Ainda há menos de um século, as senhoras eram frequentemente acometidas de uma doença designada “histeria” (do grego “hustéra”, que significa “útero”). Pelo facto de ser uma doença crónica, esta maleita obrigava a tratamento continuado, consistindo o mesmo em sessões de “manipulação” da “vulva” em que a senhora era levada a atingir um estado de consternação corporal máximo designado de “paroxismo histérico”. Sentindo-se mais aliviada, a paciente regressava então a casa até que de novo fosse acometida de um surto de “histeria”, necessitando novamente de cuidados. O certo é que no século XIX a dita doença poderia dizer-se quase “epidémica”! A ponto de os médicos não terem, literalmente, mãos a medir! Segundo consta, os detentores deste duro ofício, inteiramente “artesanal”, num dia inteiro de trabalho árduo, não conseguiam prover à urgente necessidade de tratamento de mais do que oito mulheres. E ao que parece, por muito que se empenhassem, não estavam a “dar conta do recado”. Por esta razão, e porque, como se sabe, “a necessidade aguça o engenho”, começou a passar-lhes pela cabeça a tentativa de mecanizar a tarefa. “Meu dito, meu feito”, no final do século XIX (embora existam registos anteriores de aparelhos mecânicos destinados ao mesmo fim) foram inventados os primeiros aparelhos, verdadeiros prodígios tecnológicos da medicina outrora moderna. Sim senhor! Os primeiros vibradores! Embora as primeiras versões a vapor deixassem muito a desejar, logo se seguiu a invenção do vibrador eléctrico. E então sim! Era um “ver se te avias”! Passaram a ser necessários uns escassos dez minutinhos para aliviar cada paciente, e, finalmente, as pobres mãos calejadas de tanta vulva manipular tiveram direito ao merecido descanso! E foi assim que em poucos anos, mas já adentrando o século XX, se viram anunciados nas revistas femininas, ao lado do ponto de cruz, os maravilhosos aparelhos portáteis de tratamento doméstico desta maléfica “doença”. E não fosse, ainda na primeira fase do cinema pornográfico, as prostitutas deitarem-lhes a mão, achando que podiam divertir-se com estas maravilhas da tecnologia médica, tudo teria corrido bem! Associados a tão “perversa” finalidade, foi um instantinho para que se diabolizassem os tais “vibradores”, e rapidamente se descortinou o “paroxismo histérico” como sendo, afinal, um “vulgar orgasmo”. E pronto. Acabou-se a “brincadeira”. Os cuidadosos maridos não mais tiveram que levar as suas senhoras ao “tratamento”, fecharam-se as portas aos consultórios, interditaram-se as vendas e os anúncios dos “obscenos” aparelhos, e depois, ao que parece, mandou-se a mulherada toda para casa com a cona aos saltos e sem solução à vista. Sim, porque ninguém está para aturar isto! Doenças ainda vá que não vá… agora... orgasmos?!