19 agosto 2011

Banho-Maria (II)

Se ainda tenho o meu amor
é no eco das palavras
sussurradas,
ampliei-as no meu peito.

Se ainda tenho o meu amor
é no ninho das madrugadas
passadas,
enganei-as no meu leito.

Se ainda tenho o meu amor
é no segredo das carícias
abandonadas
recolho-as quando me deito.

Ao menos, meu amor
esse beijo será eterno;
esse, subi-o ao céu
e não o desço ao inferno.
O resto que se perdeu,
como o calor no Inverno,
era um milagre tão terno
que nos esqueceu.

E foi por isso que chorei
e, mesmo assim, foi muito pouco
talvez o grito fosse demasiado rouco
ou talvez a lágrima sulcada de espanto
tudo se perdeu no pranto,
e eu não te alcancei.

Se ainda tenho o meu amor
é nas ilusões perfeitas,
vendadas,
entrancei-as no meu cabelo.

Se ainda tenho o meu amor
é nas pernas despidas,
enroladas
na doçura aguda, cruel, do teu novelo.

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