19 abril 2011

Shooting Well #10

Aborreci-me. Assumo que a dado momento me aborreci muito com a recepção que estas fotos tiveram n'A Funda São. Aborreci-me porque os pressupostos sobre os quais elas foram feitas pareciam não estar a ser entendidos, e se em alguns aspectos isso me parecia fruto da subjectividade dos gostos, em alguns outros parecia existir uma acutilância desproporcionada. Ponderei, verdadeiramente, solicitar que se interrompesse a divulgação das fotos, mesmo sabendo que as mais apelativas ainda estariam para vir. Falta de capacidade para aceitar críticas? Não. Teria gostado muito que me falassem das coisas que funcionavam, e daquelas que não funcionavam. Teria gostado que me tivessem dito que ângulos gostavam, que aspectos teriam melhorado, o que nunca teriam feito ou não gostariam, nunca, de ver. Era para mim perfeitamente claro, e assumido, que não era profissional nem coisa parecida. Sou - e provavelmente sempre serei - um amador. Um entusiasta que não vive das fotografias - nem da escrita - e que procura, sempre que pode, fazer aquilo de que gosta.

Fotografar Joana Well foi uma oportunidade assaz interessante. Foi, diria eu, também um salto de fé da parte dela. Poderia ter sido um desastre, e esse receio acompanhou-me sempre. Há quem comente, não sei se a brincar ou a sério, que uma sessão fotográfica tem de terminar em sexo. Há quem comente, não sei com que espírito, que a nudez tão próxima de uma mulher é garantia de excitação sexual. Fotografar Joana Well foi a antítese do sexo. O meu pensamento, naquelas duas, talvez três, horas em que estivemos naquele quarto de uma cidade portuguesa, esteve longe, muito longe do sexo. Nada em mim alguma vez se alterou. Lamento, mas nada entumesceu, nada tremeu. Apenas e só porque o peso sobre os meus ombros era muito grande. Eu sentia em mim a exigência de fazer aquela experiência valer a pena. Não só por mim, mas obviamente também pela confiança que a Joana Well havia depositado no meu olhar. A isso responde-se com respeito e com profissionalismo, mesmo que sejamos amadores.

Nunca tive, para esta sessão, a intenção de fotografar pornografia - e aqui sejamos objectivos e não apliquemos o conceito adaptado de pornografia que aqui reina. Nunca foi minha intenção plasmar aqui a vulva da Joana Well, as mamas da Joana Well, ou colocá-la aqui em poses de grande gratuitidade. A minha intenção foi sempre a de mostrar algo que tivesse beleza, tivesse pele, mas tivesse, sobretudo, classe. Algum tipo de classe. Quando me pareceu que isso não estava a ser lido assim, aborreci-me. Admito-o.

No conceito que levei comigo para aquele encontro, fotografias em poses estranhas (como a primeira), ou apenas um plano apertado das mãos, era algo perfeitamente normal e expectável. Fizeram-se muitas fotografias. A esmagadora maioria nunca verá a luz deste blog. Algumas das ideias ali exploradas pura e simplesmente não funcionaram. Por razões várias, de entre as quais talvez a minha inexperiência e a falta de algum material tenham sido das mais determinantes.

"Shooting Well" foi uma experiência de valor. Aprendi algumas coisas, espero, muito honestamente espero, que a Joana Well não tenha saído desta sessão defraudada, que não tenha sentido ter dado o corpo a uma falsa promessa, que as suas expectativas não tenham sido traídas. Eu estou-lhe grato. A ela, e ao homem-que-lhe-segurou-os-seios. E, é certo, estou também grato à São Rosas, que de algum modo, indirectamente, veio a criar condições para que isto acontecesse.

Eu saio disto satisfeito. Espero que vós, agora, também. Talvez um dia fotografe mais coisas (embora por agora esteja com vontade de fazer retrato, que é um tipo de foto de que gosto muito) e talvez um dia volte a colocar aqui as minhas tentativas de fazer com as fotografias aquilo que algumas pessoas dizem que consigo fazer com a escrita. Bondade vossa.

Que não seque o rio

Que não abrande o fulgor
Do teu gesto,
Nem a doçura do olhar quente
Na minha noite.
Que não se extinga a chama
Que me perpetua
Num sorriso simples.
Que regresses aos meus braços
Com o vento soprando
Tão brando,
Como essas palavras
Que me queres dizer.
Que não morra o desejo,
Nestes nossos beijos
E se for assim o fim
Eu quero morrer aqui,
Contigo a cantar.
Que não volte a solidão,
Que não apodreça em nós
A vida por viver
E que o rio não seque
Sem palavras.


