15 agosto 2010
14 agosto 2010
Evidente
Não gosto de não respostas.
As não respostas magoam
por que não se desfazem
no silêncio;
elas pairam sempre
e podem iludir
o complexo reatar
de um nada.
Não digas não respostas:
limita-te a não ignorar
as evidências.
É evidente que te detesto.
Poesia de Paula Raposo
As não respostas magoam
por que não se desfazem
no silêncio;
elas pairam sempre
e podem iludir
o complexo reatar
de um nada.
Não digas não respostas:
limita-te a não ignorar
as evidências.
É evidente que te detesto.
Poesia de Paula Raposo
13 agosto 2010
A cona da mãe do Carlos Queirós
Não, não me refiro à mãe do seleccionador nacional. Só quero justificar o que o filho alegadamente terá dito. O estágio antes do mundial de futebol foi na Covilhã, certo? Pois sabem qual é a expressão de vernáculo mais típica dessa cidade? Exactamente! «Cona da mãe». O Carlos Queirós só demonstrou respeito e gosto pela divulgação da cultura local.
Ah, cona da mãe!
Ah, cona da mãe!
História da Maria que escreve aos amantes os gritos por extenso
A todos os meus amantes parece-me que tenho dito - e algumas vezes até com palavras - não me enches, não me chegas! Mas terei eu culpa de tão grande vazio dentro de mim? E terei eu culpa que escolham os dedos das mãos e que apenas os das mãos estiquem para aqui chegar? É sempre tão curta, a carne. E aqueles que eu puxei para dentro de mim? Sentiram-se pairar no meu vazio, desamparados. Terei eu culpa que não saibam que não existem só os vazios que estão vazios? Será minha culpa que não saibam que eu estou dentro de mim? É que eu só tenho esta escolha; não tenho escolha senão viver dentro de mim. Ouve-me, este é o meu grito!
Revista humorística «Can Can»
Um exemplar do nº 45, de Setembro de 1961 e outro exemplar, o nº 111, de Abril de 1968.
Desenhos e fotos de humor generalista mas com um toque erótico-malandreco. Isto, claro, com muita decência, que os tempos eram de respeito, respeitinho...
Dos 3 exemplos de conteúdos, os primeiros dois são do nº 45 e o terceiro é do nº 111.
Desenhos e fotos de humor generalista mas com um toque erótico-malandreco. Isto, claro, com muita decência, que os tempos eram de respeito, respeitinho...
Dos 3 exemplos de conteúdos, os primeiros dois são do nº 45 e o terceiro é do nº 111.
Animação de feira em Malta... bem animada
O Nuno de Sousa Gião sugeriu que partilhássemos este video no blog:
A slingshot ride at a fair in the Republic of Malta is delivering a lot more than your average amusement park attraction. This one delivers (allegedly) orgasms. Peter and his girlfriend hop aboard the slingshot, and while Peter is enjoying himself, his girl is having A LOT more fun. At the end, she says "Peter the orgasms I have with you are good but this was really crazy".
A slingshot ride at a fair in the Republic of Malta is delivering a lot more than your average amusement park attraction. This one delivers (allegedly) orgasms. Peter and his girlfriend hop aboard the slingshot, and while Peter is enjoying himself, his girl is having A LOT more fun. At the end, she says "Peter the orgasms I have with you are good but this was really crazy".
12 agosto 2010
O crime da vida boa (ou da boa vida)
Não compreendo as pessoas que passam a vida a queixar-se e não mexem um dedo (let alone their brain...) para mudar o status quo. Que são umas vítimas, que ninguém as compreende, que no início é que era bom, que são desaproveitadas, que não fazem por elas o que elas fariam pelos outros, que não são ouvidas nem respeitadas e patati-patatá, num chorrilho de lamúrias que me indigna e me revolve o mau feitio.
Ser infeliz, assumir-se como vítima, é fácil, indubitavelmente luso, grangeia atenções, festinhas na cabeça e amigos de circunstância, sedentos da companhia de alguém que, por momentos, os faz sentir um bocadinho menos miseráveis, por aparentar um estado de angústia ainda maior do que o seu.
Ser feliz, gostar-se da vida que se escolheu ter, dá um trabalho filho-de-uma-meretriz e não é bem aceite pelos demais, que encontram sempre mil e um motivos mirabolantes para justificar o bem estar alheio: com um emprego desses também eu!, se eu tivesse o teu corpo...!, com um guarda-roupa desses é fácil!, com uma cor/boa-vida/disponibilidade/colecção de livros (whatever) assim, também andaria sempre bem disposto/a!
