"Todas as férias de Verão, a empregada dos meus avós dava-me banho à noite. Desde os meus 6 anos até aos meus 12 anos. Ela, desde os 16 até aos 22 anos. No chuveiro lavava-me e, quando chegava à zona da pilita, que já na altura era uma pilona, dava-me beijinhos, metia-a na boca dela e simulava que estava a brincar comigo. Eu adorava essa brincadeira e nunca achei uma situação abusiva. Ela chegava a ficar com a blusa molhada do chuveiro ao ponto de se notar os bicos das mamas volumosas espetados e colados ao tecido. Agora, com mais vinte e tal anos em cima, quem me dera que continuassem a fazerem-me o mesmo.
É assim que nasce um fétiche.
Pedofilia? Ná. Adorei.
Elfo"
27 abril 2010
Aniversário
Há uns tantos anos
este dia (embora fosse noite), foi especial
para algumas pessoas (queridas).
Quando me apercebi,
este é um dia (noite!) muito especial
(também) para mim;
e - felizmente - ainda,
para algumas pessoas (queridas).
O mistério de se nascer,
faz deste meu dia
o momento solene
de vos acompanhar:
uma taça de champanhe,
um brinde a todos os sonhos
que não pude - ainda - cumprir.
Parabéns, Menina (Eu)!
Foto e poesia de Paula Raposo
_____________________________
Nota da EdiSão - este intervalo no erotismo destina-se a felicitar a nossa Paulita, com esta música com que o blog do Katano parabeniza toda a malta (som ao máximo, pessoal):
este dia (embora fosse noite), foi especial
para algumas pessoas (queridas).
Quando me apercebi,
este é um dia (noite!) muito especial
(também) para mim;
e - felizmente - ainda,
para algumas pessoas (queridas).
O mistério de se nascer,
faz deste meu dia
o momento solene
de vos acompanhar:
uma taça de champanhe,
um brinde a todos os sonhos
que não pude - ainda - cumprir.
Parabéns, Menina (Eu)!
Foto e poesia de Paula Raposo
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Nota da EdiSão - este intervalo no erotismo destina-se a felicitar a nossa Paulita, com esta música com que o blog do Katano parabeniza toda a malta (som ao máximo, pessoal):
Cruzados
Susteve-te na voz
e na palma da mão
uma última dança:
os pés sobre os pés nus.
Ah! Nós!
Cortámos do chão
os corpos numa trança
de nós na contraluz.
Ah! Escadas sós
de dedos descem-me o corrimão,
cruzam o corpo que se lança
no ventre alvo, nós em cruz.
e na palma da mão
uma última dança:
os pés sobre os pés nus.
Ah! Nós!
Cortámos do chão
os corpos numa trança
de nós na contraluz.
Ah! Escadas sós
de dedos descem-me o corrimão,
cruzam o corpo que se lança
no ventre alvo, nós em cruz.
26 abril 2010
A prostituta azul (III)
A Lua estava deserta. Hesitou entre o elevador desengonçado e a enorme escadaria; o homem parecia demasiado grande e pesado para os dois. Não tinha medo dele porque observara a forma delicada como transportava um saquinho rosado de aspecto leve e suave a contrastar com uma "paquidermice" vermelhusca e ofegante no corpo suado... Rangeram até ao andar de cima. Prima, quero um quarto. Da garganta do imenso homem soltou-se novamente a voz fininha e melodiosa: "o maior que tiver, por favor". Entraram. "Espero que dances, espero que dances" - cantava ele enquanto a música tocava suave; o rádio saído do saquito em cima da cama, ao lado o maillot e as sapatilhas. "Vestes? Vestes? Espero que dances, espero que dances." Vestiu e dançou, delicada. O homem chorava: "não morreste, afinal nunca morreste". Agarrou-a; os pés descalços, grosseiros, debaixo dos dela, rodopiaram-nos - leves - pelo quarto. "É a última dança, é a última dança." Beijou-a; a dança estremecia nos soluços do homem-montanha. Baixou as calças e molhou as sapatilhas de bailarina. Deitou-a e despiu-a. Guardou tudo no saco e foi-se embora. Os papelinhos coloridos de feio ficaram deitados na cadeira, alheios ao cenário. Ainda o ouviu ranger as memórias na escadaria.
