23 agosto 2011

Gargalhada

Confunde-se a gargalhada
com a inevitabilidade
premente
de te reforçar
as palavras:
esforço sem sucesso,
tomada a voz
pelo calor exausto
do sexo do dia antes
de hoje.
Adormeço por fim,
tomando a tua boca
em 12 graus e meio
de saudades!

Poesia de Paula Raposo

Colecção «Afrodisíaco» da Revigrés

A Revigrés criou esta série de decorações sobre grés porcelânico... e são peças deliciosas da minha colecção.



19 agosto 2011

Frescura estival


Foto: Shark

Banho-Maria (II)

Se ainda tenho o meu amor
é no eco das palavras
sussurradas,
ampliei-as no meu peito.

Se ainda tenho o meu amor
é no ninho das madrugadas
passadas,
enganei-as no meu leito.

Se ainda tenho o meu amor
é no segredo das carícias
abandonadas
recolho-as quando me deito.

Ao menos, meu amor
esse beijo será eterno;
esse, subi-o ao céu
e não o desço ao inferno.
O resto que se perdeu,
como o calor no Inverno,
era um milagre tão terno
que nos esqueceu.

E foi por isso que chorei
e, mesmo assim, foi muito pouco
talvez o grito fosse demasiado rouco
ou talvez a lágrima sulcada de espanto
tudo se perdeu no pranto,
e eu não te alcancei.

Se ainda tenho o meu amor
é nas ilusões perfeitas,
vendadas,
entrancei-as no meu cabelo.

Se ainda tenho o meu amor
é nas pernas despidas,
enroladas
na doçura aguda, cruel, do teu novelo.