Neste país de gente de alma grande (mas mal direccionada) e vidas cinzentas, a felicidade ainda é pecado. Quem não se queixa, ou prevaricou ou tem uma sorte do caraças. A responsabilidade nunca é sua (como não é responsável o desgraçadinho). Ninguém quer ouvir um "estou bestial" quando pergunta a alguém como está. Toda a gente procura o "vai-se andando" ou o "cá estamos...", o "sabes lá o que passo com o meu chefe/namorado/filho/sogra/canário/administrador de condomínio". Querem a felicidade moderada, não ostentada. As gargalhadas baixas, os olhos baços. Querem a partilha da vida medíocre e sempre inferior às expectativas (mesmo que estas nunca tenham existido, porque fazer planos e persegui-los é uma canseira). Querem permuta de queixumes, numa disputa infinita e sem vencedor.
Ser feliz dá trabalho.
Ser infeliz é inato e tão fácil como respirar.
Ser infeliz, assumir-se como vítima, é fácil, indubitavelmente luso, grangeia atenções, festinhas na cabeça e amigos de circunstância, sedentos da companhia de alguém que, por momentos, os faz sentir um bocadinho menos miseráveis, por aparentar um estado de angústia ainda maior do que o seu.
Ser feliz, gostar-se da vida que se escolheu ter, dá um trabalho filho-de-uma-meretriz e não é bem aceite pelos demais, que encontram sempre mil e um motivos mirabolantes para justificar o bem estar alheio: com um emprego desses também eu!, se eu tivesse o teu corpo...!, com um guarda-roupa desses é fácil!, com uma cor/boa-vida/disponibilidade/colecção de livros (whatever) assim, também andaria sempre bem disposto/a!
Neste país de gente de alma grande (mas mal direccionada) e vidas cinzentas, a felicidade ainda é pecado. Quem não se queixa, ou prevaricou ou tem uma sorte do caraças. A responsabilidade nunca é sua (como não é responsável o desgraçadinho). Ninguém quer ouvir um "estou bestial" quando pergunta a alguém como está. Toda a gente procura o "vai-se andando" ou o "cá estamos...", o "sabes lá o que passo com o meu chefe/namorado/filho/sogra/canário/administrador de condomínio". Querem a felicidade moderada, não ostentada. As gargalhadas baixas, os olhos baços. Querem a partilha da vida medíocre e sempre inferior às expectativas (mesmo que estas nunca tenham existido, porque fazer planos e persegui-los é uma canseira). Querem permuta de queixumes, numa disputa infinita e sem vencedor.
Ser feliz dá trabalho.
Ser infeliz é inato e tão fácil como respirar.
Vida cega
Ainda te vejo dentro dos teus olhos,
ainda não te arrancaram do fundo de ti;
eu fico, eu ainda estou aqui,
boneca de madeira, saia de folhos;
sim, eu faço tudo o que nem sequer prometi.
Eu vejo-me também dentro dos teus olhos;
ainda não te arrancaram e eu não parti,
boneca de trapos, marioneta de sonhos;
eu ainda te vejo dentro dos teus olhos.
Os botões por olhos ainda me juram que te vi;
e esta boneca de papel, este brinquedo de estranhos
ainda te guarda dentro dos seus olhos.
ainda não te arrancaram do fundo de ti;
eu fico, eu ainda estou aqui,
boneca de madeira, saia de folhos;
sim, eu faço tudo o que nem sequer prometi.
Eu vejo-me também dentro dos teus olhos;
ainda não te arrancaram e eu não parti,
boneca de trapos, marioneta de sonhos;
eu ainda te vejo dentro dos teus olhos.
Os botões por olhos ainda me juram que te vi;
e esta boneca de papel, este brinquedo de estranhos
ainda te guarda dentro dos seus olhos.
11 agosto 2010
O Livro Audacioso para Raparigas (mas que tesourinho!)
uhhh! audacioso! como isto promete! vamos espreitar?
basquetebol? ah tá bem :O
ahhh dormir ao relento já é mais... assim, como dizer... ?
agora compreendo! forrar um livro a tecido! isso sim, cabe na minha definição de audácia! oh uh oh
mas audácia a sério é fazer a roda para trás. não concordam?
Maria Última
A carne pode ser um abismo nas garras;
um abismo longo, tão fundo,
a última queda que termina as bestas,
(entre dedos, cegamente, o mundo).
Sim, sou eu, sou ela,
a prematuramente entardecida;
a pele estala-me esculpida
pelo tempo que te fecha a janela.
Sim, sou eu, sou ela,
a tua última e eterna amada
que vai sonhando nas portas
a hora do fim deste segredo;
tua derradeira e interminável madrugada,
recebe-me bem, meu amante, sem medo,
eu serei tudo e eu serei nada
de mão dada ao teu último segundo.
um abismo longo, tão fundo,
a última queda que termina as bestas,
(entre dedos, cegamente, o mundo).
Sim, sou eu, sou ela,
a prematuramente entardecida;
a pele estala-me esculpida
pelo tempo que te fecha a janela.
Sim, sou eu, sou ela,
a tua última e eterna amada
que vai sonhando nas portas
a hora do fim deste segredo;
tua derradeira e interminável madrugada,
recebe-me bem, meu amante, sem medo,
eu serei tudo e eu serei nada
de mão dada ao teu último segundo.
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