Finalmente tenho um na minha colecção!
A malta que já visita este blog desde o seu início (em 2003), decerto se recordará de um dos momentos altos que aqui tivemos, com a descoberta destes... objectos.
Lembram-se de como se chamam? E do nome com que os baptizámos?
Para a malta que não sabe o que é e para que serve, tentem adivinhar.
A partir de agora, tenho um enfiado... na minha colecção.
Lembram-se de como se chamam? E do nome com que os baptizámos?
Para a malta que não sabe o que é e para que serve, tentem adivinhar.
A partir de agora, tenho um enfiado... na minha colecção.
25 abril 2010
aqui é de Abril
Aqui nos fica Abril
aqui nos fica Abril
aqui se inquieta
aqui na margem sul
de outro viver
que é mais azul
diz um poeta
só por nos ser
nos ser
maior
fazer melhor e ter de ser
por ser do riso
e ser a meta
e ser a meta
de outro viver
aqui
no singular plural
dos meus sentidos
que é mais Abril
por sermos nós
por nós
unidos
- poema e fotocomposição de Jorge Castro
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E nos comentários houve mais quem odesse ao 25 de Abril:
"fica de Abril o sonho da mudança.
fica de Abril o ar de liberdade.
fica em Abril pedaços de vida... e acreditar ainda é possível!
um beijo meu
uminuto"
"Fiz de Abril a minha manta
Onde os corpos se libertaram
Em pinhais e matos de esperança
E manhãs verdes que se encarnaram.
Fiz do mundo a minha palma
e das palmas nos peitos; o mundo
Dos olhares, lábios de fome
saciados em corpos de lume.
Fiz do tempo o passar lento
Travo na boca a cada segundo.
Ser-se livre não é um momento
é ter asas sempre em tudo
E crescemos em ilusão
de era para sempre ser
sermos donos do nosso pão
e senhores do nosso querer
Ai e onde é que está o sol
que Abril a todos deu?
Agora onde ele seria maior
só o grande é que o pode ver.
Ah, mas cresce mais a vontade
de voar alto e quente sempre
Não deixemos a liberdade
Fugir de Abril pr'a um frio Dezembro
Charlie"
O Santoninho traz-nos Ary:
"***** R E G E N E R A Ç Ã O *****
Já não vagueia em mim a escuridão
E transformou-se a dúvida em certeza.
Bastou um gesto só de minha mão,
Para secar as fontes de tristeza.
No filtro redentor da oração,
Deixei ficar o manto da incerteza;
E agora, tendo a Deus no coração
Sou maior que a própria natureza.
Estrada de luz, sem guia nem farol,
Apenas o clarão do rubro Sol
E as minhas asas que ninguém mais vê.
E no esplendor da minha mocidade,
Eu vou além da própria eternidade,
Sem limite, sem espaço, sem porquê.
José Carlos Ary dos Santos, Obra Poética, Ed. Caminho"
Vem(e)vai
Sentada à beira mar
Com as pernas flectidas
Num gesto frequente,
Os cotovelos sobre os joelhos
E as mãos na cara.
Ela olha aquela imensidão
Sentindo nos pés
Uma frescura de mar
Que vem e vai suave,
Salpicando-a um pouco.
Exercício diário
Naquela praia
Olhando a imensidão
Não pensando em nada,
A boca salgada de plenitude
E as mãos plenas de sal,
Num vai e vem suave.
Foto e poesia de Paula Raposo
Com as pernas flectidas
Num gesto frequente,
Os cotovelos sobre os joelhos
E as mãos na cara.
Ela olha aquela imensidão
Sentindo nos pés
Uma frescura de mar
Que vem e vai suave,
Salpicando-a um pouco.
