02 junho 2013

Orgulho e castração

(Foto © Amelkovich, Dangerous games 02)

Orgulhava-se de ter sido o amparo de seu pai desde que sua mãe falecera com um mal ruim. Orgulhava-se da dedicação que sempre dispensou ao esposo, especialmente a partir do momento em que ele manifestou Alzheimer e acabou por ficar incontinente e acamado. Habituara-se a admirar e a viver com homens com quem não tinha relações sexuais. Habituara-se a viver castrada como se não pudesse ter orgulho em si.

Guia masculino da anatomia feminina



Testosterona

01 junho 2013

Homens, aprendam a fazer bolinhos!

«coisas que fascinam (158)» - bagaço amarelo

o Amor é um fósforo

Acho que o Amor é um fósforo. Acende-se, queima-se e morre. Não existe, por isso, o Amor duma vida inteira. É falso. O que pode existir é uma vida inteira onde todos os dias nasce um novo Amor entre os mesmos Amantes, que o Amor é coisa para um dia. Não mais do que isso.
Dois Amantes que estiveram juntos durante um ano apaixonaram-se trezentas e sessenta e cinco vezes nesse ano. Basta terem-se apaixonado trezentas e sessenta e quatro que, lá pelo meio, é mais do que certo que tiveram um dia triste. Um dia em que, não o confessando a ninguém, duvidaram daquilo que sentiam.
A dúvida faz parte do Amor. Surge sempre naqueles dias em que nós acordamos, mas o Amor não. São dias de sonolência, esses. E no entanto, essenciais para que nos apaixonemos de novo, logo na manhã seguinte, pela mesma pessoa.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Os CDs da minha colecção


Um sábado qualquer... - «Adão sem depressão»



Um sábado qualquer...

31 maio 2013

«O Canhão» - por Quito Pereira


Antes que o preclaro António Dias, venha para aqui dizer que já pôs um penedo de Monsanto em cima da guerra, eu começo por avisar que este canhão não é um canhão. Era um homem, que tinha uma alcunha bélica – Canhão. Um militar africano, de etnia fula. Lembro-me dele, como se estivesse aqui à minha frente. Alto, quase dois metros de estatura, olhos grandes e inquietos, uma barba branca e rala e uns pés onde moravam umas botas número 48. Usava calções de Janeiro a Dezembro e nunca o vi que não fosse a rir. Um riso largo, que lhe ocupava a cara toda e uma forma muito peculiar de ver a vida. Tratava-a com desdém e dizia que era na morte que começava tudo. Talvez uma crença religiosa, que o levava a afirmar que nunca virava o peito às balas. Se lhe acertassem, era o Destino.

Como todos os homens, o Canhão tinha qualidades e defeitos. Gostava de gastronomia, por exemplo. Uma qualidade. Mas era louco por carne de macaco. Um defeito. Um clamoroso defeito. Defeito, porque não se coibia de, nas colunas militares, atirar rajadas de metralhadora para as árvores, na expectativa de ver derramados pelo chão, meia dúzia de infelizes. Era como andar a varejar azeitona num chão de oliveiras, no Alentejo. Um dia, subi ao rodado de um camião, para ficar de olhos nos olhos com ele e gritei-lhe furioso: “… ó Canhão, queres matar-nos a todos?!… Não vês que estás a denunciar a nossa posição ao inimigo…?!”. O Canhão descansou então os braços sobre o cano da arma, compôs o boné militar, deu um suspiro fundo e disse-me com os olhos no horizonte: “… mas ó furriel, aquele macaco era tão tenrinho…”. Nada a fazer…

Uma noite, ligámos a máquina do Melgueira e projetámos um filme contra a parede branca da caserna. O filme era o delírio para quem já andava meio louco. O documentário, já um tanto queimado e deteriorado de tantas vezes ser visto, mais não era que uma loira escultural, como Nosso Senhor a pôs no Mundo, a lavar um carro com uma mangueira. Lavava bem, admito. E estávamos nós a ver a esguichadela de mangueira pela centésima vez, quando entrou no abrigo o Canhão. Ao ver a preciosidade, que o mesmo é dizer, a bela “ragazza”, encostou-se a uma parede assombrado, de olhos arregalados e respiração ofegante. E riu. Riu muito e bateu palmas. A plateia acompanhava-o, metendo os dedos na boca e soltando assobios estridentes. E quando o filme acabou, depois de repetido mais dez vezes, a pedido do culto Conclave, o Canhão partiu, entusiasmado.

No dia seguinte, ao passar por ele na parada, perguntei-lhe quais tinham sido as suas impressões, sobre aquela fantástica noite de «cinema». Então, olhou para mim, voltou a rir até se engasgar e disse-me em apoteose: “ó furriel, estive toda a noite sem dormir, com a cabeça cheia de pensamentos abandalhados”. Uma qualidade…

Quito Pereira
Blog Encontro de Gerações

Prostituição - a minha história (XV)

