28 março 2013

«Censored» - por Luis Quiles


"Siempre creí que la censura es el peor enemigo del arte, más aún cuando la censura viene de uno mismo. Pero todo tiene una parte positiva y la represión agudiza el ingenio. Y si te tomas la censura como un ejercicio para burlarla explicando lo mismo de una forma más sutil, hasta puede ser útil."

Luis Quiles

27 março 2013

Lógica retorcida

Entendem a dor de dentes como algo de normal
e fazem um bicho de sete cabeças do orgasmo.

«respostas a perguntas inexistentes (229)» - bagaço amarelo

Estava numa fase da minha vida em que não recebia muitas chamadas pelo telefone nem muitas visitas em casa. Era raro. Não tinha namorada e a minha vida social anda muito perto do seu nível mais baixo de sempre.
Lembro-me que nesse dia almocei esparguete com tomate e bebi um copo de vinho, uma refeição habitual, quando estou sozinho em casa. Pus a água a aquecer e, quando começou a ferver, uma colher pequenina de sal e o esparguete lá dentro. Contei exactamente onze minutos a partir dessa altura porque sei, por experiência própria, que é o tempo ideal de cozedura no meu fogão e com a minha panela.
Como sempre também, preparei o tomate à parte. Fui ao congelador buscar três deles congelados, pelei-os, cortei-os em pedaços pequenos e atirei-os para uma pequena frigideira onde já tinha um fio de azeite a aquecer.
Cozinhar sempre me deu uma noção de normalidade, porque normalmente faço-o como se fosse um robô. Repito todos os gestos e tempos em todos os pratos, pelo menos aqueles que preparo com mais regularidade. Aliás, cozinhar é algo que gosto de fazer precisamente quando sinto que a minha vida está a fugir dos eixos e, consequentemente, tenho que lhe dar uma injecção de normalidade.
Nesses dias cozinho da forma que acabei de descrever e faço todos os possíveis por não sair de casa. O défice de normalidade dá-me a capacidade de, por exemplo, ter vontade de ficar a olhar para qualquer um dos quadros que tenho nas paredes durante vários minutos seguidos. Acho que já cheguei a ficar várias horas, com pensamentos que escapam ao meu consciente. Não que sinta alguma coisa de especial por algum deles, mas sim porque eles fazem parte do meu dia-a-dia. Também leio livros que já li, vejo filmes que já vi ou ouço repetidamente as mesmas músicas.
Deixei a louça suja em cima do balcão da cozinha, amontoada sobre a dos três ou quatro dias anteriores, e fui para a varanda tomar café. Numa das janelas do prédio em frente ao meu, uma mulher punha a roupa a secar. Nunca tinha falado com ela, mas já tinha percebido que passava as tardes fechada em casa com um filho muito pequeno, que às vezes trazia à janela e agia como se lhe estivesse a mostrar o mundo pela primeira vez. Por isso mesmo, quando reparei numa peça de roupa que deixou cair, disponibilizei-me para ir buscá-la e entregá-la.
Não fiz isso com nenhuma intenção especial, nem sequer para me mostrar mais ou menos simpático. Acho que foi mesmo apenas uma questão racional. Eu estava sozinho e sem nada para fazer, ela estava com o filho pequeno em casa e por isso teria pejo em sair à rua. Mesmo assim, quando ela me convidou para entrar, aceitei com entusiasmo.
Disse-me que se sentia muito só porque o marido dela era camionista e passava muitos dias seguidos fora de casa. Passámos a tarde inteira na conversa e, depois de eu ir a minha casa buscar duas garrafas de vinho, jantámos juntos. Quando chegou a hora de ela deitar o filho eu despedi-me e saí, mesmo com a insistência dela para eu ficar mais um pouco.
Senti que se ficasse ia acabar por surgir uma oportunidade de nos abraçarmos, beijarmos e talvez dormirmos juntos. Arrependi-me assim que fechei a porta do prédio e senti a estalada do ar frio da rua, mas continuei a andar. Em minha casa tornei a ir para a varanda, desta vez dissimulado pela noite. Acabei por adormecer a olhar para uma janela vazia.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Educação Sexual nas escolas, você reprova?

