Quem é ele que adormece o sono,
Lídia, ele, sim, lago que afoga o mar,
ele, o mago do relógio que parte o ar
e me dá só do tempo sem dono;
onde estará o senhor do abandono
que parece nunca me encontrar.
Diz-me, Lídia, do que nunca foge
e amanhã e sempre em cada hora
diz agora, imediatamente, hoje;
diz-me, Senhora, porquê tanta demora?
Quem é ele que se lembra do Outono?
26 dezembro 2010
«Terror na madrugada» - por Rui Felício
Há vários anos que a Elisa vivia sozinha num pequeno apartamento da Av. de Roma.
Habituara-se a essa vida solitária e, apesar de as notícias de assaltos serem cada vez mais frequentes nos últimos tempos, não tinha medo.
Contudo, naquela madrugada, acordou sobressaltada, com a respiração ofegante.
Sentia uma mão a pressionar o seu seio esquerdo. Na escuridão do seu quarto, pensou que alguém tinha invadido o apartamento.
A prova disso era aquela mão que cada vez mais lhe pesava no peito, enclavinhada no seio. Aterrorizada, manteve-se imóvel, tentando raciocinar e perceber quem seria o intruso que estava ali ao seu lado, apalpando-a!
Pensou em gritar, pedir por socorro, mas teve receio que isso pudesse levar o assaltante a cometer alguma violência.
Apesar do pavor que a inundava, a verdade é que aquela mão no seu seio nu não denotava violência. Bem pelo contrário! Estranhamente, ao terror mental juntava-se também o prazer físico do toque firme mas delicado daquela mão.
Há tanto tempo que o seu corpo não era tocado, acariciado por uma mão...
O que sentia agora, era já uma mistura de medo e de desejo. O arrepio estendia-se desde o peito até à barriga. O calor invadia-a e instintivamente afastou ligeiramente as pernas...
Encheu-se de coragem, decidiu arriscar, queria ver o rosto do intruso, queria que ele lhe apagasse o doce fogo que a queimava.
Conteve a respiração e, procurando não mover nenhum músculo que denotasse o movimento e o assustasse, foi aproximando lentamente a mão direita, da mesinha de cabeceira, carregou no interruptor do candeeiro e a luz jorrou.
Piscando os olhos à súbita luminosidade, sem se mexer, percorreu a cama e o quarto com o olhar. Não estava ali ninguém! Estava sozinha, não tinha dúvidas...
Mas a verdade é que aquela mão ainda estava pousada no seu seio!
Olhou. Viu então que era a sua mão esquerda, dormente, insensível, onde começava a sentir um formigueiro na ponta dos dedos...
Rui Felício
Blog «Encontro de Gerações»
25 dezembro 2010
Rol [de Natal]
Existe um momento
em que deixamos a timidez
do outro lado
e nos abrimos ao novo,
ao inesperado.
No rol das experiências
- incontáveis -,
experimentamos emoções
sem sentirmos:
não são sentimentos,
são só números de pernas para o ar.
Poesia de Paula Raposo
24 dezembro 2010
As meninas da Triumph e o Natal
O Natal é assim. Tem, entre muitas outras coisas, meninas quase nuas espalhadas pelas ruas. Não em carninha palpável, temos pena, mas em mupis nas paragens de autocarro e em outdoors de grandes dimensões que representam para a segurança rodoviária um perigo muito superior ao de conduzir de olhos vendados a 200km/h e, mais ainda, com pneus carecas.
Já no ano passado (e em anos anteriores) abordei o assunto. É difícil não o fazer. Vejamos então o que nos propõe a Triumph para este Natal (melhor dizendo, vejamos de que modo a Triumph tenta fazer-nos accionar o seguro automóvel):
De novo. Helena Coelho. Não sei o que pensar disto. É que se na primeira foto estamos num contexto assaz doloroso para o pescoço mas possivelmente indicador de êxtase, já nesta segunda foto a cara é do mais absoluto frete, ou até desconfiança, e isso, lamento, não é bom. Mau. Mau mau mau.
