11 abril 2010

John & John numa tira com animação


crica para visitares a página John & John de d!o

Espera para ver...

John - "Aposto que tu tens alguma coisa a ver com o facto de eu, de repente, ter mamas."
John - "Talvez... mas acho que sei uma maneira de nos vermos livres delas. Deixa-me só apertá-las... assim..."
John - "Que diabo é que tu estás a fazer?!"

Querer


Querer: é um verbo demasiado forte;
gostar ou desejar: é mais suave.

Eu, hoje, gostaria de te ter aqui;
desejaria abraçar-te,
deixar-me levar nesse entusiasmo
(que sempre pões no que fazes)
no gosto frutado de um sonho
ou no desejo premente de sexo.

Gostaria de te mimar,
desejaria querer-te,
gostaria de te saber presente,
desejaria um beijo.

Não quereria amar-te.


Foto e poesia de Paula Raposo

Silvia: conto da cegueira

Dá-me a mão. Vês-me noite, amor. Está no tracejado que te sublinha o olhar - quando me olhas, contornas-me o vulto a lápis de mundo. Depois, quando fica muito escuro - como ficou - sente-se o mundo parar. Foi a tristeza intermitente que entrou pelos ouvidos - ensurdece! -, colou os lábios - emudece! - e sublinhou o olhar pelo lado de dentro - cega!. É quando essa surdez de ti escorre que a minha voz adormece porque as palavras acordam estanques - emudeço. É quando essa mudez te habita que não te respondo; ouço uma voz parecida com a tua, uma voz que diz coisas, coisas que eu não entendo - mas eu bem sei que tens os lábios colados; é uma coreografia de movimentos desengonçados - os meus -, pesados do pasmo, os braços na cabeça, as mãos nos ouvidos, largaste a minha - ensurdeço. Mas não ceguei, meu amor; ainda não ceguei. Pois que chames o escuro, se achas que a cegueira te poupa que eu, meu amor, eu chamo a tua imagem, ela contorna-me os olhos e poupa-me da cegueira.

«Inferno - Film Clip 2» - Henri-Georges Clouzot

Uma prendinha da Eva Brava:

10 abril 2010

Sorri porque estás

Observa desse teu canto isolado, desse teu canto sossegado onde te recolhes para cuidar de quem mais te interessa. Vê e orgulha-te do que deixaste como rasto, recorda o seu rosto no tempo em que não pensavas sequer em poderes um dia observá-lo a envelhecer.
Sorri porque sabes como é irrelevante essa transformação, essa etapa de uma mera transição para onde te encontras agora. E sabes porque não te foste embora, percorres o espaço, invisível, numa dimensão impossível de explicar. Sabes porque estás, embora reprimas a custo a intervenção quando tudo em ti apela a que tentes secar uma lágrima ou influenciar de alguma forma o rumo dos acontecimentos que sintas menos bons.
Sorri, pois sabes interpretar o amor num olhar e acreditas, porque és, que isso é tudo quanto uma alma precisa para descobrir o caminho para a luz.
E para alguém ser feliz.

2010

Afecto? Terceira porta à esquerda. Sexo? Segundo andar, terceiro corredor, porta vermelha; antes de se deitar com a sua boneca respectiva, dirija-se ao balcão e indique as posições que pretende à recepcionista. Amor? Preencha o formulário; na parte final, descreva como o pretende num mínimo de duas linhas e num máximo de seis; sente-se no sofá e aguarde a sua vez. Paixão? Profunda? Desça à sub-cave número dois, inspire e expire profunda e rapidamente ao longo da descida. Amizade? Suba ao telhado e aguarde a sua vez junto aos restantes ingénuos. Poema para pôr ao peito? Fique aqui, não se mova; a Tragédia virá brevemente ajudá-lo. Ego para remendar? É na fila que dá a volta ao quarteirão. Beijos e abraços e outras coisas simples? Dirija-se a uma das marionetas em qualquer canto da repartição. Pedidos especiais são sujeitos a análise prévia, utilize o e-mail que consta do formulário número quatro. Não danifique as semi-pessoas que o vão assistir. Identifique o que pretende antes de se dirigir à repartição. Não nos responsabilizamos por mentiras que conte a si próprio. Não nos responsabilizamos por mentiras que nos conte. As infracções serão severamente punidas com coimas elevadas. Se ainda existir uma pessoa dentro de si, sugerimos que salte do telhado; sentir-se-á muito melhor junto dos outros assim que quebrar e matar a alma.

