Agora quero subir a escada. Porque já sei tocar com os dedos arranhados. Porque já sei agarrar com as mãos queimadas. Porque já sei abraçar de braços entorpecidos. Porque já sei andar de pernas partidas. Porque já me equilibro de pés doridos. Porque já sei esperar de peito vazio. Porque já sei olhar de olhos turvados. Porque já sei ver de olhos fechados. Porque já sei ouvir silêncios. Porque já sei escutar gritos. Porque já sei amar de coração desfeito. Porque já sei sorrir de lábios a arder. Porque já sei gritar de garganta apertada. Porque já sei falar de língua cansada. Porque já sei respirar afogada. Porque já sei perdoar quando me vejo no espelho. Porque já te sei ver no meu espelho. Porque já sei endireitar-me de costas esmagadas. Porque já sei erguer-me de ombros caídos. Porque já sei querer de alma assustada. Porque já sei desejar de ventre rasgado. Porque já sei escrever de palavras drenadas. Porque já sei que mal sei quem sou e, assim, sei-me um pouco mais. Porque já me mataram e, ainda assim, eu sei viver. Agora, porque já sei, quero subir a escada.
11 julho 2010
10 julho 2010
Resumindo
O desejo esmaga-nos:
surge de rompante
em altos e baixo
e com contornos
indefinidos.
Sobe-nos pelo corpo
em estremecimentos
incontroláveis;
basta um lapso de segundo
(um segundo de lapso)
e o beijo descontrola-nos...
Engole-nos. Engana-nos.
Esgana-nos as ideias.
Viva a apoteose!
Vivamos nós!
Viva o prazer!
Poesia de Paula Raposo
surge de rompante
em altos e baixo
e com contornos
indefinidos.
Sobe-nos pelo corpo
em estremecimentos
incontroláveis;
basta um lapso de segundo
(um segundo de lapso)
e o beijo descontrola-nos...
Engole-nos. Engana-nos.
Esgana-nos as ideias.
Viva a apoteose!
Vivamos nós!
Viva o prazer!
Poesia de Paula Raposo
09 julho 2010
A escada
– Vamos transar na escada, amor?
– Na escada?
– Sim, amor, na escada. Quer?
– Qual escada?
– A escada para o céu…
…
…
– A escada para o céu?
– Sim, vamos?
– E onde é que essa escada está?
– A escada para o céu?
– Sim.
– Onde nós quisermos.
– Ah… É uma metáfora, uma ima…
– Eu sei o que é metáfora!
– Ah…
– Mas não, não é metáfora, é escada mesmo. Eu adoro transar em escada, ‘cê não?
– Para fazer truz truz truz às pooooortas do céééu?
– Está cantando o quê?! ‘Tá doido? Truz truz nada, é p’a entrar mesmo. Na minha escada ninguém fica à porta!
– Na escada?
– Sim, amor, na escada. Quer?
– Qual escada?
– A escada para o céu…
…
…
– A escada para o céu?
– Sim, vamos?
– E onde é que essa escada está?
– A escada para o céu?
– Sim.
– Onde nós quisermos.
– Ah… É uma metáfora, uma ima…
– Eu sei o que é metáfora!
– Ah…
– Mas não, não é metáfora, é escada mesmo. Eu adoro transar em escada, ‘cê não?
– Para fazer truz truz truz às pooooortas do céééu?
– Está cantando o quê?! ‘Tá doido? Truz truz nada, é p’a entrar mesmo. Na minha escada ninguém fica à porta!
08 julho 2010
Junho
Junho, alva noite de primavera, aurora aberta. Mansa, num cálice de nectar tremulham tímidas asas do desejo. Alvo. O meu. Humano. O meu desejo. Desejando o nada do teu todo, arrancar de ti as portas do meu gozo. Movendo-me. Toda. Respiração toda que. Se alevanta de um sonho, com minucia e fervor.
Que Quente está o calor!
[Que transpire toda, que respire toda]
Junho, dos Deuses, onde as Deusas dançam a fonte, no toque profano, bem fundo, da dança. Vibração. Nos pontos de força, nos sítios culpados, onde eu vou buscar a minha inspiração. Timída. Sublimemente extasiada. Nas bermas ingénuas e acetinadas do sexo louco. Fosco. Alegreto. Garrudo . Sangrento.Uma alcateia de tesão. Raivosa. Se sente nela. Uma alcateia no tesão que se come nela.Rosaceamente!
Junho, poesia, que a poetisa dedilha na lira, nos seus suspiros quentes, ardentes, harpejando frases. Criando matérias. Orgânicas. Carnes .
Agradeço-te Junho, pelas letras humedecidas que brotam no jardim e libam as inspirações que eu sinto dentro de mim...
Que Quente está o calor!
[Que transpire toda, que respire toda]
Junho, dos Deuses, onde as Deusas dançam a fonte, no toque profano, bem fundo, da dança. Vibração. Nos pontos de força, nos sítios culpados, onde eu vou buscar a minha inspiração. Timída. Sublimemente extasiada. Nas bermas ingénuas e acetinadas do sexo louco. Fosco. Alegreto. Garrudo . Sangrento.Uma alcateia de tesão. Raivosa. Se sente nela. Uma alcateia no tesão que se come nela.Rosaceamente!
Junho, poesia, que a poetisa dedilha na lira, nos seus suspiros quentes, ardentes, harpejando frases. Criando matérias. Orgânicas. Carnes .
Agradeço-te Junho, pelas letras humedecidas que brotam no jardim e libam as inspirações que eu sinto dentro de mim...
[Blog Vermelho Canalha]
Garras sem mãos
Eu, aqui, escrevo o desespero de ter garras e não ter mãos. Eu sou eu; garras sem mãos. A violência da intensidade deste terramoto na Cidade-Eu permanece invisível enquanto não conseguir rasgar as fronteiras de mim e depois o lado de fora. Garras sem mãos.
Subscrever:
Mensagens (Atom)