05 dezembro 2011
04 dezembro 2011
«Numa tarde de Verão» - por Rui Felício
Dona de um par de olhos amendoados, doces como mel, e de uma silhueta escultural no viço da juventude, a Telma morava na Rua da Guiné. Quedava-se longo tempo na varanda do 1º andar da sua casa, apoiada nos cotovelos, as mãos no rosto bonito, ligeiramente inclinada para a frente, olhando a rua.
Deixava antever uma nesga do colo alvo, meio encoberto pela blusa de tecido fino, sedoso, que lhe protegia as duas perfeitas colinas dos seus seios, plantadas na planície ondulada do corpo elegante.
Por entre as frinchas retorcidas dos prumos de ferro forjado da varanda, entreviam-se até aos joelhos, as pernas firmes, que algum artista divino devia ter esculpido e burilado em momento de excepcional inspiração, aconchegadas pela saia que um golpe de vento de vez em quando destapava.
Retribuía com um sorriso disfarçado, os olhares gulosos dos jovens que por ali passavam para a ver.
O João, era de todos o mais afoito. Não resistia aos encantos da Telma e já não conseguia disfarçar a atracção fatal que ela exercia sobre ele. Amiúde circulava por ali, tocando a campainha da bicicleta para lhe chamar a atenção, sorrindo-lhe e acenando um adeus enquanto acelerava rua abaixo.
Numa dessas vezes, sem nunca desviar o olhar da sua amada, montado na veloz bicicleta, galgou o passeio e foi embater fragorosamente no poste de iluminação que ficava em frente à casa dela. Combalido, o João levantou-se, tentou endireitar a roda da frente feita num oito e foi-se afastando a coxear.
Envergonhado, ainda ouviu a Telma dizer-lhe, lá de cima, a rir:
- Já és o terceiro, hoje, que se estampa nesse poste! Mas os outros dois vinham a pé...
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
«Dream Massage» - Stefano Antonio Serra
"Ogni manovra, ogni piccolo gesto, viene dettato dal cuore e dallo spirito, nel rispetto e nell'amore del corpo altrui"
Nem sei o que é melhor: a massagem de sonho em si mesma, ou a italiana Vozoff (deve ser de ascendência russa)...
Nem sei o que é melhor: a massagem de sonho em si mesma, ou a italiana Vozoff (deve ser de ascendência russa)...
03 dezembro 2011
02 dezembro 2011
Voluptatis - Taxi Ride
Olá amigos,
Se andam à procura de adrenalina, temos a experiência certa!
Estão preparados para uma grande dose de ousadia? Serão conduzidos pelas ruas de Lisboa, à noite, num tradicional taxi português. Tudo o que decidirem fazer no banco de trás… bem, isso será da vossa responsabilidade. Mas garantimos que o condutor não se importará nem interferirá. Será inesquecível!
Vamos dar uma volta? ;)
Para saberem todos os pormenores acerca desta experiência contactem-nos em: info.voluptatis@gmail.com
Ficamos à vossa espera! Atrevem-se? ;)
A Sanduiche
– Que ar é esse?
– Que ar?
– Esse, essa espécie de aparvalhado contentamento deslumbrado.
– Nem queiras saber.
– Apareceu comprador para a casa?
– Não.
– Arranjaste uma casa para te mudares?
– Não.
– Sabes o que eu acho?
– Não.
– Acho que as pessoas quando se divorciam devem mudar-se logo.
– É capaz. Mas por mim está tudo bem.
– Tudo numa boa?
– Na maior.
– Estiveste a fumar alguma coisa ou quê?
– Achas?!
– Sei lá, essa espécie de aparvalhado contentamento deslumbrado não é normal.
– A minha tarde não foi normal, se calhar é por isso.
– Não deve ter sido… Não deve ter sido nada normal, não. Mas, se queres saber, isso não me interessa nada! Vou jantar.
– Se queres saber…
– Não quero…
– Hoje fiz uma sanduíche!
