11 julho 2012

«uma boa e uma má notícia» - bagaço amarelo

Acho que o fiz para passar a gostar, o mais depressa possível, de estar sozinho. Quando me separei, e em esforço, ganhei imediatamente um hábito novo. Cozinhar, ao jantar, sempre uma receita nova e que ultrapassasse em muito o facilitismo dos enlatados e das refeições pré-feitas dos supermercados. Utilizava quase sempre uma toalha lavada, uma banda sonora diferente e uma garrafa de vinho um pouco mais cara do que até então.
Depois de jantar, e já com a louça lavada e um uísque bebido, saía de casa e caminhava sempre em direcção ao mesmo bar onde, se fosse possível, ocupava o mesmo lugar ao balcão e bebia todas as noites também o mesmo. Um café Delta e dois ou três uísques Bushmills. Às vezes aparecia um conhecido qualquer e acaba a conversar sobre uma trivialidade qualquer, outras vezes não aparecia ninguém e trocava apenas algumas ideias com o empregado.
Esta rotina teve em mim o óptimo efeito de fazer com que as minhas noites deixassem de ser más. Numa dessas noites, em que ninguém apareceu para conversar e o empregado andava demasiado ocupado para me aturar, apercebi-me que todavia nenhuma era muito boa. Eram, todas elas, noites mais ou menos.
Lembro-me perfeitamente do dia seguinte. Cozinhei uma quantidade generosa de Ameijoas à Bolhão Pato que comi com bastante pão de mistura, acompanhado por uma toalha nova amarela comprada numa promoção qualquer, e uma garrafa de Quinta da Bica que tinha escolhido por ser da região do Dão. Tudo ao som da Cesária Évora. Lavei a louça, bebi um uísque e saí de casa. Foi logo no primeiro cruzamento que decidi virar, pela primeira vez nessa fase da minha vida, à direita e seguir caminhando sem destino óbvio. Não sabia se ia ter uma noite boa ou má, mas o principal objectivo era que não fosse mais ou menos.
Já nos subúrbios da cidade, dissimulado pela fraca luz de alguns candeeiros público intermitentes, percebi que alguém empurrava um carro rouco e fui ajudar. O automóvel acabou por pegar, depois do motor soluçar duas ou três vezes, e o condutor desapareceu engolido pela noite enquanto agradecia com um braço fora da janela. Fiquei eu, ela e um vento fraco, sozinhos numa rua deserta. Nenhum reagiu prontamente àquele encontro inesperado, nem para se despedir, nem para se apresentar. Passou a ser óbvio que nenhum de nós tinha para onde ir e não queria ser o primeiro a admiti-lo.
 - Ando à procura dum sítio para beber qualquer coisa. Há aqui algum bar perto? - perguntei.
 Só a vi bem quando entrámos num café vazio, onde o dono via os resumos dos jogos de futebol e demorou uma meia hora para nos vir perguntar o que queríamos. Era, à vontade, uns vinte e tal anos mais velha do que eu, cujo semblante triste se deixava rasgar de vez em quando por sorrisos contidos. Contou-me que em nova tinha sido actriz de teatro e que, antes do 25 de Abril, tinha mostrado as mamas em palco. Não percebi se o dizia com vergonha ou com orgulho, mas percebi que tinha pagado um preço muito alto por tal atrevimento. A família tinha-a expulsado de casa deixando-a, ainda nova, entregue a si mesma.
Comparado com a vida dela, o meu divórcio recente ganhava uma dimensão bastante reduzida e tentei não me mostrar muito triste quando lhe expliquei porque é que andava ali perdido.
 - Separei-me há pouco tempo. - expliquei-lhe - Ando a tentar ganhar novas rotinas de vida e hoje, não sei porquê, vim aqui parar.
- Tenho uma má e uma boa notícia para ti. - sorriu ela mais tempo do que em qualquer sorriso anterior.
- Diz...
- A má notícia é que te divorciaste e nunca mais vais poder viver a vida como fazias até agora. Não é possível porque a tua principal companheira já não está contigo.
- E a boa notícia, qual é?
- A boa é que estás divorciado, por isso podes viver as coisas como te apetecer.
 Por um momento percebi as minhas receitas novas todos os dias, as minhas toalhas lavadas de novo, as minhas garrafas de vinho escolhidas a dedo e as minhas idas sempre ao mesmo bar para beber uísque. Percebi até porque é que tinha mudado de direcção e ido para um café rasca falar com uma mulher que nunca tinha visto antes. Nessa noite mudei.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

“Oris foderus” ou "Técnica de foder bocas"

