19 julho 2010
18 julho 2010
A história em prosa da puta poeta
Aqui jaz a história da puta que queria ser poeta. De mão no baixo ventre e mais abaixo tentou sempre em vão mas nunca, nem uma só vez, tocou um só coração; toda a gente sabe que puta romântica é mulher muito tonta.
E assim nem sequer tocou no do Manuel padeiro perneta, nem sequer ao gordo António taxista despertou paixão; morreu puta triste e velha sem despertar qualquer emoção; aos olhos dos homens que a tiveram foi eterna pateta.
E assim nem sequer tocou no do Manuel padeiro perneta, nem sequer ao gordo António taxista despertou paixão; morreu puta triste e velha sem despertar qualquer emoção; aos olhos dos homens que a tiveram foi eterna pateta.
17 julho 2010
Num beijo
Deixo-te num beijo
a sensualidade inesperada
da minha boca;
volto, sempre, a ti
como uma pétala
que se deslumbra na luz;
a atracção inevitável
pelo desconhecido
leva-nos muito longe:
tão longe quanto
o perto se perde de nós.
Poesia de Paula Raposo
a sensualidade inesperada
da minha boca;
volto, sempre, a ti
como uma pétala
que se deslumbra na luz;
a atracção inevitável
pelo desconhecido
leva-nos muito longe:
tão longe quanto
o perto se perde de nós.
Poesia de Paula Raposo
16 julho 2010
A noite chuvosa
Quando a mulher que se anunciava a si própria como Georgia lhe prometeu uma maravilhosa e inesquecível rainy night, trauteando ao telefone, enquanto acertavam o preço, a duração e os serviços incluídos no contrato, uma versão acústica e muito pessoal de “A Rainy Night in Georgia”, substituindo em voz languidamente rouca o in por with, ele primeiro estranhou a cantoria mas depois, enlevado e convencido, aceitou os termos do negócio e, risonho e já excitado, deixou as expectativas crescerem desmesuradamente, nunca imaginando, no entanto, que havia de acabar a tal rainy night sob os efeitos de um quente e dourado aguaceiro.
Helena Poema
Nas estradas do meu corpo, à luz de bocejos,
passeiam as memórias fracas de desejos
dos que se acendem sem as saber iluminar.
Beijos, meu amante, não me fales mais de beijos
não faças só das palavras cortejos
sozinhas elas não me conseguem beijar.
Nas estradas do meu corpo, à luz de bocejos,
passeiam as memórias por esconderijos
onde os teus beijos não souberam passear.
passeiam as memórias fracas de desejos
dos que se acendem sem as saber iluminar.
Beijos, meu amante, não me fales mais de beijos
não faças só das palavras cortejos
sozinhas elas não me conseguem beijar.
Nas estradas do meu corpo, à luz de bocejos,
passeiam as memórias por esconderijos
onde os teus beijos não souberam passear.
O Meu Frigo
Há por aí alguém interessado em presentear-me com as fotografias do vosso frigorífico?! Sejam originais e criativos.
O frigorífico da São Rosas é o número 155: vejam como ela tem o material sempre fresquinho...
Via IsoparaMetric
15 julho 2010
Letras
Na loucura absoluta dos meus actos escritos, a mente e a sede tornam-se em mim num acto absoluto de poesia.
Letras;
As letras atravessavam-me as mãos. O luxo é somente um pequeno espaço, um talento húmido que cresce entre os nós dos dedos, dos meus, em golfadas obsessivas da noite gira, rápida e espaçosa.
A loucura está tão perto do meu braço que a sinto tão pura, nas entranhas, na boca, ao sal exposta, na múltipla assimetria que me une à escrita.
Fecha-se a página na vagina. E o meu poema passa a ser uma ilha, galvanizado pela minha mão...
Letras;
As letras atravessavam-me as mãos. O luxo é somente um pequeno espaço, um talento húmido que cresce entre os nós dos dedos, dos meus, em golfadas obsessivas da noite gira, rápida e espaçosa.
A loucura está tão perto do meu braço que a sinto tão pura, nas entranhas, na boca, ao sal exposta, na múltipla assimetria que me une à escrita.
Fecha-se a página na vagina. E o meu poema passa a ser uma ilha, galvanizado pela minha mão...
[Blog Vermelho Canalha]
Flechas
Escuta-me;
no fim só terei falado do que escutares.
Eu, aqui, faço do peito arco; um lançar não é tão fraco
quanto um peito franco é assim lançado em arco
nas palavras flechas; nelas ouves-me que me montei?
Sim, é certo, tão certo, dizes-me, que me arqueei
mas, escuta-me agora, que tudo foi para me escutares.
No fim, saberás: apenas do que ouviste eu falarei
ou de peito fraco,
franco dobrado em arco,
apenas flechas perderei
que do nada quando nada ouvires nada eu nunca te direi
e em tudo o que me perderei sou tão eu que me perco
de peito em arco, dobrado fraco,
lançado franco.
no fim só terei falado do que escutares.
Eu, aqui, faço do peito arco; um lançar não é tão fraco
quanto um peito franco é assim lançado em arco
nas palavras flechas; nelas ouves-me que me montei?
Sim, é certo, tão certo, dizes-me, que me arqueei
mas, escuta-me agora, que tudo foi para me escutares.
No fim, saberás: apenas do que ouviste eu falarei
ou de peito fraco,
franco dobrado em arco,
apenas flechas perderei
que do nada quando nada ouvires nada eu nunca te direi
e em tudo o que me perderei sou tão eu que me perco
de peito em arco, dobrado fraco,
lançado franco.
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