De vez em quando dou uma vista olhos pelas coisas que atraem gente via Google para o meu blogue e invariavelmente encontro no top 5 das buscas a expressão “como exercitar o pénis”, título que dei em tempos a uma posta inspirada precisamente neste meu vasculhar do(s macaquinhos no) sótão das tendências dos visitantes para lhes perceber a evolução.
Tendo em conta a realidade acima descrita é fácil de concluir que a evolução é permanente e não falta por aí gente interessada em concentrar-se no body building aplicado a uma zona específica da anatomia masculina.
Consciente desta preocupação da malta com pila na respectiva manutenção e porque nos é concedida sem manual de instruções, além de que é um tema catita para esgalhar uma posta, entendi oferecer aos que têm muito mas querem mais e aos que já estão por tudo para conseguirem levantá-la algumas sugestões complementares à do exercício do toalhão que descrevi na posta acima lincada.
A ideia corrente é a de que a pila é um músculo como outro qualquer e se o trabalharmos com afinco mais enrija.
Apesar da minha fraca sabedoria em matéria de educação física, foi esse o pressuposto que abracei na adolescência quando comecei a minha breve incursão pelo culturismo genital que agora me coloca numa posição favorável para entender as expectativas criadas pelos mais empenhados.
Por isso mesmo tentei encontrar formas de ir de encontro a essas expectativas, concebendo formas acessíveis (estamos em tempo de crise) e simultaneamente eficazes de exercitar o tal músculo tão especial para alguns e para algumas também.
1 – Halteres
Uma vez que a masculinidade é um atributo importante para os detentores de uma pila, tentei encontrar uma forma de colar a imagem máscula desse equipamento clássico do ginásio comum, adaptando-a às diferentes etapas da vida do atleta em causa.
Assim, recomendo na puberdade uma palhinha com dois caramelos de Badajoz, um em cada extremidade, fixando o conjunto numa posição que deixe equidistantes os pesos da cabeça do membro viril.
Com a entrada na adolescência podem substituir a palhinha por um pauzinho do mikado ou similar e trocarem os caramelos por carrinhos de brincar que entretanto convém já não usarem por essa altura.
Depois de adultos, e cumprido um programa rigoroso de exercício diário ao longo das etapas anteriores, podem mesmo arriscar um pau das espetadas com dois nacos do lombo em cada ponta. Esta abordagem permitirá impressionarem as parceiras com um jantar de grelhados de vossa iniciativa e compensará um eventual atraso na obtenção de resultados através deste exercício ainda não testado em humanos (nem em ratos, pois no meu hamster podia tentar com um palito e duas azeitonas, mas tive sempre medo que ele se engasgasse com os caroços).
Nota importante: guardar os caramelos e a palhinha para usos futuros que a vida não está para viagens.
Nota importante 2: na fixação dos halteres à cabeça da pila devem ter em consideração o cuidado de não apertarem demasiado os fios ou cordéis para não correrem o risco de asfixiá-la. E caso optem por outros processos de fixação, evitem sempre as colas de papel como a UHU e jamais recorram a fita isoladora.
2 – Porta-Aviões
Mais uma vez, procurei encontrar uma representação simbólica com laivos de masculinidade mesclados com a evocação das enormes dimensões da embarcação que inspira o segundo exercício que vos proponho.
A ideia consiste em manter a pista consistente para nela aterrarem aeronaves (não interpretem em sentido literal, pois detestaria saber que algum de vós desse cabo das miniaturas airfix do Spitfire por falta de... equilíbrio na pista ou assim.
O exercício consiste em prolongar cada vez por mais tempo a disponibilidade da pista até se atingirem níveis de tráfego semelhantes ao do Aeroporto da Portela. Para os mais pequenos ou mais murchos recomenda-se uma fasquia mais próxima da do aeródromo de Tires para evitar decepções que derivem de alguma sucessão de desastres aéreos.
Pelo nível de concentração exigida nesse esforço de controladores aéreos não se recomenda o recurso à pilota automática.
3 – Martelo Pilão
Este possui logo à partida uma designação muito macha e que permite ultrapassar qualquer renitência por parte dos mais viris de língua.
Como o nome indica, o exercício visa substituir os quebra-nozes clássicos, esse cliché masculino que os apreciadores de filmes de acção tanto apreciam, e proporcionar uma forma realista de testar a dureza entretanto obtida.
