esse teu vai-vem - esse erotismo triste sulcado de um eminente ir - ficavas num eterno vem, num constante vir. Ficar mudo, ainda te lembras de ficar mudo? Tantas palavras rebentavam a voz, não existia palavra para tantas palavras. Paravas e eu abria os olhos; paravas para eu abrir os olhos e enchias os teus de mim, da pele das minhas pernas escancaradas para olhares por mim a dentro; nem olhos nem pernas, só janelas e tu no interior de mim - em casa. Já entraste mais, amor? Ainda sabes o que é entrar? É estremecer.

Vamos ao cinema mudo (não, não é cine mamudo!)


Filme porno francês dos anos 20 do século XX

Eureka!


crica para visitares a página John & John de d!o

27 fevereiro 2010

Amor, tenho um vazio um bocadinho mais vazio.

Amor, tenho um vazio um bocadinho mais vazio.
Podes encher-me um bocadinho? Larga-te,
como um homem se deve largar, bem no centro
das minhas coxas e o meu vazio enche-se de cio.

Amor, tenho um vazio um bocadinho mais vazio.
Podes encher-me um bocadinho? Perde-te
como um homem se deve perder, bem cá dentro,
dentro e fora, mendigo e senhor, rei e vadio.

Tenho um vazio um bocadinho mais vazio, amor;
não creio que seja frio, não creio que seja calor.
Podes encher-me um bocadinho? Cala-te
como um homem quando se deve calar, senta-te
como um homem se deve sentar; despe-te;
não creio que seja prazer, não creio que seja dor;
é este não ser a quase ser que se expandiu
num orgasmo ensurdecedor que nem se sentiu.


O Charlie não pode ouvir falar em amor que ode logo:

"Amor, a caminho, vou andando esconso
de odres fartos e colheita grossa.
Ao pé da horta a besta descanso
enquanto manso te toco à porta

Espreito p'la nesga, o brilho da sala
mas na horta as uvas que a vinho exalam
Levam-me a lingua em pistas molhadas
primeiro p'lo caminho onde as mãos ja lavraram

E entro na sala, primeiro um dedo
a mão trabalhando, na porta quase a medo
E volto a sair, fingindo envergonhado
para voltar depois já de dedo duplicado

E já não é dedos, é tudo mão, uma, duas
a sala de portas abertas e nuas
estremece o solo, a terra mãe quente
afoga-me as mãos, no seu fluido fervente

e não há mais frio nem vontades de nada
nem outro desejo que beber tudo à farta
e retiro as mãos de copo quase meio vazio
que outro cheio já volta, num farto avio"


O Bartolomeu não se lhe fica (mas vai) atrás:

"Amor, como os os teus vazios são três
E o Charlie se encarregou de um deles
Abre bem as tuas coxas, agora é a minha vez
Vamos tirar-te o frio, com o agasalho mais belo
Cobrindo-te com altivez
Com o nosso casaco de peles
Abre para mim o caminho que leva ao teu castelo
Deixa que te tome as muralhas e te fure a porta d'armas
Que te conquiste o paiol e te invada o dossel
Que viole as tuas aias
E o teu mordomo Manel
E no fim... ainda de bandeira hasteada
Cantaremos o belo hino, dos três da vida airada!"

Arre, burro!

A aquisição mais fresquinha da minha colecção veio do Reino Unido: um colar com uma cena retirada da obra «Canterbury Tales» (contos da Cantuária), de Geoffrey Chaucer.


Colar «Canterbury Tales»

Balada das Duas Mocinhas de Botafogo

Botafogo, bairro carioca dos casarões antigos, das colegiais em flor... e do cemitério. Duas irmãs como só Vinícius de Moraes viu.




Link directo para o filme aqui.

Dia de Sol!

Da série: Sendo um desgraçado em um único passo.


O bronzeado final vai ficar uma maravilha!

Capinaremos.com

26 fevereiro 2010

Pequena Carta da Vulva às Tuas Falanges

Procurei-te aquando o teu torso estava côncavo.
Onde as minhas fantasias se desnudaram e rebentaram.

Perguntei-te, na vertigem do espasmo sísmico, onde eu e tu nos tornamos visíveis.Unidos. Preciosos.
Será apenas um clarão dos centros ou nos meus delírios de fêmea?
Saía ardente, de onde se avassalam os desejos contínuos. Nas falanges. Suor. Carne que vibra dentro em mim. De baixo. Tensão. De cima. Esponja-se na ribeira brusca que nos descerra e nos inunda todos os sentidos, nos altos. Toco-me. Nas zonas últimas, sinto os teus dedos potentes. Plenos. Que me rasgam as trevas internas. Diz. Esmaga. Atiça. A brasa em ferro cai dentro deste nosso dia. Na brecha. Num lugar interior, cortam-me, as minhas orlas em fogo. Sento-te. Cego. Sinto-te. No assimétrico tesão, que na palavra em fogo te entrecruza e te desequilibra.

Espero-vos mais logo, aparecem?

[Blog Vermelho Canalha]

Um dia


Sei dos teus cabelos desgrenhados
e das tuas mãos descobrindo-me
- aos poucos -,
perdida a timidez inicial
(confessa),
tudo foi mais simples.

Continuo a saber dos teus cabelos,
assim, desgrenhados
e das tuas mãos à minha procura;
virás, um dia, alazão e ousado,
dizer-me de mim, o que eu já soube!

Então, eu tentarei inventar-te
nas respostas que não tive.

Foto e poesia de Paula Raposo

Gostas da cuequita?



Não, não perguntei se querias dar uma quequita!

Sistema revolucionário de rega automática de jardins

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