Sou um grande analista. Afirmo isto com forte convicção, fruto do trabalho anal de qualidade superior que desenvolvi ao longo dos ânus que me passaram pelo pincel. E ontem acordei com a minha faceta de analista superiormente activa. Por isso passei a tarde à procura de arranjar um cagueiro com potencialidade dilatadora para receber aqui o Zé Pacheco. Lembrei-me então de uma moça que me tinha soprado na trombeta há uns anos e que me tinha ficado a dever o dinheiro do táxi de minha casa para Cascais. Ela bem podia argumentar que me queria pagar mas que eu nunca lhe atendi qualquer das 87 chamadas pós brochada, que isso não invalida o facto de ainda não me ter pago. Por isso liguei-lhe a pedir o dinheiro com retroactivos, mas sugeri-lhe que podíamos deixar o dinheiro de lado e que nos ficássemos pelos recto-activos. Aceitou a recto-actividade, não sem antes me acusar: Deves ter a mania que és esperto. É verdade que tenho. Mas também tenho a mania que espeto. E vou da mania à espetaria enquanto o caralho lhe esfrega o olho. Do cu. Continuando: Lá nos encontrámos para lhe aviar a bilha, mas aquilo deu problemas maiores que o Pacheco, por mais difícil que possa parecer. O Pacheco estava novamente armado em picha papona gigante e tivemos de desistir do buraco apertadinho. Enfim… lá tive de me amanhar com aquela cena lassa. O pior é que hoje acordei tarde e repleto de urticária e comichões por todo o corpo. Já devia saber melhor, pois lá diz o ditado que quem dorme com cadelas acorda com pulgas.
Aquela mulher é bonita. Tão bonita que agora mesmo, quando peguei no meu copo de cerveja para dar um gole, reparei que estava morta. A cerveja, não a mulher. Morto estive eu, durante não sei quanto tempo a olhar para ela sem me aperceber que tinha uma garrafa de Sagres à minha frente. Aliás, sem me aperceber de mais nada. O tlintar inquieto das moedas na bandeja do frenético empregado do café, o vapor da máquina expresso a aquecer mais um galão, o arrastar das cadeiras dos clientes que vão entrando e saindo. Não ouvi nada.
Agora levanto-me, vou à mesa dela e peço licença para me sentar. Digo-lhe que ela é bonita e agradeço-lhe a existência. Peço outra cerveja e bebo-a enquanto discutimos uma trivialidade qualquer. Era, de facto, o que me apetecia fazer. Mas não o faço. Fico aqui a sofrer os horrores de quem, sem contar, foi bombardeado e agora é um mero despojo esquecido duma guerra de que nem se deu conta. É assim que me sinto. O coração apertado, o estômago duro como uma pedra, as pernas tão enfraquecidas que tenho medo de cair quando tentar levantar-me. Estou ferido, pronto.
As mulheres não sabem, ou fingem não sabê-lo, mas o Amor é sempre uma operação de socorro a um homem ferido. Uma questão de vida ou de morte. Uma urgência. Esta também não o sabe, certamente, que agora se levanta deixando o dinheiro contado em cima da mesa, num desenho de moedas que se assemelha a uma flor qualquer. Como ela é. Vai-se. Desaparece pela porta de saída sem escutar os meus intensos e silenciosos pedidos de ajuda.
O café volta a ser isso mesmo. Apenas um café. E eu torno a sentir a ponta dos dedos dos pés. Lentamente apercebo-me de que o sangue recomeça a circular nas minhas veias e artérias. Abraço, com a palma da mão, a garrafa. Ainda está fria, apesar de tudo. Procuro um relógio para saber que horas são e, se possível, também que dia é, e de que mês e ano. São duas da tarde de um dia de Março de 2012. Sobrevivi.
"Para o blog da São Rosas, seguem dois postalinhos do Japão com as respectivas informações de cada um, oferecidos pelo Alfredo e Daisy.
Fotos de quadros célebres que se encontram no Museu Nacional de Tokyo.
Abraços, Alfredo e Daisy"
"Depois de fazer cirurgias de implante de silicone na batata da perna e nos seios, a famosa atriz porno Francielle Cristina resolve fazer uma operação revolucionária: colocar silicone no cérebro."
O dia de hoje está escuro... o dia está cinzento, o céu carregado...
E em termos de trabalho a situação é a mesma. Só lamento que aqui no meu cantinho do amor não se oiça o rugir igual ao dos trovões que cantam lá fora... seria sinal de que estaria a trabalhar, a ganhar dinheiro e a gozar...
O sexo é uma coisa fabulosa, sobretudo quando é bem feito ;)!
O roçar dos corpos, a mistura dos cheiros, pele a tocar na pele, suor com suor, língua na lingua, lábios que se roçam... suspiros profundos... de ansiedade, de prazer... gemidos abafados pela sofreguidão das bocas.
Corpos molhados, sedosos, sedentos, famintos, que se procuram, se consomem, se saciam...
Dor, prazer, luta, amor... uma mistura de fluidos e de sensações...
Ter um sexo duro e exigente na minha boca... indo fundo, cada vez mais fundo...
Sentir uma língua húmida a roçar o meu clítoris, primeiro levemente, depois com mais pressão...
As dentadas ora meigas, ora mais atrevidas nos meus mamilos... chupando... bebendo...
E depois aquele momento, ao principio quase imperceptível, em que começo a sentir um ligeiro arrepio a subir-me pela espinha... e as minhas ancas começam a mover-se mais depressa, como se tivessem vida própria... e entro num balanço frenético, imparável...
E nesses poucos segundos que dura um orgasmo, o mundo desaparece para mim e eu morro para o mundo... esvazio-me de líquidos e de mim própria... não tenho sentimentos nem pensamentos, apenas aquela sensação de voar, de sair de mim, de me entregar ao prazer doloroso de um tremor que mal começa acaba...
E este orgasmo, a que os franceses chamam de pequena morte, mata-me, sacia-me e faz-me querer mais...
Mas hoje... hoje ainda não tive clientes... e sem eles a hipótese de um orgasmo é inexistente...
Porque são eles que me saciam e colmatam as minhas falhas e necessidades...
A pequena morte... como eu queria sentir uma hoje!...
Ela - Se eu estivesse com os copos, dizia-te uma coisa que assim sóbria não consigo.
Eu - Então deixa, que eu pago-te um copo. O que é que queres?
Ela - Um copo de vinho, por favor.
(um quarto de hora depois)
Eu - Então, precisas de mais vinho ou já tens coragem para me dizer o que querias?
Ela - Já tenho coragem.
Eu - Então diz lá. Estou curioso.
Ela - És um totó a quem é muito fácil cravar uma bebida quando não se tem dinheiro.
Eu - Era isso?
Ela - Era, mas sóbria não tinha coragem.