le blog d'Évelyne Louvre-Blondeau
17 janeiro 2011
16 janeiro 2011
A prostituta azul (VIII) - Remendos
Ao segundo final serão nove horas, três minutos e quinze segundos. Faz anos que digo bom dia (?) aos alheados, brinquedos que acordam e se movem ordenados pelo instante gémeo do anterior. Hoje, um deles tem o fio partido num dos cantos dos lábios, o esquerdo. Tem um aspecto estranho, sorriso pendurado à direita; tenho aqui um pincel, ainda bem, posso emendar do outro lado se misturar a tinta rosa com a vermelha. Parece-me muito melhor, agora. Já desenhei muitos semi-sorrisos bonitos, parecem até verdadeiros, parecem mesmo mais verdadeiros que os normais puxados por fios que adormecem na cara dos sonolentos, é que o sono que vem do escuro permanente é muito contagioso, todos sabemos disso excepto os brinquedos que somos nós. Espreitou o espelho e depois o bolso e esticou os papelinhos coloridos de feio, saiu com três saltinhos leves que lhe pareciam condizer com o remendo de felicidade que veio comprar. Bom dia (?!).
«Mal entendidos» por Rui Felício
Todas as semanas à sexta-feira, vou àquela tabacaria meter o Euromilhões. O sorriso simpático da Sandra, ali empregada, saúda-me quando entro. É uma bela jovem, cujo corpo, de há uns meses para cá tem sofrido uma visível transformação. Os seios aumentaram de volume, as ancas alargaram e a barriga, de dia para dia mais proeminente, começa a dificultar-lhe os movimentos. A gravidez já vai nos seis meses e a Sandra torna-se na mais bonita mãe da Ericeira, que encanta e seduz a clientela masculina da tabacaria.
Na semana passada, reparei que trazia o dedo indicador da mão direita, envolto numa grossa ligadura atada com adesivo. Perguntei-lhe:
- Como é que você fez isso?
Ela fitou-me demoradamente, mediu as palavras e, de olhar cúmplice, respondeu-me sem perder o seu cativante sorriso:
- Ora essa! Com a sua idade e ainda não sabe como se faz?...
Eu falava do dedo. Ela da gravidez...
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
15 janeiro 2011
«Seria do período... barroco?» - postalinho do Carlos Car(v)alho
"Do Santinho do Pau Oco já tinha ouvido falar. Mas de anjos terem sexo...Na i_cono_grafia comum os anjos geralmente têm asas de pássaro(a) e uma auréola. Só!
Estas criaturas celestiais aqui patenteadas, em vez de aureoladas, aparentam ter algo mais...
Serão anjos fajutos? Será tunning?
São uns barrocos!"
Carlos Car(v)alho
Estas criaturas celestiais aqui patenteadas, em vez de aureoladas, aparentam ter algo mais...
Serão anjos fajutos? Será tunning?
São uns barrocos!"
Carlos Car(v)alho
Correr
Simples pestanejar
sem ânsia:
um só desejo
de correr
e de fugir
por outra porta.
Espero sempre
o regresso
de querer
e de voltar
em ti.
Poesia de Paula Raposo
14 janeiro 2011
Ou talvez só depois
Percorreu com um olhar de cetim aquele corpo nu de uma deusa como a via naquele instante no seu tempo em que o paraíso explodia dentro de si.
Encantado, ajoelhado como em reverência, e ela na cama, deitada, em toda a sua magnificência de criatura perfeita, olhar endiabrado em corpo angelical, sentindo por antecipação o toque firme mas suave de uma mão que ele aproximava devagar daquela linha de separação entre a terra e o céu, a pele macia que estremeceu ao contacto com o seu calor.
Queria fazer o amor sublime naquela cama, despertar nela a mesma chama que sentia arder em todo o homem que queria ser naquele instante do seu tempo feliz. Adorada, tocada como porcelana rara, valiosa, encantadora, a mulher feita deusa, feiticeira, que se entregava, disponível, ansiosa pelas sensações que ele lhe oferecia agora, lábios perdidos na imensidão do universo paralelo que percorriam os dois, corpos convertidos em paraísos perdidos, a ilha deserta recriada naquela cama onde ela, espalhada, o sentia sôfrego como um náufrago em busca da salvação, possuído, também ele, pela emoção que arfava no peito que lhe roçava nas costas no seu movimento de vaivém, pelo espaço, na ausência da gravidade, ainda que terrenos no som que produziam, as palavras insanas que proferiam como válvulas de escape da pressão crescente que os agitava em simultâneo quando no horizonte das suas mentes o sol finalmente nasceu, em órbita descendente para o reencontro naquela cama, onde ela, deitada, o beijou com a força desesperada da amante convencida de que o mundo iria certamente acabar amanhã.
Ia eu a passear por Salamanca...
... quando me deparei com uma montra de uma loja da marca «Bimba & Lola» onde estavam uns sapatos que eu nem por encomenda faria melhor para a minha colecção! E já cá moram.
Que belo par fazem com as botas de palhaço de minha criação.
Que belo par fazem com as botas de palhaço de minha criação.
O medo é um apeadeiro sem linha ferroviária...
O medo é um apeadeiro sem linha ferroviária, ao longe passam os comboios onde ninguém se atreveu a embarcar e o som único do pouca-terra faz muito que acenou adeus. É por isso que para o Amor escrevo sempre linhas novas, pode ser que um daqueles comboios maravilhosos, dos antigos, dos que ainda sabem andar sem a velocidade desenfreada e param um pouco em cada estação para observar tudo, me veja aqui cheia de linhas para ele e me venha buscar; pode ser que eu embarque mesmo sem saber para onde vou, que importa o destino se a viagem é a vida e vou ver a fantasia?
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