este ano apetecia-me ir à Marcha. meet u there?
12 junho 2011
«Cenas de guerra» - por Rui Felício
O Clube de Oficiais do QG de Bissau, tinha restaurante, bar, cinema, piscina e uma ampla área arborizada de mais de 20 hectares, ponteada por pequenas vivendas, onde viviam as altas patentes do exército. Era da capital que dirigiam a guerra da Guiné. Bem instalados, a maior parte deles nunca tinha posto os pés no mato que esse era o lugar para os milicianos...
Naquela sexta-feira à noite, o Major Beltrão estava em casa e mirava a sua mulher a arranjar-se para ir ao Clube de Mulheres de Bissau à reunião semanal de chá beneficente a favor da população desprotegida.
Olhava-lhe a longa racha do vestido azul que deixava ver a parte lateral da coxa bem desenhada, apetitosa, provocante. O decote generoso mal escondia os seios alvos, firmes, palpitantes. Em frente ao espelho, ela retocava com baton vermelho vivo os lábios sensuais e o desejo do Major começava a tornar-se incontrolável. Não resistiu e pediu-lhe para ela não ir. Que ficasse em casa, que a sexta-feira era um dia especial e adequado para fazerem amor.Ela respondeu-lhe que também era isso o que lhe apetecia, mas que, sendo mulher de um oficial superior, parecia mal não ir. Era por causa do bom nome dele que fazia o esforço de assistir àquelas enfadonhas e cínicas reuniões de mulheres.
O major estranhava era que ela se aperaltasse toda, que se vestisse de forma tão sensual, para ir à tal reunião. Além de que a maior parte dos seus colegas nunca lhe tinha falado nesse clube de mulheres. Já à porta, ela sorriu-lhe, beijou a palma da mão, soprou-a em direcção a ele, a simular um beijo, saiu e meteu-se no carro.
O major, desconfiado, chamou o ordenança, meteu-se no jeep e ordenou-lhe que seguisse o carro da mulher.
Pelo caminho, perguntou ao soldado se a mulher dele também ia ao Clube de Mulheres. O soldado sorriu e esclareceu-o que ela nunca saia de casa sozinha. Isso é que era bom!, dizia ele...Àquela hora estava a lavar os tachos e as panelas. Na sua opinião, as mulheres têm de ser tratadas sempre com duas pedras na mão. Ná! Com ela isso não aconteceria nunca. Andava sempre de rédea curta. E quando, por distracção, punha o pé fora do estribo, levava logo uma arrochada para se manter no lugar que lhe competia...- Ponho as mãos no lume por ela! Desculpe-me dizer-lhe, meu major, mas tem que ser mais rigoroso com a sua esposa para ela não descarrilar.
Chegados à baixa da cidade, viram a mulher do major a bambolear as ancas e a entrar no edifício do tal clube.
Desconfiado e roído de ciúmes, o major ordenou então ao soldado que fosse lá dentro e a trouxesse à sua presença. Ela é loura, como tu sabes, e está com um vestido azul. Minutos depois, o soldado saiu aos berros, arrastando uma mulher, toda descomposta, ao mesmo tempo que lhe ia descarregando uma saraivada de murros e pontapés.
O major saiu do jeep e gritou-lhe:
- Ouve lá, estás maluco? Essa é morena e tem um vestido vermelho. Não é a minha mulher!
- Pois não, respondeu o soldado, fora de si. Esta é a minha! Já lá volto para ir buscar a sua.
Rui Felicio
Blog Encontro de Gerações
11 junho 2011
Neste momento, são 1.654 os livros que fazem parte da minha colecção
Fotografias tiradas... digo, dadas pela Libélula Purpurina, quando visitou com a Kikas e o JF a minha colecção, no 14º Encontra-a-Funda.
Os livros foram todos cadastrados e estão à espera de ir para o espaço que tarda em aparecer...
Os livros foram todos cadastrados e estão à espera de ir para o espaço que tarda em aparecer...
Poema
Eu sou um poema.
Musica-me.
Sem métrica, sem rima,
nada.
Mas, eu sou um poema:
feito de mim para ti,
perdido, desfeito,
um poema incontrolável.
Musica-me.
Dedilha-me.
Deixa-me a música
que de um nada
se faz loucura;
escreve na tua pauta
a luz dos meus olhos.
Poesia de Paula Raposo
10 junho 2011
(Esc)Rita Avestruz
Rita gosta muito de pintar os olhos, gosta de pestanejar e ver sublinhada a diferença entre olhos abertos e olhos fechados; quando os pinta e os fecha, eles parecem muito mais fechados porque, quando os pinta e os abre, eles parecem muito mais abertos. Rita gostava muito de escrever as coisas, como esta dos olhos, todas as coisas que pensa, mas não pode escrever porque não sabe para quem escrever, não está ninguém ali. Poderia escrever para si própria, mas não pode porque para si própria nunca escreverá a verdade; escrever para si própria seria como naquele dia em estava enlutada - um luto inesperado do paizinho - e o amante desapareceu - não disse nada, só desapareceu, prometeu amor e abraços mas desapareceu, deve ser muito terrível abraçar os lutos das amantes - nesse dia, ela sentou-se num banco do centro comercial e pensou-se muito feliz porque tinha uma revista e bilhete para o cinema. Rita gostava muito de escrever mas não pode, não está ninguém ali; para si própria nunca escreverá porque nunca escreverá a verdade para si e Rita sabe que não pode ler sem descobrir as suas mentiras. Rita continua a pintar muito os olhos, a sublinhar muito a diferença entre olhos abertos e olhos fechados.
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