Na espécie humana o sexo permite muitas possibilidades de arranjos... um ser activo, outro passivo, vice-versa, ambos activos ao mesmo tempo... e todas as variantes pelo meio... No que respeita ao movimento dos corpos, o mesmo. Por exemplo, se o corpo do macho está parado e o da fêmea se movimenta servindo-se da boca, chupando, lambendo, massajando, diz-se que se trata de uma "mamada", “broche”, ou, usando do termo mais erudito, “fellatio”. Se é o macho que se movimenta enfiando a picha (do latim, phallus) na boca da fêmea, estando ela parada, então está a "foder-lhe a boca" (por azar, tanto os gregos como os romanos esqueceram-se de dar nome a isto. No século XXI, todavia, trataremos de suprimir estas lacunas, que a gente sabe que o Verbo, e também o substantivo, têm muita força). Dentro do género há muitas modalidades possíveis, entre as quais uma modalidade lenta em que ambos os corpos estão em posição de conforto (deitados de lado dá muito jeito), o macho limita-se a um movimento pendular umas vezes mais suave, outras menos, e a fêmea segura a picha (o phallus) para aquilo não sair dos carris (e se puder um pouco mais), e pode usar a mãozinha livre para massajar o clitóris (e se a coisa correr bem, vir-se de vez quando que é muito agradável para ambos). A parte mais difícil (e que requer um pouco de treino e de técnica) prende-se com o facto de, para que a fêmea mantenha a picha (o phallus) dentro da boca por período indefinido, ser necessária uma aprendizagem de controlo da respiração e da acumulação da saliva de modo a que coisa funcione na perfeição. A questão é também a de que o arranjo chegue ao ponto em que a parte física seja suficientemente simplificada e "natural" para que as mentes de ambos estejam completamente livres para sentir prazer (o qual tende a torna-se, como o riso, contagioso). Os movimentos mecânicos complexos ou incómodos, ou suster a respiração ou outras coisas que obriguem a "pensar" ou a “esforços”, são limitantes da plena fruição do prazer... de onde, igualmente, sejam muito agradáveis os momentos (dos quais, ao que parece, a espécie tira pouco partido) em que um se dedica exclusivamente ao prazer do outro (que se limita a respirar e a sentir e mais nada... o que, a ser bem feito, já ocupa muito “espaço”...)

... não quero com isto dizer que por vezes posições mais esquisitas e movimentos mais artificiais, que exijam muito “espaço em disco”, não possam, justamente por via disso, ser excitantes... são também questões de preferência... mas julgo que é saudável fazer-se uma manutenção justa da variedade...

Os exemplares da espécie humana possuem um crânio equipado de um cérebro de grande volume e ainda de muito maior superfície, pelo que tudo leva a crer que as especificidades da espécie exijam na prática sexual o uso desta mesma cabeça além daquela outra situada a meia haste, mesmo que a tal sirva de suporte ao estandarte… não fosse assim, e também as vacas teriam ponto G e clitóris… (digo eu… nem posso assegurar que o não tenham, entendo pouco de vacas, mas suponho que não…)

(... e supunha muito mal, que as vacas têm clitóris, sim senhor, bem como, ao que dizem, os mamíferos todos... ponto G é que não sei... mas já não digo nada... Apesar do meu anterior raciocínio obtuso (tipicamente Homo sapiens sapiens), mais uma razão no caso para que a malta tenha um conhecimento básico a respeito destas características comuns à nossa classe Mammalia).

Tens muita piadinha, tens...


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oglaf.com

10 julho 2012

Dar música com preservativos

Eva portuguesa - «O príncipe»

Acho que desta vez me está a acontecer a mim...
Até tenho medo de acreditar... medo que seja apenas um sonho... ou que o sonho se torne num pesadelo...
Já há tempos escrevi sobre o filme Pretty Woman e o desejo, mais ou menos secreto, mais ou menos consciente, de encontrarmos alguém que goste de nós e de quem nós gostemos, que possa e queira tirar-nos desta vida...
Também sei que já aconteceu com algumas colegas minhas. Com umas resultou e continuam a viver o sonho; já outras regressaram ao mundo sórdido da prostituição...
E, apesar de bem no fundo da minha alma, ter esperança de encontrar esse príncipe que me resgatasse desta vida à margem da sociedade e me tornasse na sua princesa, a verdade é que nunca acreditei realmente que pudesse acontecer comigo... Não que eu seja uma coitadinha mas o meu percurso de vida não foi fácil e dificilmente coisas boas assim acontecem comigo...
Acho que sempre vi isto como ganhar o euromilhões...
E agora está a acontecer... encontrei um príncipe que me quer salvar e levar para o seu castelo, tratar-me como uma rainha, dar-me tudo com que sonhei...
Mas será que é mesmo verdade?...
Será que este príncipe é mesmo um príncipe?
Será que quando o beijar ele não se transforma num sapo?
Será que o sonho é real?
Ou, à espera dele, como estou e de tudo o que me prometeu, ele não vai aparecer e desiludir-me?
Ele está a caminho... a caminho da minha salvação... mas será que não vai faltar? Será que não se vai arrepender? Será que é quem diz ser? Será que gosta de mim?..
Tantos se...
Será que eu não acordo entretanto e vejo que tudo era apenas um sonho do qual acordei com o toque do telefone?
Será possível eu ter esta sorte, esta graça tremenda de ter encontrado o meu príncipe?
A ansiedade domina-me enquanto espero que ele chegue... se é que ele vai aparecer...
Porquê eu? - pergunto-me constantemente a mim e a ele.
E porque não eu? - sussurra-me uma vozinha muito tímida dentro de mim.
Se tudo isto for real e verdadeiro, a quem devo agradecer este recomeço, este renascimento?
Quem pôs este homem no meu caminho?
Passo horas a imaginar... como será o nosso encontro, como será a nossa relação, como me irei integrar num mundo tão mais sofisticado que o meu, se não o irei desiludir, se ele não se vai fartar, se estou à altura dele, se nos vamos entender, se vamos viver um grande amor... tanta, mas tanta coisa....
Assaltam-me incertezas, receios e medos, não só por ele mas também por mim...
Mas ao mesmo tempo sou tomada pela excitação, pela esperança, pela felicidade...
O meu príncipe... espero por ti, meu doce...


