28 junho 2011

Saudade

Se acaso a noite nos perturba
- que sabemos nós -,
e numa ideia alucinante
até nos despimos
e deixamos que o tesão
seja o último reduto
do - ainda - amor;
então podemos, talvez, permitir
que amanhã a saudade seja silêncio
e o orgasmo
o fim esperado da loucura.

Essa será a noite inesquecível
do despertar efémero
ou da súbita realização.

Poesia de Paula Raposo

As bengalas da minha colecção

Ao longo dos anos, comprei algumas bengalas e pegas de bengala. Encontrei finalmente quem me colocasse um cabo em madeira nas pegas que ainda não o tinham.
Digam lá conão ficaram lindas, as minhas oito bengalas?



26 junho 2011

Piadas em topless da Playboy - Conversa entre livros de Matemática

«Em Coimbra há muitos anos...» - por Rui Felício


Tinha idade para ser meu pai. Ou mesmo avô. Era um daqueles homens a quem é difícil adivinhar a idade.
Já estivera em Peniche, condenado por actividades subversivas contra o Estado, onde o tempo tinha parado uns anos.
Trazia sempre consigo uns papeis rabiscados com letras que ia fazendo para canções de protesto contra o regime. Mas só conseguia fazer-se ouvir na pacatez do seu humilde quarto alugado da Rua das Padeiras, e depois de cuidadosamente se certificar que a malta que o escutava era de confiança.
Frequentava a Democrática e não regressava a casa sem passar pela Rua Direita onde, dizia ele, o Salazar com uma simples assinatura tinha decretado a extinção legal das prostitutas, transformando-as em mulheres de “vida fácil”!
A velha viola parecia gritar de revolta quando os seus dedos inábeis lhe martelavam as cordas, acompanhando, dissonantes, os versos que ele cantava com voz rouca e os olhos em alvo.
Garantia-nos, esperançado, que um dia a sua voz poderia ser ouvida em inteira liberdade.
Com o 25 de Abril, aprestou-se para cantar em comícios e sessões de esclarecimento, mas nunca conseguiu fazer-se ouvir como sonhara.
Desculpava-se dizendo a quem com ele privava:
"Antes da revolução as minhas canções esbarravam contra a ditadura.
Agora que sou livre, esbarram contra a dentadura..."

Rui Felicio
Blog Encontro de Gerações

Nudez

Deita os olhos na minha nudez
adormece-os, diz-me como vês
o desejo que nos encontra a pele
nada há de mais cruel
nada há de mais doce
E ainda que tudo o que visses fosse
um hino inteiro à candura
entoado pela tortura
que empalidece a lucidez
os teus olhos parecem-me dez
presos nos dedos feitos de mel
prendem-me o corpo, foi-me infiel
já não é meu, e o que tu vês
mesmo vestida, chama-se nudez.

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25 junho 2011