19 outubro 2012

E mais literatura histérica, agora por outra brasileira

Para quem não sabe o que é isto, veja as experiências anteriores: 1, 2, 3, 4 e 5.

Experiência 6
Lasciva lê o romance O Processo, de Franz Kafka

Página em branco


Quero ver-te como a uma mulher nua deitada na cama à espera de mim.
Depois quero aproximar-me e tactear o caminho certo para te preencher com tudo aquilo que faça sentido para ti que o descobres apenas nesses momentos de interacção a dois.
Quero ver-te disponível e sentir-te impossível de satisfazer sem todo o empenho que a tua generosidade bastaria para justificar. Quero também transmitir na perfeição tudo aquilo que me permites sentir, mais a minha gratidão pela forma como te entregas, vulnerável mas poderosa, o poder do fogo numa rosa dos ventos que me compete soprar.
Quero ver-te cheia de vida, a expressão completamente alterada pelo efeito que consigo provocar, o meu prazer e aquele que queres partilhar com terceiros, indiscreta, só tu conheces a receita secreta que confidencio aos poucos na intimidade dos nossos encontros casuais.
Quero ver-te assim, misteriosa. No silêncio da minha contemplação, mesmo antes de estender a mão para começar um novo capítulo da nossa história na tua pele como numa folha de papel dos primórdios desta nossa relação promíscua. Quero que me deixes tatuar-te com mensagens que transportes contigo para terras distantes onde as exibas a outros amantes que te saibam merecer, capazes de entenderem a magia desta nossa relação e de te olharem com tanta atenção que te faça sentir possuída sem o seres.
Quero ver-te assim, despida. À espera de mim e do que tenho para dar, ansiosa, a beleza serena de uma prosa ou o simulacro de um poema nas palavras e nas imagens que gravo na memória daqueles a quem te mostras depois de te sentires preenchida por mim, a pele marcada pelo registo do tempo em que foste minha, uma curta passagem, que exibas orgulhosa como um diamante que só eu saberia lapidar.
Quero saber que te dás a olhar aos outros porque te gostas cobiçada, não te aceitarias privada dessa emoção que acaba por ser a principal razão da tua existência, vaidosa, maquilhada por mim, esculpida a partir de um nada aparente que vale por um infinito à medida de quem queira e possa e consiga prolongar a exploração desse enorme ponto de interrogação que o teu silêncio induz e me lanças à cara em tom de desafio.

Sim, gosto de ver-te despida e incomoda-me a ideia de deixar-te à mercê do frio.

Ser mulher


Se me esquecesse de mim
do corpo em que me materializo
e me faço carne e cinzas,
não seria eu nem o meu espelho
mas um lago turvo onde me liquefazia...
... seria um Outro apático, indefinido,
incapaz de sentir dor ou alegria!

Se misturasse a transparência numa paleta
com tinta vermelha, verde e azul,
novas cores nasceriam com aromas desconhecidos,
indecifráveis pelo verbo ou o substantivo da língua...
Só a tela vazia lhe sente o sabor e a intensidade do pigmento,
que em manchas de luz e sombra
despe o branco dessa inocência cândida, clara, inútil,
dando-lhe a beber a seiva quente
que jorra do meu ventre!

Se me abandonasse neste voo fresco da manhã
que desperta as damas da noite
recolhidas no perfume que emana das suas pétalas,
seria a cantiga de criança com que adormecia
num embalo de rosas doces e alecrim!

E só me tornaria mulher quando anoitecesse
e o oceano me resgatasse os sentidos em suspenso
neste emaranhado de fios invisíveis
que escravizam marionetas sem alma,
corpos fantasma que se arrastam no asfalto,
seguindo essas mãos assassinas que manipulam inocentes!

Lua Cósmica
http://luacosmica.blogspot.pt/

Bóris, O Gato



Meninas WTF

18 outubro 2012

A rainha careca

De cabeleira farta
De rígidas ombreiras
De elegante beca
Ula era casta
Porque de passarinha
Era careca.
À noite alisava
O monte lisinho
Co’a lupa procurava
Um tênue fiozinho
Que há tempos avistara.
Ó céus! Exclamava.
Por que me fizeram
Tão farta de cabelos
Tão careca nos meios?
E chorava.
Um dia...
Passou pelo reino
Um biscate peludo
Vendendo venenos.
(Uma gota aguda
Pode ser remédio
Pra uma passarinha
De rainha.)
Convocado ao palácio
Ula fez com que entrasse
No seu quarto.
Não tema, cavalheiro,
Disse-lhe a rainha
Quero apenas pentelhos
Pra minha passarinha.
Ó Senhora! O biscate exclamou.
É pra agora!
E arrancou do próprio peito
Os pelos
E com saliva de ósculos
Colou-os
Concomitante penetrando-lhe os meios.
UI!UI!UI! gemeu Ula
De felicidade.
Cabeluda ou não
Rainha ou prostituta
Hei de ficar contigo
A vida toda!
Evidente que aos poucos
Despregou-se o tufo todo.
Mas isso o que importa?
Feliz, mui contentinha
A Rainha Ula já não chora.

Moral da estória:
se o problema é relevante,
apela pro primeiro passante.