Exercício diário
Naquela praia
Olhando a imensidão
Não pensando em nada,
A boca salgada de plenitude
E as mãos plenas de sal,
Num vai e vem suave.
Foto e poesia de Paula Raposo
InVocações (V)
Acordei ontem quando já não era de manhã nos dias dos outros. Ao espelho tentei aumentar os olhos; os meus apareceram pequenos. A roupa está fria. Todos os dias cresce o corredor das horas penduradas na parede. Hoje falei com um homem nu. Acho que é um homem nu porque nasceu folha e cresceu árvore. Há poucos homens nus, muito poucos. Sentem mais o frio e sucumbem à tentação da roupa. Perdoa-me homem nu, eu disse tantas coisas e a verdade é que não sei nada. Mas sei que pode fazer muito frio, sei que o frio pode magoar e sei que as palavras mágicas são abrigos. As minhas ainda não são mágicas; ainda não chegam muito fundo no vosso corredor das horas penduradas na parede. E eu tenho muitos medos. Já te disse que tenho medo do escuro e dos barulhos estranhos? Já te disse que o mágico ainda não veio? Sabes, quando mudei de nome, estava sentada numa sala pequena, a luz era amarela e a janela estava fechada. À entrada tinha conhecido a recepcionista numa enorme secretária e esperei ver na saleta a cadeira de um dentista. Não! Um "almista". Extraía almas e inventava próteses. Vi mulheres que achei iguais a mim, surpreendentemente normais. Também entraram e saíram alguns homens; passaram por mim mas, estranhamente, não os vi, não tinham rosto nem corpo. Nessa noite, sentada no balcão de um café, olhei para muitos homens. Como seriam? Tentava percebê-los porque, doravante, todos me poderiam ter. Era melhor vê-los bem, antes. Era melhor ver um alguém do que um estranho a tocar-me. Era um mês, no máximo dois. Conseguiria se os visse bem. Consegui. Mas não consegui mais nada, ainda aqui estou. Nunca mais voltei ao teu mundo. Agora conheço três: o teu, o das casas de janelas fechadas que é a fronteira e o meu. O meu parece absurdo porque tem coelhos sem orelhas e jangadas que levam castelos na corrente; mas os outros também são tão mais estranhos - repara - andam sempre cheios de pressa mas, quando correm, raramente é para onde desejem ir. Entendes que acordem e se levantem ainda exaustos? Só falo disso, agora; mas há muito pouco que faça sentido; o absurdo do meu mundo faz todo o sentido: os coelhos tiram as orelhas porque o silêncio tem uma música única - as orelhas têm sempre vontade própria, ouvem o que querem, quando querem - e todos sabemos que os castelos, muitas vezes, têm que se soltar na corrente. Não tenho magia para te abrigar mas, se quiseres, mostro-te as minhas horas penduradas na parede. Pode ser que, um dia, entendas o outro sentido das coisas. Se vires o meu mágico, no teu mundo, dizes-lhe que não me ouve? Acho que ele pensa que ouve. Sabes, foi ele que fez as minhas palavras nascerem. Foi ele que as educou quando lhe caíram nas mãos que devolvia ao meu colo nu. Não, não era um toque, era um regresso. De vez em quando, perde-se mas, de vez em quando, sabe regressar.
«O Fauno e a Flora»
Já tenho vários desenhos originais do Laurent na minha colecção.
Este é mais um mimo:
«O Fauno e a Flora»
tinta da china sobre papel
Detalhe
E, por ser 25 de Abril, o OrCa dá-nos outro mimo:
"a Flora aflora o fulano
o Fauno desflora a Flora
e nesse vai-vem sem hora
cresce um Abril mais ufano"
Este é mais um mimo:
«O Fauno e a Flora»
tinta da china sobre papel
Detalhe
E, por ser 25 de Abril, o OrCa dá-nos outro mimo:
"a Flora aflora o fulano
o Fauno desflora a Flora
e nesse vai-vem sem hora
cresce um Abril mais ufano"
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