11 maio 2010

InVocações (VI)

O chão estala o eco de um tapete intacto. A beleza é funda, muito funda nos teus olhos; lua azul, a perfeição é um fascínio sinistro. Impasse da nudez. A lua que desce, lua que desce, lua que desce. A lua parou. O Mágico riu-se e a árvore riu-se; um grito empalideceu e quebrou-se no tapete. A lua desceu no lago e encheu-lhe o ventre. Dela. Dela. Dela. Ela. Eu. Era o Mágico que chamava, vibrava o nome no limite dos Mundos. O nome trespassado pela vontade. Olha. A lua azul transborda nos olhos do Mágico, enche os dela. Dela. Dela. Dela. Ela. Eu. Nudez do impasse. Depois trespasse. O chão nos pulsos. O eco aproximou-se e disse que estava na hora de ser um. O eco sentou-se e deitou-nos no linho do tapete. O chão fechou-nos lá dentro. A árvore era uma miragem do mundo do Mágico. Não queria voltar. Encostou os ramos ao eco e disse que lá não podia rir. Não entendia. As pessoas riam de lábios falsos e ela ria de ramos verdadeiros mas não podia rir. O mundo do Mágico não fazia sentido no mundo sem sentido. Preferia ser uma miragem a estalar no chão por baixo das nossas costas. Uma miragem. Mágico.

Preservar a dignidade



Pena capital


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oglaf.com

10 maio 2010

Pure Chess

- Ó Cavalo das Brancas, porque é que de há uns tempos para cá não há peões por perto dos vossos bispos?

Maria João: conto das palavras adormecidas

Olho para ela que se perde sem ele. Olho para ele que a vai perder. E se eu fosse ela e tu fosses ele, o que iria eu ver? Sim, eu sei, mas não quero saber. Sim, bem vejo, mas não quero ver. Tu nada dizes e eu cada vez menos te consigo ouvir. Sabes que não ensurdeci? Sabes que ensurdeceste? Tenho pena, meu amor, tenho tanta pena de não te ver aqui. Tenho tanta pena de saber que talvez até estejas e, de cabeça tapada, tentes - talvez - fingir que não. Quando a voz começa a cambalear ainda é no teu peito que deita as costas. Quando os dedos dão passos incertos ainda sentem as tuas mãos segurar os joelhos bambos. Não te digo, não, não te digo; calei-me. Tanto que foi preciso dizer-te para ouvires uma só palavra. Tanto que andei para veres um só passo. Sinto-te triste. Por favor, não fiques triste. Não tens culpa da mudez que te assalta quando gritas por mim. Não tens culpa de engolir o silêncio. Não tenho culpa, não sei se apenas imagino. Se calhar nem são os teus gritos que me inundam os cabelos e escorrem nas costas. Se calhar imagino. Olho para ela que se perde sem ele. E se eu fosse ela?

E o mote é...


















Todo o pássaro bebe água
só a coruja bebe azeite
mas a tua passarinha
come carne e bebe leite.


João Sarabando, 1999:10

Pau duro


Alexandre Affonso - nadaver.com

09 maio 2010

Assim, sim


Não me espantaria
se regressasses
como se nada se tivesse passado.
Não me surpreenderia
se fosse hoje o dia de ontem
e amanhã o atraso
não justificaria
a lembrança.

Prefiro que fiques como estás
onde estás e porque estás
e que não voltes:
nunca aqui estiveste.

Foto e poesia de Paula Raposo

Conto de um poema

As minhas palavras são poema. Os meus braços são poema. Os meus passos são poema. E ainda sonho o teu poema, o poema de ti; o teu corpo é o meu poema, só pode ser poema. E sei do meu poema - tu - atirado ao chão como carne em chaga, inflamado pela vermelhidão roxa e feia das hormonas, esfregado contra um corpo fêmea inchado de cio, animais engalfinhados sem o ritmo da música, espasmos de criaturas acres, entumescidas num prazer feio de unhas em pele irritada. A beleza violada, desmanchada, envenenada. Um rouxinol que, de repente, pousa na árvore e ronca. Por isso, eu que te fiz poema, pergunto-te: o que fazes do poema de ti? Como podes fazer-lhe coisas tão feias?

Filmes antigos...


... de bordéis de Paris

Sexo complexo


crica para visitares a página John & John de d!o

08 maio 2010

Engate chapa três

É proibido pingar amor antes de assoar o nariz. Grata.

«Eu sou heterossexual!» - AnAndrade

"Título estúpido, este, não é?!
Pois.
Mas aposto que se, em vez deste, tivesse escolhido um "eu sou lésbica e tenho muito orgulho nisso" ou "não sei se prefiro gajos, se gajas", isto amanhã teria uma porrada de visitas (aí umas dez, vá, mas ainda assim seria o dobro das habituais).
Vem isto a propósito da quantidade de "saídas do armário" de que ultimamente se tem notícia: "fulano de tal assume a sua homossexualidade"; "sicrano afirma-se gay e pensa casar com o companheiro mal a lei seja promulgada pelo P.R." e coisas que tais.
Se isto me interessa? É que nem um bocadinho, caramba.
A sexualidade de cada um é mais ou menos como o tamanho da cueca, o cheiro da boca depois de meio dia sem lavar a dentana (após a ingestão de um bife com molho de alho) e o calo que se tem no mindinho: interessa ao próprio e, no caso do hálito, aos que o circundam, se ele decidir respirar pela boca.
Nota: o facto de o José Carlos Malato ter aparecido, numa alegada festa gay, em Madrid, em tronco nu, só me assusta por ele ter tido a coragem de mostrar tanta banhoca. Malato, filho, vai mas é tratar do corpinho, não vá outro sacana apropriar-se da tua imagem sem dares por isso e expor ao país a quantidade de gordura que tem de saltar fora, que até és um gajo bem apessoado e tudo, pá...
AnAndrade
Blog Câimbras Mentais"

Posicionamento

O ato de posicionar é uma arte.
Acha que estou mentindo? Veja o caso desse jornaleiro:



Viu?

Capinaremos.com