HenriCartoon
10 agosto 2010
09 agosto 2010
«Selecções Ri-te Ri-te»
A revista de humor «Ri-te Ri-te» publicava nos anos 70 as «Selecções Ri-te Ri-te». O editor era Jacques C. Rodrigues e este exemplar, que comprei agora para juntar a outros que já tinha na minha colecção, é o nº 14, de 1976.
A capa
O caranguejo
A ostra
Na altura este tema não era humoristicamente incorrecto...
... e também não havia fantasmas de pedofilia "carimbados" no humor mais inocente. Aliás, neste caso, a única pornografia é... dos impostos
A capa
O caranguejo
A ostra
Na altura este tema não era humoristicamente incorrecto...
... e também não havia fantasmas de pedofilia "carimbados" no humor mais inocente. Aliás, neste caso, a única pornografia é... dos impostos
08 agosto 2010
Mas os dedos são lacaios, pavios ao teu peito, deixa rebentar estas minhas mãos...
Palavras já exaustas,
metáforas cansadas,
imagens em segunda mão;
que poderei eu dar-te?
Que poderia eu dar-te?
Numa mão só encontro nadas,
na outra só encontro vazios
e as duas sinto-as esquerdas
quando encontram os teus joelhos frios
e direitas às mesmas palavras;
palavras já exaustas
metáforas cansadas
imagens em segunda mão;
que poderei eu dar-te?
Que poderia eu dar-te?
Só tenho as mãos
dou-te as mãos, então;
só com os meus dedos vãos
que nem são como silêncios
que te sirvam para serenar;
mas os dedos são lacaios,
pavios ao teu peito, deixa rebentar
estas minhas mãos;
dou-te as mãos, então;
que poderei eu dar-te?
Que mais te poderia dar?
metáforas cansadas,
imagens em segunda mão;
que poderei eu dar-te?
Que poderia eu dar-te?
Numa mão só encontro nadas,
na outra só encontro vazios
e as duas sinto-as esquerdas
quando encontram os teus joelhos frios
e direitas às mesmas palavras;
palavras já exaustas
metáforas cansadas
imagens em segunda mão;
que poderei eu dar-te?
Que poderia eu dar-te?
Só tenho as mãos
dou-te as mãos, então;
só com os meus dedos vãos
que nem são como silêncios
que te sirvam para serenar;
mas os dedos são lacaios,
pavios ao teu peito, deixa rebentar
estas minhas mãos;
dou-te as mãos, então;
que poderei eu dar-te?
Que mais te poderia dar?
07 agosto 2010
Deste lugar
Deste lugar tão perto,
eu denuncio a minha presença:
o perfume; o andar sobre a relva
e o olhar profundo (traidor)
deslocando-se
quando a minha voz diz de mim,
aquilo que não pude ser.
Deste lugar tão perto,
parto para te alcançar.
Poesia de Paula Raposo
eu denuncio a minha presença:
o perfume; o andar sobre a relva
e o olhar profundo (traidor)
deslocando-se
quando a minha voz diz de mim,
aquilo que não pude ser.
Deste lugar tão perto,
parto para te alcançar.
Poesia de Paula Raposo
«A Mulher Portugueza»
Opúsculo de Eduardo Schwalbach Lucci com 32 páginas publicado em 1916 no Porto pela Livraria Chardron de Lelo & Irmão, Editores. Uma análise da mulher portuguesa desde a idade média, a partir de agora na minha colecção.
"Deus desce até à mulher, o homem sóbe até ella. Encontram-se no seu coração e beijam-se."
"Deus desce até à mulher, o homem sóbe até ella. Encontram-se no seu coração e beijam-se."
06 agosto 2010
Tradução de dar o eu
Quero fazer-te chorar.
Uma inteira lágrima, um todo que te agarre pelos joelhos. De quem é o vento que não é teu? Quero explicar-te que o vento que não é teu, não é teu e quero que o chores quando entenderes o que não tens.
Quero fazer-te chorar.