Hilda Hilst (1930-2004)

Howard Schatz
























blog A Pérola

«Longe da picha, longe do coração» - Patife

Vivo segundo várias sábias normas de conduta sexual. Uma delas é mesmo Longe da picha, longe do coração. Por isso é que nenhuma vem cá mais do que uma vez. Sempre achei que a personalidade de uma pessoa vai desaparecendo sempre que pina mais do que uma vez com a mesma mulher. A maioria das mulheres não percebe e farta-se de alardear que merece mais e que quer mais desta coisa magnífica e gigantesca que é o meu nabo. O que é curioso é que quando as conheço também se fartam de dizer que não as vou conseguir conquistar, que não são fáceis como as outras, que são umas senhoras nada putalhonas e que não é qualquer esgrouviado de cara laroca, bacamarte gigante e sentido de humor que lhes dá a volta à pachacha. O que é certo é que as cadelas ladram, mas aqui a caravana trespassa. Como dizia o meu sábio avô: Todo o burro come palha, é preciso é saber dar-lha. Uma vez, já sem saber que mais dizer para dar a volta a uma que era tão orgulhosa que queria mostrar que tinha razão e que não iria ceder perante o meu charme natural, disse-lhe isto para dar um ar da minha raça. Ela sorriu, não percebendo claramente que na analogia ela era a burra. O que só veio encher de validade a expressão. Fez uma pausa para meditar sobre a expressão popular e disse: Essa foi bem metida. No final da noite, esta aqui também.

 E com isto o Patife vai para um cruzeiro terapêutico para revitalizar a energia do mangalho. Eu não preciso de férias mas, tal como os atletas de alta competição, o Pacheco precisa de umas pausas para conseguir manter uma performance de alto rendimento ao longo da temporada sexual. E depois inicio o meu périplo para atingir o meu objectivo de dar a Volta ao Mundo em 80 Cricas. Obrigado por uma terceira temporada fantástica. Fiquem com a imagem do Pacheco a acenar-vos num pendular até breve.


Patife
Blog «fode, fode, patife»

Lanlana's styled porn

OE 2013...

Raim on Facebook

«Nicole» - por Luis Quiles


"Este dibujo lo hice para una persona muy especial para mi, que como yo es un poco alienígena.
Vive en un lejano pais donde no hay pobres ni vagabundos porque todos mueren de frio al llegar el invierno...cada año se reciclan y nacen nuevos vagabundos y así sucesivamente...
Un pais amable y extraño con paisajes exuberantes donde las martas (animal parecido a una comadreja) sabotean los coches comiendose los cables del motor.
Un pais donde los camareros te cambian el cenicero antes de que apagues el cigarrillo.
Un pais donde la gente pasea por la calle disfrazada de oso.
Pero sobretodo un pais donde habita gente de buen corazon como en Freienwill."

Luis Quiles

17 outubro 2012

Pratique esporte


"Queria comer-te, mas subiste o IVA"

Frase do cortejo da Latada, ontem em Coimbra.

«coisas que fascinam (150)» - bagaço amarelo

menino

Tenho ido almoçar a um restaurante onde a dona me trata por menino. Não me lembro da última vez que me chamaram menino da maneira que ela o faz, mas isso chegou para ter ficado cliente assíduo logo na primeira vez que lá fui. A cozinheira saiu da copa com um prato de sopa fumegante e perguntou alto para quem era. "É para aquele menino!", disse a dona. Eu sorri. É que vou fazer em breve quarenta e um anos.
Uma vez, em criança, recusei-me a comer um prato de sopa assim, também fumegante. Pior, recusei-me a almoçar. Não tinha fome. A minha tia disse-me que eu estava com cara de menino apaixonado e que era por isso que não queria comer. "Já está um menino!", concluiu ela olhando para o meu tio, que acenava com a cabeça concordando. Na altura não percebi como é que ela adivinhou uma das minhas primeiras paixões, mas liguei imediatamente as palavras "menino" e "apaixonado". Pelos vistos era preciso ser a primeira para sentir a segunda.
Não me sinto velho. Na verdade sinto-me mais novo do que velho, embora não seja nem uma coisa nem outra. O que eu sei é que estou continuamente apaixonado há três anos e meio, mais coisa menos coisa, e para ser franco acho que isso nunca me tinha acontecido na vida. Deve ser da idade, lá está. Pelo menos é o que penso de vez em quando. Talvez finalmente tenha aprendido a Amar. Ou então foi sorte, sei lá.
Já estive apaixonado na vida durante mais de três anos e meio, claro, mas nunca assim desta maneira: ininterruptamente. Admito que isto às vezes me dá medo, mas o que me dá mais vezes, quase sempre, é o oposto. Uma coragem qualquer que não sei explicar bem. Pela primeira vez na vida sinto-me, de facto, menino outra vez.
Quando era novo, menino mesmo, fartei-me de ouvir incentivos para me tornar homem. "Faz-te um homem", "Vê lá se cresces e arranjas uma mulher!" ou "Estás um homem feito!". Cheguei a pensar que ser menino é ser inconsistente, que é um limbo entre a criancice e a vida a sério. Aquela em que, lá está, arranjamos uma mulher para a vida. Depois cheguei à vida a sério e apeteceu-me ser menino outra vez. É que é uma desilusão descobrir que o Amor pode morrer devagar.
Tem piada, agora que penso nisso acho que foi a maior desilusão que tive na vida, essa de acordar de manhã e descobrir que o Amor morreu. Tive que estar agora mais de três anos ininterruptamente apaixonado para o voltar a ser. Menino, digo. Menino!


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

A censura é fodida!

Isto já foi na semana passada mas fica para memória futura.
Já tive uma conta no Facebook que foi eliminada. Depois, criei lá uma página minha, identificada com conteúdo para adultos e com acesso reservado a maiores de 18 anos. As 418 pessoas que "gostam" da página só lá estão porque... gostam! Então, que caralho tem a gerência do Facebook a ver com o que a malta lá publica?


Deve ter sido por não gostarem de amarelo...