Poesia de Paula Raposo

Conjunto de bule e quatro chávenas

Este conjunto estava esgotado. Mas não há nada como ter bons contactos internacionais para conseguir que esta maravilha da criatividade («The Naked Girls Teaset», da designer Esther Horchner para a Het Paradijs) já esteja bem aconchegadinha na minha colecção. Nem vos digo nada, só mostro:









18 abril 2011

Há por aí algum gajo que consiga explicar à kikas?

"Passa-se algo com os miúdos adolescentes que não entendo ... junto ao meu local de trabalho há uma escola secundária e um parque urbano, onde passo diariamente. É surpreendente a forma como elas atacam os putos, fazendo alpinismo por eles acima e rappel, por eles abaixo ... eles nem se mexem, guilhotinados entre um wonderbra que mal tapa o material mas reparo nalguns, um ar assustado, como se pedissem socorro baixinho ... Ainda não entendi se estão em estado de graça ou de asfixia mas ouvi uma gritar num decibel acima do razoável: "meu cabrão do , vai-te !"
kikas (a propósito disto)
____________________________
kikas: "Há dois episódios recentes que ainda me baralharam mais.
O primeiro aconteceu no meu prédio, onde mora um miúdo de 18 anos, estilo engatatão, educadíssimo e giro de cair pró lado. Cerca das 3 manhã acordo com vidros estilhaçados e uma grande algazarra, acontece que esse puto roubou a namorada a uma colega do liceu e ostensivamente levou a miúda a um bar onde desatou à marmelada em frente ao outro.
Depois da festarola o "encornado" não faz mainada ... faz-lhe uma visita surpresa e agarra-se à campaínha a chamar-lhe filho da puta e cabrão. Como ninguém lhe abre a porta, pega numa pedra e toca a partir o vidro da entrada.
Eu, que sou muito sensível a miúdos apaixonados e encornados, estive a conversar com o rapaz e ele, lavado em lágrimas, lá foi desabafando e perguntou se tinha de pagar o vidro. É claro que quem pagou foi a Cª de Seguros.
O segundo caso passou-se na Escola Secundária Bocage, onde uma rixa entre dois alunos por causa duma miúda causou um traumatismo craniano a um professor de Filosofia que tentou acabar com aquela zaragata passional.
Mas o que se passa com a miudagem do século XXI? Onde pára o Poliamor ou o SecondLove, estandartes afectivos contemporâneos que os paizinhos e as mãezinhas também, às claras ou às escuras, praticam alegramente? Será pedagógico ou terá um sentido inverso?
Eu acho que vou fazer um seguro multirriscos de responsabilidade civil para os meus 2 filhos e gostava muito que o Shark, que é expert neste ramo, me aconselhasse, tendo em conta a sua experiência profissional ou pessoal...
shark: "Não sei se o conceito de responsabilidade civil encaixa nas duas situações que descreves, Kikas, pois se no primeiro caso houve um acto de vandalismo deliberado e pelo qual só o próprio responde, não havendo lugar a qualquer tipo de indemnização no âmbito da RC, no segundo o dano é sofrido no contexto de uma perturbação da ordem pública e também este tipo de tumulto pode ser abrangido por cobertura própria e nunca pela RC que é - temos o seguro automóvel mais comum como exemplo - uma cobertura destinada a ressarcir terceiros por factos involuntários que possam ser imputados ao titular da apólice. No fundo é uma transmissão da responsabilidade para uma companhia de seguros, mas, atenção, por danos causados sem dolo...
Isto por miúdos: num caso e noutro, mesmo com seguro de RC, os responsáveis é que se baldavam à grande e os lesados iam receber ao totta se só estivesse em causa a responsabilidade civil.
Mas claro, esta é a minha interpretação da coisa..."
Joao: "Isso de um seguro de responsabilidade civil, efectivamente, não me parece nada mal pensado nos dias que correm."
De resto, em matérias de amor ou não, de jovens ou não, o que me parece que falta mesmo é educação."
São Rosas: "Eu acho que falta mais é «tomates»."
shark: "Tomates não seguro, seja a quem for. Excepto no âmbito de um seguro de colheitas. Mas dos grandes (o seguro, não os tomates)."
...

"Coimbra merece ter um Museu do Sexo?"