Quero que chores a crueldade de mim, o amor de mim; dou-te o eu que dar-te o eu não é dar-me. Dou-te o eu que não é dar-me e dou-te o eu em violência serena; tenho que te cortar, não te posso dar o eu sem te cortar um corte que te doa; dou-te o eu que é inteiro; o inteiro eu nos teus lábios cairá; dou-te o inteiro eu se a boca abrires que é pela boca que o eu se recebe e entrará.
Dou-te o eu se o receberes; se o receberes, abriste a boca e sabes de mim nos lábios e na garganta e no peito.
Tu conheces as mulheres; sabes que quando dão a carne, dão-se. Não é disso que te falo, nem será. Não falo desse dar-me nem falarei. Falo do eu; se me receberes sei que saberás do que falo.
Dou-te o eu e o eu faz feridas; nada do que é tão ser pode passar sem esmagar. Quero que chores. Chora a morte dos que perdi, a morte dos que me morreram, as mortes que eu morri. Queima-te, corta-te! É ser eu.
Quero que chores.
Chora a lágrima que chorei quando nasci, chora a lágrima que não chorei, chora a lágrima de quando não nasci; chora a dor de parto em que o eu eu atravessei.
Dou-te o eu impiedoso, impiedosamente, pelo amor que te posso dar.
Quero quebrar-te, partir-te, contagiar-te, derrubar-te por cada vez que quebrei, parti, fui contagiada, fui derrubada; estive tão sozinha aqui, tão perdida, ninguém me veio buscar e eu chorei e ele não veio mesmo quando me ouviu gritar; lágrimas minhas tuas.
Chora o que me doeu porque me doeu tanto que eu sou eu.
Chora o que chorei; esta tristeza maldita que se transforma em felicidade aguda é como água que escalda em cima de gelo: faz estalar! É por aí que quero entrar; é assim que os teus lábios abrem; chora a dor que me fez chorar, assim, perdida, pequena, sem colo, sem ninguém. Falo do eu; se me receberes sei que saberás do que falo.
Uma inteira lágrima, um todo que te agarre pelos joelhos. De quem é o vento que não é teu? Quero explicar-te que o vento que não é teu, não é teu e quero que o chores quando entenderes o que não tens.
Quero fazer-te chorar.
Quero que chores a crueldade de mim, o amor de mim; dou-te o eu que dar-te o eu não é dar-me. Dou-te o eu que não é dar-me e dou-te o eu em violência serena; tenho que te cortar, não te posso dar o eu sem te cortar um corte que te doa; dou-te o eu que é inteiro; o inteiro eu nos teus lábios cairá; dou-te o inteiro eu se a boca abrires que é pela boca que o eu se recebe e entrará.
Dou-te o eu se o receberes; se o receberes, abriste a boca e sabes de mim nos lábios e na garganta e no peito.
Tu conheces as mulheres; sabes que quando dão a carne, dão-se. Não é disso que te falo, nem será. Não falo desse dar-me nem falarei. Falo do eu; se me receberes sei que saberás do que falo.
Dou-te o eu e o eu faz feridas; nada do que é tão ser pode passar sem esmagar. Quero que chores. Chora a morte dos que perdi, a morte dos que me morreram, as mortes que eu morri. Queima-te, corta-te! É ser eu.
Quero que chores.
Chora a lágrima que chorei quando nasci, chora a lágrima que não chorei, chora a lágrima de quando não nasci; chora a dor de parto em que o eu eu atravessei.
Dou-te o eu impiedoso, impiedosamente, pelo amor que te posso dar.
Quero quebrar-te, partir-te, contagiar-te, derrubar-te por cada vez que quebrei, parti, fui contagiada, fui derrubada; estive tão sozinha aqui, tão perdida, ninguém me veio buscar e eu chorei e ele não veio mesmo quando me ouviu gritar; lágrimas minhas tuas.
Chora o que me doeu porque me doeu tanto que eu sou eu.
Chora o que chorei; esta tristeza maldita que se transforma em felicidade aguda é como água que escalda em cima de gelo: faz estalar! É por aí que quero entrar; é assim que os teus lábios abrem; chora a dor que me fez chorar, assim, perdida, pequena, sem colo, sem ninguém. Falo do eu; se me receberes sei que saberás do que falo.
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