«Vajazzling» - a nova moda

«Romance com 3 gramas» - BD por Mikkymixx



Mikkymixx
Carnets Pornographiques

09 abril 2010

«Não sei se confie em ti» - pela Ana Andrade

"A bem dizer, mal te pus a vista em cima no último meio ano.
Tinhas muito que fazer noutras paragens, aposto, sempre foste um rapaz muito ocupado.
Tenho medo de amores de Verão que arrefecem com o tempo e não julgues que é por me andares a rondar há uma semana que vou cair na tua esparrela. Já me enganaste muitas vezes, já me deixaste à espera outras tantas e uma gaja pode não nascer ensinada mas aprende com as cabeçadas que dá. Ou julgas que não sei que, nas tuas inexplicadas ausências, andavas a aquecer outros corpos?! Bem sei que não temos um compromisso para a vida mas, que diabo!, gosto de te ter por perto, não minto.
Para já, estou a testar-te. A ver se, desta vez, vieste para ficar. Só depois te me entrego, ainda que saiba que, mais mês menos mês, terei de encarar nova despedida.
Por isso, ó sol d'um raio, vê lá se te decides, sim?!
AnAndrade"
Uma excelente Câimbra Mental

Escolha Múltipla

"És parvo!" lembras-te? Foste tu que me disseste e eu respondi qualquer coisa no mesmo tom e a conversa descambou e parvos fomos os dois. Mas eu fiquei a pensar naquilo, nas tuas razões, nas minhas razões e no fundamento da minha qualificação. Aquela frase, tão simples, tão banal, tão pouco atentatória, tornou-se um pesadelo, um estigma, uma dor permanente. Uma dor permanentemente a crescer.
"És parvo!"
"Parvo porquê?"
E eu passava os dias em auto-análise, a censurar os meus gestos, a condenar as minhas palavras.
"És parvo!"
"Parvo porquê?"
E o pior é que nunca mais nos falámos, nunca esclarecemos um episódio menor que cresceu e que, pelo menos eu, já nem consigo identificar, e que no fim nos matou. A nós, vê tu bem, a nós!... E eu amava-te tanto…
"És parvo!" e, se calhar, tinhas razão. Sou parvo. Mesmo parvo.
Só pode.
É porque só pode ter sido isso ou o álcool que me levou a comer a tua prima.

Tango


Dança nos olhos,
um tango;
a sensualidade orgástica
de um desejo premente.

Dança no corpo,
um encontro (reencontro)
e o sexo urge;
o tango dança nos olhos
de quem o vibra no corpo;
de quem o sente e dança o tango
no arrepio da paixão.

Foto e poesia de Paula Raposo

Fluir

Olho-te assim e és Deus
o teu ventre tem céus
rasgados por braços da madrugada
uma noite interminável, desalmada:
tu deitaste-te na sua mão;
e eu bem ouvi o teu segredo
e eu bem sei porque tens medo
e eu bem sei que agarras o coração
para não mais o perderes
mas, meu amor, se misturares
esse teu medo no meu
o meu coração dilui-se no teu
e quando sangrares
eu também já me rasguei
para tu me circulares
não sangras em vão.
Cada lágrima que tu chorares
eu retenho nos meus olhos
abraço-te e engulo cem choros
eles dilatam-me no peito
meu amor, para tu me entrares
pelo ventre já aberto.

Diamantes são para sempre



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