... está a perguntar a revista C na sua página internet, depois da notícia sobre a minha colecção que publicaram e fez manchete na semana passada. Hoje de manhã estava assim:


E tu, o qu'achas?

«A piroca inteligente» - campanha francesa para o uso de preservativo

Teste de visão



Se nesta imagem vês dois porcos e um leitão, tudo bem.
Caso contrário, vai a um médico!...

17 abril 2011

«Laços sagrados» - por Rui Felício


Ia trémula, bela, elegante, de vestido branco. Tentava disfarçar o sal de uma lágrima furtiva com um meio sorriso indefinível.
A Filipa tinha demorado muito a decidir-se! Ela bem sabia que era um passo daqueles que marcam uma vida, mas agora, vencidas todas as indecisões, caminhava lentamente pela ampla e infindável álea, em passadas cadenciadas, nervosa mas resoluta. Nada a faria recuar!
Apoiava-se no braço do pai, de cabelos grisalhos, elegantemente vestido, que a conduzia e lhe incutia confiança, apertando-lhe firme e suavemente a mão para lhe dar força.
Todos os olhares se dirigiam para ela, acompanhando-a, admirando-lhe o rosto tenso, emocionado, de uma profunda beleza. Ouviam-se comentários sussurrados à sua passagem.
Quando a Filipa viu o José ao fundo do corredor, de fato azul escuro e gravata cinzenta, irrepreensivelmente penteado, à espera que ela se aproximasse, o coração acelerou e chegou a pensar, no último momento, libertar-se do braço do pai e fugir, mas reconheceu que isso seria uma infantilidade. Agora que tudo já estava decidido!
De resto, a Deolinda, sua grande amiga e confidente, tinha-lhe dito que no principio ela ia achar estranha essa radical mudança de vida, mas que depressa se habituaria.
A silhueta elegante daquele belo homem que a aguardava, fazia-lhe disparar os pensamentos mais confusos. Foi àquele homem que dera o seu primeiro beijo, foi com ele que passara momentos de enorme felicidade, de quem foi amiga, namorada, amante, e com quem, pela primeira vez, experimentara os prazeres do amor e da paixão.
Tiveram os seus pequenos arrufos, como qualquer casal de namorados. Por vezes discutiam, é certo, mas diziam-lhe que isso era normal.
O pai libertou-se suavemente do seu braço, beijou-a com ternura e desejou-lhe a maior sorte do mundo na vida que agora iria iniciar, deixando-a ao lado do José.
Ficaram ambos de pé, hirtos, tensos, silenciosos, em frente ao Juiz que os aguardava para decretar o divórcio previamente negociado. Lá fora, a Deolinda esperava pelo José...

Rui Felicio
Blog Encontro de Gerações

Poema dos condenados

Quando sinto a mão na garganta, durante a noite,
será que vou morrer?
Quando sinto, durante a tarde, a visão enturvecer,
será que vou cegar?
Quando sinto, durante a manhã, o zumbido nos ouvidos,
será que vou ensurdecer?
Nunca sei bem o que perguntar,
que perguntas farão os que se perguntam condenados?
E todas as outras formas das mil e cem mortes possíveis
estranhas, incoerentes, coreografias inverosímeis
mostram-se e dançam à minha volta,
mais uma pergunta é menos uma resposta
e tocam o corpo meu ou corpos alheios
num conforto incompleto de uma mãe sem os seios
num revolver de frios dedos no interior do ventre,
por onde quer que me entre,
lembra-me que eu posso morrer fechada
ou livre de mim e de mim esquecida
lembra-me que ainda estou viva,
tão viva que, se tudo me pode doer,
estou tão viva que tudo e um nada posso sentir;
então não largo, nunca deixo a morte fugir
e ficaria eternamente neste quase adormecer.
Este é o poema de nós todos
nesta morte constante, lenta, que, afinal, é viver.


Afinal havia outro!

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16 abril 2011

Os putos e a bisca

Balanço

Hoje vou dançar contigo
Ao som da nostalgia
Em passinhos cheios
De lentidão e calma
Ao som de recordações
Que me enlevam
E me fazem rodopiar
Em alegria e entusiasmo
Loucura do teu balanceio
Nas ondas dos teus braços
Nos beijos das tuas marés
Empolgamo-nos em amor
Na música sublime
Que nos cobre e nos transporta
A outra galáxia
Trovejando a paixão
No embalo de um abraço.


Poesia de Paula Raposo