11 junho 2011

Poema

Eu sou um poema.
Musica-me.
Sem métrica, sem rima,
nada.
Mas, eu sou um poema:
feito de mim para ti,
perdido, desfeito,
um poema incontrolável.
Musica-me.
Dedilha-me.
Deixa-me a música
que de um nada
se faz loucura;
escreve na tua pauta
a luz dos meus olhos.

Poesia de Paula Raposo

Arte pós-moderna

Fácil e simples de se fazer.





Basta apenas um pouco de inspiração.

Capinaremos.com

10 junho 2011

Talvez o casal americano mais velhinho


Via our Canadian friend Bernard Perroud

(Esc)Rita Avestruz

Rita gosta muito de pintar os olhos, gosta de pestanejar e ver sublinhada a diferença entre olhos abertos e olhos fechados; quando os pinta e os fecha, eles parecem muito mais fechados porque, quando os pinta e os abre, eles parecem muito mais abertos. Rita gostava muito de escrever as coisas, como esta dos olhos, todas as coisas que pensa, mas não pode escrever porque não sabe para quem escrever, não está ninguém ali. Poderia escrever para si própria, mas não pode porque para si própria nunca escreverá a verdade; escrever para si própria seria como naquele dia em estava enlutada - um luto inesperado do paizinho - e o amante desapareceu - não disse nada, só desapareceu, prometeu amor e abraços mas desapareceu, deve ser muito terrível abraçar os lutos das amantes - nesse dia, ela sentou-se num banco do centro comercial e pensou-se muito feliz porque tinha uma revista e bilhete para o cinema. Rita gostava muito de escrever mas não pode, não está ninguém ali; para si própria nunca escreverá porque nunca escreverá a verdade para si e Rita sabe que não pode ler sem descobrir as suas mentiras. Rita continua a pintar muito os olhos, a sublinhar muito a diferença entre olhos abertos e olhos fechados.

K-Y Jelly - «Sandwich»

Há fodas com efeitos colaterais extraordinários!

Crica para veres toda a história
Despertar


3 páginas (cricar em "next page")

oglaf.com

09 junho 2011

Divagações de um coleccionador



Já me chamaram coleccionador de afectos mas é completamente falso ... sou mas é um sentimental! O sexo até pode não ser o objectivo imediato, mas deprime-me a falta de paixão porque entendo o amor como evasão e poesia.
Sorvo e entrego-me como um manjar gourmet, servido em baixela de prata, onde exponho o meu corpo como um jardim de delícias à la carte e o meu sexo como uma estufa tropical.
Sou indiferente a convenções ou tabus e deixo-me ir (e vir, também), levado pela brisa das emoções furtivas. Adoro o imprevisto, as aventuras e as experiências que ensaio no meu laboratório rudimentar onde cada cobaia se sente uma princesa ... às vezes selvagem, é certo, mas facilmente domesticada pelos métodos mais ancestrais e artesanais.
Mas não pensem que sou um amante descartável e sem história, daqueles que não deixam marcas profundas na pele e na memória de quem o ama ...
Embora seja um homem profundamente espiritual e confesso devoto de Osho, sou também muito carnal e encaro o sexo como a primeira maravilha do Universo.
Estou à vontade no meu papel de diabinho com asas de anjo.
Às vezes, sinto-me atormentado por um frenesim erótico que me leva a excessos incontrolados ... sou voraz sem ser guloso e tenho uma dificuldade enorme em adaptar-me à rotina, pois a dança de parceiras não me acalma a líbido, apenas potencia a minha bulimia sexual.
Acredito que há em mim, o poder redentor do sexo que me faz sentir uma corrente de pulsões tempestivas e torrenciais.
Chamem-me libertino, mas julgo estar a meio caminho, entre a depravação e o vício, por isso, não tolero relações complexadas e com regras ... sou um homem sem rosto mas com uma longa história de libertação, onde não há lugar para lágrimas ou dramas.

Postalinho com tomate

Video com pouco mais de um minuto da filmagem de cenas sado-masoquistas durante 4 horas


Strict Time Lapse from youdiejoe on Vimeo.

apontamento económico...


Um cidadão sem abrigo depois da passagem das troikas. Mas ele renegociou a dívida, como se pode apurar pela postura repousada e pela dimensão da testiculária, elemento de peso indubitavelmente negocial... Quanto ao resto... ora, que se lixe! O nosso clima até é ameno e o que interessa é a garantia de que aqui quem manda somos nós!

Roço


08 junho 2011

Cátia Alexandra Fadista Gótica (Rita Cardoso) - "Nas bordas duma cigana"

O nosso Miúdo, das Vozes da Rádio, deu-me a conhecer este maravilhoso hino às bordas (no caso, de uma cigana). Recomendo que leiam aqui a análise do Miúdo a este desempenho que nos consegue surpreender a todos, antes de se deliciarem com mais de 7 minutos de cultura, técnica e arte sem fim:



Como ode o OrCa, "aquilo pareceu-me pouco gótico. Talvez mais visigótico, com alguns laivos de vândalo e pozinhos celtiberos. Mas gótico, aquilo que se diz gótico...

Mas é sempre fixe apurar estas «alternatividades», como nos diz a apresentadora.

nas bordas de uma cigana
há um cheiro a rosmaninho
a fome que o amor esgana
como um caneco de vinho

bordam fenda farfalhuda
bruta e firme nem abana
fértil brava e cabeluda
as bordas de uma cigana..."

Entretanto, a Bárbara João, que nos acompanha no Facebook (já 126 132 pessoas "gostam" de mim lá), esclarece: "Conheci a Rita há uns anos. Ver este vídeo foi uma surpresa para mim e é claramente uma brincadeira. Procurem pela Rita Cardoso no youtube. Vão encontrar alguns vídeos com outras músicas dela. Aqui está um exemplo. Ela chegou a ganhar o Termómetro Unplugged em 2000 e depois disso gravou até um EP. Podem ler aqui. Achei por bem dizer isto =)"

Amor é...

O ocaso do teu corpo no meu
na metade de baixo dá-se o ocaso solar
na metade de cima dá-se o ocaso lunar
e eu,
de terra e de água, desfeita em céu.