16 agosto 2010

Deixa correr

Agora que te tenho em mim...
Os dentes roçando o meu pescoço…
As garras travando a minha pele…
Quem poderia quebrar este feitiço que eu por nada quereria ver quebrado?
Solta o teu peso inteiro sobre mim – meu leão!
Assim – pertinho – até que o coração me pare para ouvir o teu
E os olhos se me fechem no silêncio
Só um segundo.
Para quê o tudo de tudo?
Para quê o nada de nada?
Se é tão certo que me tens!
Se é tão certo que sou tua!
Para quê outros lugares que não agora?
Agora. Agora.
Agora que acabas de me lamber da boca este segundo…
E que o meu corpo parado ainda treme…
Abre a torneira do tempo... e deixa correr…

Publicado com o consentimento da autora que prefere não revelar a sua identidade.


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A Libelita despertou a veia poética do Bartolomeu:

"Agora, que se afunda no teu corpo
Este tesão abrasivo, ligeiramente torto
Este tesão que só em ti conhece porto
Agora, que em ti encontrei conforto,
Que me alimenta esse teu viçoso horto
No qual pratico ditoso desporto
Agora, que em teus beijos, me acho absorto
Mesmo se no espírito a dúvida transporto
É nos teus seios que os meus beijos recorto
Agora, enquanto este encanto não se quedar, morto."

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