– Boa!... Eu fiz sopa.
– Ah! Não… Não foi uma sanduíche dessas.
– Não?! Então foi de quais?
– Das outras.
– Quais outras?
– Daquelas… Tu sabes: uma sanduíche! Uma san-duí-che, estás a ver?
– Não devo estar, porque o que eu vejo não justifica esse aparvalhado contentamento.
– Uma sanduíche humana, bolas!
– Com pessoas?
– Sim, com duas pessoas, ou melhor, com duas mulheres!
– Ah!
– E a tua sopa?
– A minha sopa?!
– Sim, a sopa que fizeste é de quê?
– Vens me dizer que estiveste a fazer uma sanduíche e agora queres saber do que é a sopa que eu fiz?
– Sim. Um homem não vive só de sanduíches.
– Estou a ver. Ou melhor, não estou, nem quero ver nada!
– Tu é que perguntaste.
– Pois fui mas depois disse-te que não queria saber.
– Foi… E, afinal, a sopa é de quê?
– De legumes.
– Ah… De legumes… hmmm…
– E, na sanduíche, tu eras exactamente o quê? Uma desenxabida fatia de fiambre de peru magro fora do frigorifico há três dias?
– Qual peru, qual carapuça!... Eu era a carne! Carrrrne!
– E elas eram o pão?
– Sim, supostamente. Se era uma sanduíche.
– E foi em carcaça?
– Foi em carcaça, o quê?
– A sanduíche. Foi em carcaça ou em pão caseiro?
– Não estou a perceber… Não era pão! Não era uma sanduíche de pão.
– Sim, eu sei. Já me disseste, foste tu e duas mulheres. Tu eras a carne e elas eram o pão. Uma espécie de bifana.
– Sim.
– No prato?
– No prato?!
– Bolas! Se a bifana foi servida num prato, foi?
– Não era uma bifana…
– Ou uma sanduíche, é o mesmo. Foi no prato?
– Mas não era uma sanduíche, não havia prato. Éramos nós três.
– Tu e duas mulheres?
– Sim…
– Deitados?
– Ah!... Também… Porquê, no prato era se estávamos deitados?
– Era. Tu eras a carne e tinhas uma fatia de pão por baixo e outra por cima?
– Tinha!
– Coitada da fatia de baixo.
– Coitada?!
– Sim, ter de gramar contigo em cima e ainda com uma fatia de pão por cima a fazer mais peso… Que pouca sorte.
– Ah! Não, quando estivemos deitados foi de lado.
– Tipo cachorro…
– Quente!
– Pão, tu e pão.
– Pois.
– Pelo menos tinhas as costas aconchegadinhas…
– Achas que eu me importava com isso!?
– Sei lá, nunca fiz uma sanduíche. E empurrava-te?
– Quem é que me empurrava?
– A fatia de trás.
– Se me empurrava?
– Sim, contra a fatia da frente. Empurrava?
– Se calhar… Acho que sim… Esfregava-se, pelo menos.
– A fatia de trás esfregava-se em ti e tu esfregavas-te na fatia da frente.
– Sim… Mas isso dito assim…
– Como?
– Nada. Não interessa… Esquece a sanduíche.
– É o que eu mais desejo!
– Ainda há sopa?
– Se eu ainda tenho da sopa que fiz?
– Sim. Há?
– Tens.
– Tenho?
– Não. Não é “Há?”, é “tens?”. A sopa é minha, não é nossa.
– Era só uma forma de dizer.
– Acredito, mas não é a forma correcta.
– Ainda tens sopa?
– Tenho.
– Posso comer uma tigelinha?
– O quê?
– Se posso comer uma tigela de sopa.
– Podes, por mim podes. Podes comer as tigelas que quiseres! Podes mesmo comeres todas as tigelas que conseguires do armário da esquerda! Essas são todas tuas!
Tudo depende de como você educa seu filho
Imagina quando ele coçar a mão do pai com o dedo do meio.
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