As pessoas deviam ser como as duas paredes que se inclinam: só fazem tecto no sítio onde se tocam. Andam sempre demasiado direitas ou então inclinadas para o outro lado. Vinha de lá; como sempre, muito direito, a testa ao alto marcada pela Lua. Disse-lhe que hoje gostaria de brincar ao coração. Eu fingiria estar de pé mas estaria sentada e ele fingiria inclinar-se; por fingirmos acabaria por desequilibrar-se, eu fingiria agarrar de onde não estava e nós cairíamos a sério no chão. Vamos brincar ao coração.
19 dezembro 2010
«Oralidades» - por Rui Felício
Os exames eram um flagelo. Um mês antes, já a ansiedade tomava conta dele, perdia o apetite, dormia pouco, a capacidade de retenção dos conhecimentos quase batia no zero.
Passava noites em claro a estudar, a rever a matéria, embrenhado nos livros.
Porém, frequentemente, tinha que ler o mesmo parágrafo duas e três vezes seguidas, porque ao fim de cada leitura não recordava nada do que tinha acabado de ler.
Porque se desconcentrava, porque lia uma coisa mas, obcecado, só pensava nos exames e no pavor de não ser capaz de responder às perguntas que lhe fossem feitas, chegando ao fim sem saber o que tinha lido.
O Paulo era um bom aluno, com classificações acima da média, mas a aproximação dos exames dava-lhe volta ao estômago. Sentia-se inseguro, agoniado...
Não eram as provas escritas que o amedrontavam. Nessas tinha confiança no seu saber. O seu feitio tímido e a sua insegurança, assustavam-no, era nas provas orais. Tinha, portanto, que estudar mais e mais para poder garantir que obteria boas notas nas provas escritas que o dispensassem das orais.
Já na vida amorosa, era um homem seguro de si!
Todas as mulheres com quem namorou, o elogiavam pelo prazer que lhes proporcionava. Pela destreza e suavidade da sua língua que lhes tocava os mais recônditos e sensíveis lugares do corpo, levando-as à loucura, ao êxtase completo.
No sexo, ao contrário do que sucedia nos estudos, o Paulo era, reconhecidamente, um especialista nas orais...
Rui Felício
Blog «Encontro de Gerações»
«Se Você é o Cara que Flertava Comigo (...)»
Ficção, Conteúdo Adulto, de Thiago Alcântara - 2005 - 10 min
Com Gustavo Bones, Gustavo Falabela
Bernardo experimenta as angústias do amor numa corrida confusa, rápida e alternativa, onde as peças e chances para encontrar a pessoa amada vão do telefone ao bom e velho dinheiro.
Link directo para o filme aqui.
Com Gustavo Bones, Gustavo Falabela
Bernardo experimenta as angústias do amor numa corrida confusa, rápida e alternativa, onde as peças e chances para encontrar a pessoa amada vão do telefone ao bom e velho dinheiro.
Link directo para o filme aqui.
18 dezembro 2010
O que não quero
Não quero o choro dos pássaros azuis
sob esta velha janela.
Não quero saber
se as cores são diferentes
das que aprendi.
Não quero imaginar
um elo fictício
sem princípio nem fim.
Não quero ficar aqui.
Se o que não quero é tão simples,
como voltarei a querer;
querendo o que sempre quis?
Poesia de Paula Raposo
17 dezembro 2010
What What (In The Butt) de Samwell
Para usufruto e entretenimento dos leitores deste blog de autêntico serviço educativo, deixo aqui uma excelente sugestão musical que promete 3 minutos e 49 segundos de pura diversão.
De mim para vocês, eis Samwell com o sucesso do momento: "What What (In the Butt)".
Incompletar-me
Eu hei-de ser apenas quem eu não chorar, ainda parte de mim que apenas pausa quando chega ao que hei-de ser - mas não pára que eu vou incompletar-me permanentemente - hei-de estar sempre com saudades do que ainda não fui. Despedi-me do que já não sou, não apaguei e guardei-me em rascunhos; umas poucas vezes aconteceu-me assim, é quando mostro coisas que já não sou que me estranho e resolvo despedir-me, guardo essa parte em quem já fui; apagar é ilusão, seria como apagar os traços que vão formando o desenho. Guardei-me. Sou ainda a amante do silêncio, a marioneta da musa chamada Musa, vivo de mãos contra o peito, decoro os dedos que me dão, eu nunca quero ser inteira; o que me falta eu hei-de procurar e, assim, tudo o resto encontrarei acidentalmente. Terá de assim ser; eu nunca sei quais são as perguntas, não as conheço, não sei o que há para perguntar, se perguntar por mim talvez encontre as mil respostas de tudo o que não enunciei e , por isso, nunca mais bato em portas onde não sou. Eu hei-de ser apenas quem eu não chorar e ainda só parte de mim.
Um bastão em osso trabalhado (e que belo trabalho!...)
Esta é uma peça que não se consegue apreciar em pleno sem a ver ao vivo... e sem lhe tocar.
Uma delícia, este bastão chegadinho de fresco à minha colecção.
Uma delícia, este bastão chegadinho de fresco à minha colecção.
16 dezembro 2010
há dias...
há dias
em que tudo o que quero
é dizer-te que te amo
é sentir a tua boca,
a tua língua...
há dias
em que tudo o que quero
é sentar-me no teu sexo
enquanto me enlaças...
é sentir o teu corpo,
as tuas mãos
que afagam os meus seios...
há dias
em que és tudo o que eu quero
em que tudo o que quero
é dizer-te que te amo
é sentir a tua boca,
a tua língua...
há dias
em que tudo o que quero
é sentar-me no teu sexo
enquanto me enlaças...
é sentir o teu corpo,
as tuas mãos
que afagam os meus seios...
há dias
em que és tudo o que eu quero
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