17 agosto 2010

Nunca

O meu tempo não é o teu;
o teu tempo não será meu.

Vulgaridades ditas
e reditas em mil
mensagens sem resposta.
Este tempo não é nosso;
sabes tão bem quanto eu:
a razão desmontada
nos anos que nos precederam.

Nunca - tenho que realçar -
o nosso tempo se cruzará.

Poesia de Paula Raposo

Isqueiro com segredo malandreco

Mais uma peça da minha colecção...

16 agosto 2010

Deixa correr

Agora que te tenho em mim...
Os dentes roçando o meu pescoço…
As garras travando a minha pele…
Quem poderia quebrar este feitiço que eu por nada quereria ver quebrado?
Solta o teu peso inteiro sobre mim – meu leão!
Assim – pertinho – até que o coração me pare para ouvir o teu
E os olhos se me fechem no silêncio
Só um segundo.
Para quê o tudo de tudo?
Para quê o nada de nada?
Se é tão certo que me tens!
Se é tão certo que sou tua!
Para quê outros lugares que não agora?
Agora. Agora.
Agora que acabas de me lamber da boca este segundo…
E que o meu corpo parado ainda treme…
Abre a torneira do tempo... e deixa correr…

Publicado com o consentimento da autora que prefere não revelar a sua identidade.


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A Libelita despertou a veia poética do Bartolomeu:

"Agora, que se afunda no teu corpo
Este tesão abrasivo, ligeiramente torto
Este tesão que só em ti conhece porto
Agora, que em ti encontrei conforto,
Que me alimenta esse teu viçoso horto
No qual pratico ditoso desporto
Agora, que em teus beijos, me acho absorto
Mesmo se no espírito a dúvida transporto
É nos teus seios que os meus beijos recorto
Agora, enquanto este encanto não se quedar, morto."

Finalmente já tenho uma pintura original da Lulu Amere

Em Maio, tinha comprado «voyage au jardin des ombres», um livro com ilustrações de uma artista de quem eu gosto muito: Lulu Amere. E escrevi nessa altura: "Eu bem gostava de ter um salário que não fosse português, para comprar um dos desenhos originais dela".
Na dedicatória dela, incluiu especialmente para mim um desenho de um olho como só ela sabe desenhar:


Pois vejam lá se esta moça, que a partir de agora está sempre comigo, não tem esse mesmo olhar:


«Nuit Blanche», Lulu Amere

Pintura sobre papel Arches
18 x 26 cm

Início promissor



HenriCartoon

Carência


Alexandre Affonso - nadaver.com

15 agosto 2010

Páginas soltas

Dizer adeus só demora palavras, meu amor,
mas as palavras demoram anos
marcadas nos corpos e o seu odor
cravado nas pernas que são memórias,
assim, desenhadas nas costas
e acetinadas pelo tédio;
a espera pesa nos braços da dor.
Depois? Já nem há remédio
que o tempo não passa
quando a hora nos amordaça
até se esgotar; meu amor,
quando um vazio espera por nada
a noite desiste da madrugada,
uma vida inteira e os dias
escreveram-me em folhas
que nos engavetaram por dó, por favor,
como versos imperfeitos,
como livros e brinquedos incompletos.

Zippo - "Há melhores maneiras de fazer fogo"

Uma espécie de maquilhagem...


crica para visitares a página John & John de d!o

14 agosto 2010

Evidente

Não gosto de não respostas.
As não respostas magoam
por que não se desfazem
no silêncio;
elas pairam sempre
e podem iludir
o complexo reatar
de um nada.

Não digas não respostas:
limita-te a não ignorar
as evidências.

É evidente que te detesto.

Poesia de Paula Raposo

Chico Buarque - «Essa Moça Tá Diferente» (1970)

Claramente uma armadilha



Luva


3 páginas + um epílogo
(clicar em "next page" e, na 3ª página, em "epilogue")


oglaf.com

13 agosto 2010

A cona da mãe do Carlos Queirós

Não, não me refiro à mãe do seleccionador nacional. Só quero justificar o que o filho alegadamente terá dito. O estágio antes do mundial de futebol foi na Covilhã, certo? Pois sabem qual é a expressão de vernáculo mais típica dessa cidade? Exactamente! «Cona da mãe». O Carlos Queirós só demonstrou respeito e gosto pela divulgação da cultura local.
Ah, cona da mãe!