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

Rómulo e Remo





«Romulus & Remus» - foto de Rimma Gerlovina & Valeriy Gerlovin, 1989

Via mon ami Bernard Perroud

Postalinho do Luís Gaspar (Estúdio Raposa) e a minha colecção

"Achei que os textos do Jorge Castro não podiam ficar-se pelos belos vídeos da São Rosas.
Vai daí, com a maior lata deste mundo, coloquei-os no Estúdio Raposa sem dar cavaco a ninguém.
O Jorge e a São, se me quiserem fritar vivo, façam o favor.
Entretanto a prova do crime pode ser ouvida aqui.
Beijos e abraços."
Luís Gaspar
Estúdio Raposa

Entretanto, o Estúdio Raposa passou a ter um link para donativos: "As contribuições são à vontade do freguês e os beijos e abraços de agradecimento são em função da verba oferecida. Beijos a 10 cêntimos e abraços a 1 euro. Mais apertados, os abraços são dados por orçamento".

Os quatro vídeos de divulgação da colecção de arte erótica «a funda São», com poemas de Jorge Castro e de Miss Joana Well, podem ser apreciados aqui, numa página que está em preparação com o cadastro da minha colecção (já com todos os 1.703 livros e todas as 92 pinturas originais a óleo e a acrílico).


«Caminhantes no vale da sedução» - a funda São from São Rosas on Vimeo.

09 julho 2012

Finalmente, o odor vaginal pode ser visto!

«conversa 1897» - bagaço amarelo

Ela - Finalmente sinto-me preparada para viver um Amor eterno...
Eu - Mas... tens quarenta e cinco anos. Nunca te tinhas sentido preparada antes?
Ela - Estou a falar desde ontem à noite. Ontem acabei com o meu namorado...
Eu - Nem sabia que tinhas namorado...
Ela - Não te cheguei a dizer porque não deu tempo. Só namorámos três dias.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Dá troco?


Homens e Mulheres

No programa de hoje: algumas possíveis reações de homens e mulheres em determinadas situações…



No próximo episódio: quando os pais pegam seus filhos se masturbando, não perca!

Capinaremos.com

08 julho 2012

Mulheres ao volante é isto!

SEREBRO - «Mama Lover»

A força da terra


Um cabelo à Beatle do ano do seu nascimento, loirinho e de olho azul, marcava a diferença numa região de morenos e batia nas vistas de qualquer uma quer fosse no balcão dos cafés quer fosse nos bailes semanais da festa de cada lugar das redondezas metidas entre pinheiros e serras.

A fama precedia-o no boca a boca de ser namoradeiro, com uma rapariga em cada terra para evitar confusões maiores e resumir as suas incursões às horas da noite de um baile que no mais do tempo era vê-lo a cavalgar a sua zundapp verde ou lá que marca era aquela gaita.

Choquei com ele nos encontrões do balcão de madeira à cata da cerveja saída directamente dos bidões azuis de plástico atascados de pedaços de gelo e reparei que também escolhia Super Bock. Voltei para junto do meu grupo de veraneio a escutar o leilão de mais uma garrafa de ginjinha e um pão de ló oferta da dona Maria das Dores, espiando a forma como ele entreabria os lábios ao levar a garrafa à boca salpicado pelas imagens daquele que eu deixara em Lisboa, o oficial para a família e amigos no ror de quase dois anos que já era uma nebulosa o big bang dessa paixão quando nisto o conjunto voltou ao palco para mimar os primeiros acordes do Don't Stand So Close To Me e ele se acercou felinamente com os olhos a luzir na noite para pedir-me para dançar e eu disse logo que sim. Tinha de tirar a limpo se os loiros o eram no corpo todo.


[Foto © jose ferreira, 2008, Auto retrato]