Video do Projecto MULHERES REAIS onde está também a nossa Paula Raposo :
08 agosto 2010
07 agosto 2010
Deste lugar
Deste lugar tão perto,
eu denuncio a minha presença:
o perfume; o andar sobre a relva
e o olhar profundo (traidor)
deslocando-se
quando a minha voz diz de mim,
aquilo que não pude ser.
Deste lugar tão perto,
parto para te alcançar.
Poesia de Paula Raposo
eu denuncio a minha presença:
o perfume; o andar sobre a relva
e o olhar profundo (traidor)
deslocando-se
quando a minha voz diz de mim,
aquilo que não pude ser.
Deste lugar tão perto,
parto para te alcançar.
Poesia de Paula Raposo
«A Mulher Portugueza»
Opúsculo de Eduardo Schwalbach Lucci com 32 páginas publicado em 1916 no Porto pela Livraria Chardron de Lelo & Irmão, Editores. Uma análise da mulher portuguesa desde a idade média, a partir de agora na minha colecção.
"Deus desce até à mulher, o homem sóbe até ella. Encontram-se no seu coração e beijam-se."
"Deus desce até à mulher, o homem sóbe até ella. Encontram-se no seu coração e beijam-se."
06 agosto 2010
Tradução de dar o eu
Quero fazer-te chorar.
Uma inteira lágrima, um todo que te agarre pelos joelhos. De quem é o vento que não é teu? Quero explicar-te que o vento que não é teu, não é teu e quero que o chores quando entenderes o que não tens.
Quero fazer-te chorar.
Quero que chores a crueldade de mim, o amor de mim; dou-te o eu que dar-te o eu não é dar-me. Dou-te o eu que não é dar-me e dou-te o eu em violência serena; tenho que te cortar, não te posso dar o eu sem te cortar um corte que te doa; dou-te o eu que é inteiro; o inteiro eu nos teus lábios cairá; dou-te o inteiro eu se a boca abrires que é pela boca que o eu se recebe e entrará.
Dou-te o eu se o receberes; se o receberes, abriste a boca e sabes de mim nos lábios e na garganta e no peito.
Tu conheces as mulheres; sabes que quando dão a carne, dão-se. Não é disso que te falo, nem será. Não falo desse dar-me nem falarei. Falo do eu; se me receberes sei que saberás do que falo.
Dou-te o eu e o eu faz feridas; nada do que é tão ser pode passar sem esmagar. Quero que chores. Chora a morte dos que perdi, a morte dos que me morreram, as mortes que eu morri. Queima-te, corta-te! É ser eu.
Quero que chores.
Chora a lágrima que chorei quando nasci, chora a lágrima que não chorei, chora a lágrima de quando não nasci; chora a dor de parto em que o eu eu atravessei.
Dou-te o eu impiedoso, impiedosamente, pelo amor que te posso dar.
Quero quebrar-te, partir-te, contagiar-te, derrubar-te por cada vez que quebrei, parti, fui contagiada, fui derrubada; estive tão sozinha aqui, tão perdida, ninguém me veio buscar e eu chorei e ele não veio mesmo quando me ouviu gritar; lágrimas minhas tuas.
Chora o que me doeu porque me doeu tanto que eu sou eu.
Chora o que chorei; esta tristeza maldita que se transforma em felicidade aguda é como água que escalda em cima de gelo: faz estalar! É por aí que quero entrar; é assim que os teus lábios abrem; chora a dor que me fez chorar, assim, perdida, pequena, sem colo, sem ninguém. Falo do eu; se me receberes sei que saberás do que falo.
Uma inteira lágrima, um todo que te agarre pelos joelhos. De quem é o vento que não é teu? Quero explicar-te que o vento que não é teu, não é teu e quero que o chores quando entenderes o que não tens.
Quero fazer-te chorar.
Quero que chores a crueldade de mim, o amor de mim; dou-te o eu que dar-te o eu não é dar-me. Dou-te o eu que não é dar-me e dou-te o eu em violência serena; tenho que te cortar, não te posso dar o eu sem te cortar um corte que te doa; dou-te o eu que é inteiro; o inteiro eu nos teus lábios cairá; dou-te o inteiro eu se a boca abrires que é pela boca que o eu se recebe e entrará.
Dou-te o eu se o receberes; se o receberes, abriste a boca e sabes de mim nos lábios e na garganta e no peito.
Tu conheces as mulheres; sabes que quando dão a carne, dão-se. Não é disso que te falo, nem será. Não falo desse dar-me nem falarei. Falo do eu; se me receberes sei que saberás do que falo.
Dou-te o eu e o eu faz feridas; nada do que é tão ser pode passar sem esmagar. Quero que chores. Chora a morte dos que perdi, a morte dos que me morreram, as mortes que eu morri. Queima-te, corta-te! É ser eu.
Quero que chores.
Chora a lágrima que chorei quando nasci, chora a lágrima que não chorei, chora a lágrima de quando não nasci; chora a dor de parto em que o eu eu atravessei.
