25 setembro 2011

Tradução do meu olhar

Está intacto, o vocabulário do meu peito.
Nenhuma palavra me abandonou,
nem a palavra que eu matei,
nem a palavra que estrangulei,
nem a palavra que deixei, órfã, no refúgio do coração.
Se, por vezes, o meu olhar te parece estranho
é porque o olhar são as mãos dos olhos
e, atrás deles, escondem-se essas palavras,
então, eu estarei a tocar o nosso mundo
com esses dedos, dedos que fervem
porque o silêncio ferveu tudo o que eu não disse
até à ebulição, e transbordou-me para o teu colo.

Para onde as mulheres olham num homem

Experiência feita com quatro câmaras colocadas em... pontos estratégicos:

«Zé Feijão» - por Rui Felício


Criava porcos numa pequena courela que tinha ao pé da Quinta das Flores.
Levantava-se da enxerga onde dormia, no seu casebre de madeira, antes do sol despontar, ia despejando a lavagem dos baldes para dentro das pocilgas, e ficava a olhar os focinhos cor de rosa a chafurdar nos restos da comida que no dia anterior tinha andado a recolher nalguns restaurantes do Calhabé.
Ao fim da manhã, ao chamamento dos grunhidos dos animais, acorria a dar-lhes umas mãos cheias de farinha e enchia de água os bebedouros de pedra. Ao entardecer dava-lhes couves e mais restos de comida. Depois ia fazer a ronda pelos restaurantes para a recolha das lavagens.
Regressava já de noite ajoujado ao peso de duas grandes latas cheias de comida que equilibrava penduradas nas pontas de um grosso cajado que enganchava nos braços e assentava nas espáduas.
Certa noite, desabafou com o dono do restaurante Marbran, à Fonte da Cheira, queixando-se da sua vida rotineira, sem perspectivas, sem alegrias.
- Casa-te! Precisas de te casar, homem...
- Com quem?!, perguntou admirado o Zé Feijão...
- Ora, com quem. Com uma mulher, é claro!
- Homessa! Nenhuma me há-de querer...
- Tens que fazer por isso. Elas não vêm ter contigo, ora essa!
A partir desse dia o Zé Feijão começou a olhar para as raparigas das vizinhanças. Uma a seguir a outra iam recusando os seus pedidos de casamento. Riam-se da sua fealdade, chegavam a humilhá-lo com dichotes.
- Cheiras mal, diziam-lhe por entre gargalhadas sardónicas.
Não houve mulher nova, velha, feia, bonita, gorda ou magra que acedesse aos seus intentos.
Descoroçoado, cabisbaixo, no domingo da inauguração da nova Igreja de S. José, foi assistir à grande cerimónia.
Não se conteve quando viu aquele deslumbrante vestido vermelho a adejar na igreja, por entre a multidão de olhares que nele se concentravam.
Encheu-se de coragem e assomou à coxia:
- Quer casar comigo? Tenho um terreno na Quinta das Flores e crio porcos!
- Como posso eu casar contigo? Sou Bispo, fiz voto de celibatário...

Rui Felicio
Blog Encontro de Gerações

Será que a IKEA patrocinaria isto?

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24 setembro 2011

Teste - Qual é o sexo do teu cérebro?

"As diferenças no corpo de homens e mulheres estão além da aparência e dos órgãos sexuais. A ciência detectou que até o cérebro apresenta características femininas ou masculinas. Essa diferença neurológica gera diferenças de comportamentos, sentimentos e modos de pensar entre homens e mulheres".

A revista brasileira Época disponibiliza este teste:

O neo burlesco - homenagem à dança burlesca norte-americana clássica



Desejo

Se algo resta
e me excita - ainda -,
volto ao lugar
onde nos deixámos
e trago-te comigo- agora -,
para te inventar
um novo orgasmo,
para te provocar
um desejo impossível.

Poesia de Paula Raposo

Sensual Wicca Tarot

Tarot da sensualidade Wicca.
Wicca é uma religião neopagã influenciada por crenças pré-cristãs e práticas da Europa ocidental que afirma a existência do poder sobrenatural (como a magia) e os princípios físicos e espirituais masculinos e femininos que inteiram a natureza, e que celebra os ciclos da vida e os festivais sazonais, conhecidos como Sabbats [fonte: Wikipedia].
A partir de agora, faz parte da minha colecção de arte erótica.



22 setembro 2011

escrita NU abismo

"Tenho janela mágica.
Uma Porta aberta ao infinito e no meu pensamento a casa onde grito!
Onde a tresnoite me desnuda e se deita ao meu lado sobre a página branca.
Tenho a imensidão num azul estio ao qual não dou nome.
A vida embebeda-me, em fundo fogo, no poder de criar proporções onde ninguém ousa assentar pé.
Tenho em mim unicamente o sonho desordenado. O Astro, maciço, imenso, que sobe e remexe com o silêncio e exagera a luz reclinada da minha voz.
Tenho em mim os diálogos repercutidos, tremendos, atentos, escutantes nas palavras vivas que habitam espáduas do meu ser e que são inatingíveis ao delírio encostado à Janela.
Vivo um Abismo!
Astros. Em sonhos. Éteres crepitam pululantes do meu sexo eriçado, incandescente, que se arrasa de forma fulminante a cada bater, na escrita, fulminantemente na minha interna casa, onde a Poesia se incrusta num impulso, curvante, num gemer rudimentar, no ar que gira alto. Onde sou visível numa linha escrita que se dilui e me torna oculta..."

Luisa Demétrio Raposo