Em novembro de 2012, mães escocesas de Lanarkshire ficaram irritadas com a apresentação de um DVD nas escolas primárias, exigindo que o material fosse banido, assim como fora na Inglaterra.


O DVD contem desenhos de casais praticando sexo. A produção deste material foi do Channel 4, mas após protestos teve que retirá-lo de venda. As mães acham os desenhos vulgares demais para as crianças. Mas vulgar mesmo é a atitude dessas mães, com o superprotecionismo, acabam criando crianças alienadas e que acabam descobrindo o sexo de uma forma não segura. Não é à toa que atualmente vemos os jovens cometerem cada vez mais irresponsabilidades, e boa parte da culpa é dos pais, pois sempre acreditam que seus filhos são incapazes de qualquer ato suspeito. Muitos dos garotos acabam se tornando homens machistas e as garotas submissas aos homens, porque nunca tiveram uma educação libertária.


A nudez e o sexo ainda são tidos como profano por aqueles que tiveram uma educação cristã. Lembro em minha infância que meus pais não me ensinaram que eu tinha vindo de cegonhas, nem com o papo furado da sementinha. Para responderem às minhas frequentes dúvidas sobre como eu havia surgido, meus pais tinham em casa uma Enciclopédia da Vida Sexual (um volume correspondente à crianças de 7 a 9 anos, e outro correspondente à crianças de 10 a 13 anos). Foi com essa enciclopédia que aprendi sobre as relações sexuais, como a mulher gera uma criança, todo o funcionamento dos genitais masculino e feminino, o que é a puberdade, o que é o tesão etc. Sem o menor pudor, mas muito construtivo e conscientizador, muito diferente do que eu aprendi na catequese.

Estamos vivendo uma sociedade do politicamente correto onde tudo é motivo para censurar, há um superprotecionismo em que os pais querem salvar seus filhos desse mundo cheio de ódio, violência e preconceito, mas acabam eles mesmo fortalecendo estes conceitos em seus filhos, porque os filhos não nascem para ficarem presos dentro de casa, um dia crescem e dão de cara com o mundo.

Essa censura à educação sexual ocorrida na Europa se parece muito com a que tivemos no Brasil referente ao "Kit Gay". Esse mundo machista e conservador em que vivem as famílias brasileiras negam que haja um preconceito dentro de suas ideologias. Dizem não ser homofóbicas, mas estas famílias não permitem que seus filhos possam entender o que é uma criança sentir uma paixão por outra do mesmo sexo. O conservadorismo é uma hipocrisia que precisa ser extirpado da nossa sociedade, e termos uma educação verdadeiramente revolucionária, que eduque as crianças para o mundo, não para o mundinho de suas famílias.

Abaixo, algumas fotos da Enciclopédia da Vida Sexual que ainda está guardada aqui em casa, que hoje, sem dúvida, seria visto como algo criminoso.







Pretensão feminina



Dançando sem César

26 março 2013

Sapatos Brian Atwood - Primavera 2013 (com Eva Herzigova)

Eva portuguesa - «Novo ano»

[Dezembro/2012]
O Natal já passou, se bem que ainda lhe sentimos o cheiro.
Começamos agora a fazer um balanço do ano que se acaba, rezando e pedindo para que o próximo seja melhor...
Com ou sem arrependimentos, todos nós fazemos agora as nossas resoluções de ano novo, na esperança de termos a coragem de as conseguirmos cumprir... mas pelo menos tentamos...
E nao é isto a vida? Uma sucessão de tentativas, de erros e acertos, de quedas e vitórias? Pequenas batalhas diárias que são a nossa grande luta, a nossa grande guerra...
Paz, amor, saúde e dinheiro (não necessariamente nesta ordem) são,creio eu, o nosso desejo universal, aquilo a que todos aspiramos.
Pois bem, é isto que quero para mim e que desejo para vocês!...
E se não vos posso proporcionar tudo, deixem pelo menos, durante uma hora, dar-vos um pouco de amor e de paz... fazer-vos sentir bem e desejados. Deixem-me proporcionar-vos uma despedida deste ano que finda a dois, nos braços de alguém que fica realmente feliz quando vocês vêm... eu!
E para que isso seja possível estou hoje, amanhã e sexta-feira dia 28 até às 2h. No meu ninho de amor... na minha alcova do prazer... à vossa espera...