Claro que para este teste não se recomendam frutos secos para quem não tem dentes e por isso deverão seleccionar os alimentos a quebrar em função do nível de preparação do atleta.
Sugiro começarem por se oferecerem para partirem a casca dos ovos ao longo da feitura do almoço, pois esta opção permite impressionar em simultâneo a parceira com uma exibição dos resultados do vosso trabalho e com um pretexto magnífico para partilharem as tarefas culinárias a dois.
Devem experimentar a sós até se certificarem de que na hora da verdade não batem com força que chegasse para deixar as claras batidas em castelo (essa prática só é aconselhada a cinturões negros, a campeões veteranos) nem ficam vexados por tentarem, os menos espertos e menos habituados ao tempo passado na cozinha, partir a casca do ovo pelas suas pontas e enfrentarem um flop que é sempre uma experiência traumática quando envolve a pila nas suas exibições de força bruta.
4 – A Táctica Vulcano
Como se depreende, este é um exercício que concebi com base no meu interesse pela Ficção Científica. A Táctica Vulcano, no entanto, não é inspirada no Doutor Spock mas sim no famoso esquentador inteligente que tanta pila já banhou por esse mundo fora.
Por outro lado, o exercício bebe de uma sugestão deixada nas caixas de comentários acerca de mexermos a bica com a ponta. Contudo, e dentro da óptica da segurança pessoal, opto por níveis mais baixos de calor (não vá algum levar-me a sério e tentar mesmo esta proeza) e recomendo que deixem sempre bem claro que não querem uma bica em chávena escaldada.
A Táctica Vulcano possui uma característica que a torna particularmente atractiva para os amantes dos filmes de kung-fu. Qualquer apreciador do género conhecerá a célebre imersão dos dedos médio e indicador, ao longo de horas, num recipiente com areia a ferver. Nos filmes, os donos dos dedos pareciam obter um resultado excelente que lhes permitia, era esse o objectivo do exercício, fazerem explodir os olhos nas órbitas dos inimigos com um simples golpe desferido com os dedos de betão.
Ora, não existe qualquer apelo à violência neste conjunto de exercícios e ninguém quer ensinar a rebentar olhos às pessoas. O uso da pila deve obedecer sempre a critérios de moderação e de bom senso e deve existir sempre consentimento mútuo na sua aplicação prática.
Nesse sentido, a Táctica Vulcano visa apenas preparar o atleta para enfrentar grandes subidas de temperatura com se possa confrontar nas suas incursões pelo que podemos apelidar de vulconas e aprender a evitar o reflexo caracol por parte de uma pila sem experiência em acentuadas variações térmicas.
Aconselha-se uma exposição moderada a água mais quente durante o duche, podendo depois o atleta subir o nível de temperatura até à de um prato de caldo verde aquecido em lume brando durante não mais de dez minutos. E sem chouriço.
5 – Penetração pelas Faixas Laterais
Homem que é homem que acredita que ser homem passa por esse tipo de pormenores não resiste ao apelo futebolístico e isso explica o nome deste exercício vocacionado para fortalecer o órgão no sentido lateral (em sentido literal), nomeadamente no que concerne à firmeza na base quando sob pressão de ladecos.
Este exercício consiste na aplicação prática do conceito de alternância democrática, ora para a esquerda, ora para a direita, na sua equivalente física de uma dupla estalada. A ideia é usar a pila como uma mão para bater na esquerda e logo a seguir na direita, podendo utilizar por exemplo o barro ou a plasticina para assentar a pancada. Estes materiais moldáveis não implicam uma mariquice por parte de quem se sinta com força na verga para esbofetear um fiscal das finanças com aparelho de correcção dentária mas apenas uma rentabilização dos recursos pois permitem a efectiva medição, no baixo relevo, da progressão na força da pancada.
Todo este programa de exercícios especificamente vocacionados para o pénis não dispensa a leitura atenta de uma líbido saudável e desempoeirada.
Caso o atleta não possua inteligência suficiente ou considere inferiores os esforços de índole mental pode sempre confiar no instinto da própria ferramenta e pensar com a pila que ela, quando acoplada a um gajo em condições, sabe sempre o que deve ou não deve fazer no sentido de fortalecer a sua verticalidade e de acelerar o estado de prontidão.