Dou-te o eu impiedoso, impiedosamente, pelo amor que te posso dar.
Quero quebrar-te, partir-te, contagiar-te, derrubar-te por cada vez que quebrei, parti, fui contagiada, fui derrubada; estive tão sozinha aqui, tão perdida, ninguém me veio buscar e eu chorei e ele não veio mesmo quando me ouviu gritar; lágrimas minhas tuas.
Chora o que me doeu porque me doeu tanto que eu sou eu.
Chora o que chorei; esta tristeza maldita que se transforma em felicidade aguda é como água que escalda em cima de gelo: faz estalar! É por aí que quero entrar; é assim que os teus lábios abrem; chora a dor que me fez chorar, assim, perdida, pequena, sem colo, sem ninguém. Falo do eu; se me receberes sei que saberás do que falo.
Adoro prendinhas!
05 agosto 2010
Quem quer comprar um destes baralhos de cartas?
No final de 2009 disse-vos aqui que consegui encontrar um baralho de cartas que já procurava há muitos anos, com gravuras eróticas só visíveis contra uma luz forte.
É uma reprodução relativamente recente de um baralho de cartas originalmente produzido na Holanda no século XVIII. Conheço quem tenha desses baralhos originais, mas custam acima de 3 mil euros...
Pois agora o senhor holandês que me vendeu esse baralho informa-me que tem mais alguns disponíveis. Custa € 145 (com portes de envio desde a Holanda incluídos).
Se alguém quiser comprá-lo, envie-me um e-mail para funda@afundasao.com e eu posso tratar de tudo.
É uma reprodução relativamente recente de um baralho de cartas originalmente produzido na Holanda no século XVIII. Conheço quem tenha desses baralhos originais, mas custam acima de 3 mil euros...
Pois agora o senhor holandês que me vendeu esse baralho informa-me que tem mais alguns disponíveis. Custa € 145 (com portes de envio desde a Holanda incluídos).
Se alguém quiser comprá-lo, envie-me um e-mail para funda@afundasao.com e eu posso tratar de tudo.
Atmosferas Vermelhas
A noite meiga, adolescente, é uma crisálida, cujo perfume enebria as verdejantes planícies, transbordante nos meus beijos, ardentes e expansivos, que na tua boca funambulescamente deslizam, adejam, talham, aplacam-se, apaziguam-te como um laço íntimo que nos une. Que me une a ti, no aço das coisas feitas, trabalhadas no ferro quente.
Sinto-te, em cada um dos teus sorrisos, que me invade as entranhas, que crepita no meu coração agora grande, potente, freneticamente árduo, saudando o clarão do primeiro orgasmo, absorvido pelos derradeiros prazeres, húmidos e sudários, que nos descem pela nuca...
Oliências orvalhadas, escondem-se em ramarias do nosso montado, onde as esferas ogivais entoam trovas a um grande amor, o nosso, e os seus gorjeios, os seus trinados, acasalam meigamente na suavidade do que resta da nossa noite...
Amo-te na carne que é agora sangue, dentro da tua carne, onde bate o meu sangue, num anel vivo, onde me sinto devorada e onde te devoro, em mim, no meu sentir engolfado, abraçada aos lençóis que ainda tremem, nesta alvorada...
A frase é uma pálpebra, o teu rosto cerca-me estancado.
Queima-me as imagens nele refletidas, a luz recortada da janela, pungentes e selvagens...
[A Poetisa recolhe-se às atmosferas vermelhas, numa meditação carnal, onde imagina ver o fundo azul do amor]
[Blog Vermelho Canalha]
04 agosto 2010
O arcebispo defunto pouco católico
Num passeio pedestre pela cidade francesa de Besançon, fomos parar à Catedral de Saint-Jean. Lá dentro, encontrámos um cenário todo ele muito interessante mas, na retina e dos vários que por lá se encontravam, retivemos um túmulo em particular.
Tratava-se, vim a saber depois, do túmulo de Ferry Carondelet, arcebispo de Besançon epessoa influente junto do Papa Júlio II e da corte imperial austríaca nos séculos XV e XVI.
Em primeiro lugar, o que saltou à vista foi o estilo peculiar de um conceito inovador em termos de arquitectura tumular: o túmulo beliche. Assim, na "cama" de cima (aquela cama que toda a gente quer mas que só os fisicamente mais persuasivos conseguem), encontramos Ferry Carondelet, confortavelmente refastelado e, quiçá até, com um certo ar de aborrecimento como se estivesse algo enfadado pela demora da chegada do Dia do Juízo Final.
Por baixo, encontra-se uma figura masculina semi-desnudada, que não consegui identificar. Parece tratar-se de Jesus Cristo mas sem qualquer certezas. Num puro exercício de suposição, arrisco-me a dizer que, o seu estado de inércia, aparentemente inconsciente, poderá ter resultado da refrega ocorrida durante a disputa dos lugares no túmulo-beliche.
Contudo, um pormenor que mais me surpreendeu foi o que se encontra retratado no instantâneo que se segue...
A sua interpretação fica ao critério da imaginação de cada um...
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