Não sou especial apreciador da Andreia Rodrigues. Desculpa Andreia, até podes ser uma porreira, e dentro daquilo que eu aprecio, o conjunto que te deram a vestir até é jeitosinho, é sóbrio (embora dispense o raio do laçarote no soutien, mas enfim, fazer o quê) e razoavelmente eficaz, mas não me convences. Ao menos, não tens a cara de frete da fotografia anterior com a Helena Coelho.
Dizem que é a Isabel Figueira. Desculpem. Mas só com muito esforço a reconheço. Concluo com a sensação de que a campanha de Natal da Triumph aterrou ao lado. Não foi bem conseguida. A linguagem corporal não é nada natural, as expressões faciais estão no mínimo esquisitas, e, se calhar, já nem vale a pena insistir em tanto vermelho só porque é Natal.
Já no ano passado (e em anos anteriores) abordei o assunto. É difícil não o fazer. Vejamos então o que nos propõe a Triumph para este Natal (melhor dizendo, vejamos de que modo a Triumph tenta fazer-nos accionar o seguro automóvel):
Temos uma Helena Coelho em esforço. Provavelmente com uma forte dôr de pescoço. Se começo por esta é porque a acho a melhor do lote (a mulher, e a foto). Dolorosa, sim, mas a melhor.
De novo. Helena Coelho. Não sei o que pensar disto. É que se na primeira foto estamos num contexto assaz doloroso para o pescoço mas possivelmente indicador de êxtase, já nesta segunda foto a cara é do mais absoluto frete, ou até desconfiança, e isso, lamento, não é bom. Mau. Mau mau mau.
Não sou especial apreciador da Andreia Rodrigues. Desculpa Andreia, até podes ser uma porreira, e dentro daquilo que eu aprecio, o conjunto que te deram a vestir até é jeitosinho, é sóbrio (embora dispense o raio do laçarote no soutien, mas enfim, fazer o quê) e razoavelmente eficaz, mas não me convences. Ao menos, não tens a cara de frete da fotografia anterior com a Helena Coelho.
Dizem que é a Isabel Figueira. Desculpem. Mas só com muito esforço a reconheço. Concluo com a sensação de que a campanha de Natal da Triumph aterrou ao lado. Não foi bem conseguida. A linguagem corporal não é nada natural, as expressões faciais estão no mínimo esquisitas, e, se calhar, já nem vale a pena insistir em tanto vermelho só porque é Natal.
Não estou satisfeito.
na tal festividade
aqui vos deixo um Natal
quiçá rico em rabanadas
aletria e afinal
coisas boas e bem dadas
e não se entenda de fora
destas coisas outras várias
aquelas que o pudor cora
mas que são extraordinárias
façamos do mundo todo
o tudo que ao prazer cabe
limpando do mundo o lodo
mas que o amor nunca se acabe
amor por ti e por mim
e por quanto lá vier
e quem não quiser - enfim
bem se pode ir… recolher
e depois com Lennon digo:
imaginem toda a gente
num grande abraço de amigo
fazendo um mundo diferente!
E, como nos dizia o Solnado, façam todos o favor de ser felizes!
quiçá rico em rabanadas
aletria e afinal
coisas boas e bem dadas
e não se entenda de fora
destas coisas outras várias
aquelas que o pudor cora
mas que são extraordinárias
façamos do mundo todo
o tudo que ao prazer cabe
limpando do mundo o lodo
mas que o amor nunca se acabe
amor por ti e por mim
e por quanto lá vier
e quem não quiser - enfim
bem se pode ir… recolher
e depois com Lennon digo:
imaginem toda a gente
num grande abraço de amigo
fazendo um mundo diferente!
E, como nos dizia o Solnado, façam todos o favor de ser felizes!
Lides domésticas
Finalmente um electrodoméstico que nenhuma mulher se importa de receber como prenda.
Instructions: After turning the dial to the required setting, press the 'on' button and climb into the saddle with your legs at the front of the machine.
Subscrever:
Mensagens (Atom)