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

«vou atravessar o corpo das coisas» - Susana Duarte

vou atravessar o corpo das coisas,
para nelas rever as amoras rubras
do teu peito, e encontrar luas novas

nas sombras dos olhos onde me deitei.

em ti, atravessarei o corpo estranho
de todas as coisas
onde não estás.
...
saberei das tuas mãos, flores
impressas
nos seios,

para depois as atravessar e, içada
pelas faixas de luz da tua voz,
reencontrar os fantasmas
de um comboio invisível,

que retirarei dos ferros das mãos
que te deixaram atravessar as portas.

lembrar-me-ei das mãos,
impressões digitais dos olhos e dos dedos
sobre as veias e todas as amoras
do meu corpo.

atravessarei o fio invisível da partida,
para saber se setembro

foi o corpo das coisas,

que se agitam ante a ausência
da tua boca

sobre mim.

Susana Duarte
Blog Terra de Encanto

Lenço dos namorados à minha maneira

Um meu sonho de há muito tempo era ter um lenço dos namorados com uma das quadras mais tocadas pela malta da Tuna Meliches:

"A cona da mãe tem asas
Tem asas mas não avoa
O caralho do pai tem ranho
À cona da mãe se assoa."

Contactei várias bordadeiras de lenços de namorados e foi uma agradabilíssima surpresa a receptividade de duas delas para fazerem um lenço com uma quadra com tanto calão. Feita a opção (pela resposta mais rápida), seguiu a encomenda. Seria usar como base o «lenço da coroa»...


... com uma adaptação que enviei, feita em PhotoShop pedindo que, "em vez de uma coroa circular, as flores formassem dois arcos, para dar a entender, subtilmente, o formato de uma vulva. Como assim serão bordadas menos flores na coroa, podem pôr pequenas flores nos 4 cantos dos versos da quadra?":


E o resultado já está na minha colecção. Apreciem-no (por aqui, enquanto não tenho um espaço de exposição da minha colecção):








25 março 2013

Homens, nunca rasguem um vestido!

«conversa 1955» - bagaço amarelo

Ela - O meu filho está sempre a falar daquela série que viu na tua casa uma vez, quando fui jantar contigo.
Eu - Os Thunderbirds?
Ela - Sim, é isso. Emprestas-me?
Eu - Empresto. Acho fixe o teu miúdo gostar dessa série. Foi feita nos anos sessenta...
Ela - E depois? 

Eu - Hoje em dia há tantos filmes em 3D para crianças, tão bem feitos, que acho fixe o teu filho gostar duma coisa feita com bonecos há quase cinquenta anos. Mesmo o pessoal da minha idade não costuma gostar nada daquilo.
Ela - Suponho que isso é normal. Eu também fui feita nos anos sessenta, tenho quase cinquenta anos e o pessoal da tua idade não costuma gostar nada de mim.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Luís Gaspar lê «No corpo…» de Carlos Drummond de Andrade

"No corpo feminino, esse retiro


— a doce bunda — é ainda o que prefiro.
A ela, meu mais íntimo suspiro,
pois tanto mais a apalpo quanto a miro.

Que tanto mais a quero, se me firo
em unhas protestantes, e respiro
a brisa dos planetas, no seu giro
lento, violento… Então, se ponho e tiro

a mão em concha — a mão, sábio papiro,
iluminando o gozo, qual lampiro,
ou se, dessedentado, já me estiro,

me penso, me restauro, me confiro,
o sentimento da morte eis que o adquiro:
de rola, a bunda torna-se vampiro."

Carlos Drummond de Andrade

Ouçam este poema na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Não traia seu marido

As consequências desse simples ato podem ser catastróficas!



Os polícias ketchup e mostarda formam uma bela dupla.

Capinaremos.com