Outono de 1999... (...) Se eu estivesse louca, pensava, ela havia de me dizer. No dia seguinte, entre chamadas, fui-lhe relatando a minha experiência e os meus pensamentos. As primeiras frases que lhe disse pareciam pesar chumbo e saírem arrastadas da minha garganta. Não conseguia interpretar bem o olhar dela mas conseguia perceber a curiosidade a crescer-lhe. Fui descontraindo no avançar da conversa e ela foi oscilando entre a estupefacção completa e a curiosidade enorme. A única prostituição de que ela tinha conhecimento era a de rua portanto imaginava que eu lhe ía relatar algo degradante, humilhante e em que as mulheres estavam completamente mal tratadas pelos proxenetas e expostas a quem quisesse ver. Colocou-me várias perguntas e fez várias exclamações revoltadas quando imaginava algo como estarmos expostas a todas as doenças, eu explicava-lhe que era com protecção, que ninguém me tinha tratado mal, que estávamos protegidas pela casa, que espreitávamos os homens antes da apresentação para vermos se não era ninguém conhecido. Depois começou a colocar-me questões práticas, quanto se ganhava, em que horário, onde... E eu percebi, percebi que ela estava a tentar convencer-se a... Percebi que não me ía dizer que eu estava louca. Percebi que é um risco contar estas coisas a uma pessoa com uma vida ainda mais complicada que a nossa, percebi que, se eu tinha do que me queixar, ela, com filhos, ainda mais teria, percebi que, maior que o risco do julgamento ou de me chamar louca, era este risco imprevisto: o de convencer alguém a alinhar na minha loucura. Mas já estava feito e ela fazia planos, já lhe tinha aberto a porta e não sabia como e se haveria de a fechar: se nós entrássemos podíamos melhorar muito a nossa vida, ela poderia dar imensas coisas aos filhos, já se considerava uma pessoa com uma liberdade sexual grande, embora não tanta, mas era apenas juntar a liberdade sexual à vida financeira, imaginava que também podíamos aprender como se faz e, depois, quando tivéssemos dinheiro suficiente, poderíamos também abrir uma casa daquelas e ganhar uma fortuna. E imaginou, imaginou, imaginou... No fim de toda a imaginação, só nos sobrou uma questão: onde? (Continua)

Creme de la creme

Quando era adolescente apaixonava-me por todas as miúdas que me pediam para lhes aplicar o bronzeador.

Ninfomaníaca



Testosterona

30 maio 2013

«Ceci n'est pas mon corps» (isto não é o meu corpo) - Dries Verhoeven

"O corpo humano começa a mostrar sinais de envelhecimento após os 20 anos de idade. A degeneração ocorre como resultado de radicais livres que atacam o corpo, os quais danificam a estrutura de ADN. As rugas são causadas por movimentos repetitivos da pele, como o acto de sorrir. O nível reduzido de elastina provoca uma maior superfície da pele (por exemplo, sob o queixo).
Os holandeses têm em média 39 anos e esta idade está a aumentar. Os modelos fotográficos profissionais mantêm-se cada vez mais jovens. Idealmente, começam as suas carreiras quando estão entre os 14 e os 19 anos de idade."


Ceci n'est pas mon corps | Dries Verhoeven from THR Visuals on Vimeo.

5ª lição

A quinta lição não é a última. Apenas se refere a uma prática, entre muitas outras, que exige treino constante e conhecimento completo dos corpos.
A vagina está predisposta a acolher qualquer pénis e desenhada de forma a proporcionar as mais perversas, deleitosas e magníficas experiências de que há memória e receber idênticos prazeres. A descida e a subida húmida e suculenta da vagina sobre o pénis é agora compassada, acelerando o ritmo de entrada e saída do pénis de acordo com o egoísmo e a urgência dos envolvidos. No entanto, a mulher não deve deixar de sentir os batimentos do órgão que tem encravado no sexo. Tem de usufruir do fogo da glande e da rigidez do corpo que a invade.
A inclinação sobre o peito masculino favorece o encontro do clítoris com os pelos púbicos do homem a que é permitido jogar com o anûs da fêmea que o cavalga. O pénis pode ser retirado, ensopado, e friccionado contra o anûs de modo a lubrificar o local interdito até ao momento.
O descontrolo masculino tem de ser previsto. Afagar, friccionar, roçar e massajar o anûs com a rigidez desesperada do pénis, não implica forçar uma entrada intempestiva (trataremos deste caso numa lição posterior). A expressão verbal do sentido (não esqueçamos que o sexo não é apenas a verbalização de onomatopeias, urros, guinchos, gemidos ou vagidos) é afrodisíaca e, ao contrário de algumas mulheres, sou de opinião que deve ser quase narrado, descrito e enunciado, toda a movimentação que se opera. - Sinto-te a latejar e a escaldar-me o corpo todo e sei que te aperto e estrangulo a vida. – Para além de vagamente poético, contrabalança a verborreia que nestes momentos somos capazes de desatar a rugir.
O sexo não tem de ser uma colecção de calões ou de pregões vociferados. O platô, quando se manifesta, é perfeitamente reconhecido.
Entranhemos o pénis, fundo, na vagina e cerremos os músculos em redor da base. Os jactos de esperma terão de rebentar o anel que aperta e o prazer é redobrado sendo redobrada a força com que são projectados na vagina. Em alternativa, mais contida, a mulher pode desembainhar o pénis e abrindo o sexo com os dedos da mão liberta, deixar que a lava embata no clítoris, friccionando o cone vulcânico de encontro ao expectante e ávido pequeno colosso. A lição está completa.
O que se vai seguir não pertence ao sumário desta aula. É bom deixar agora o improviso tomar conta do suor e do cansaço.
Camille

«Bate-papo: O Retorno» - Patife

Eu tentei. Não podem dizer que não tentei. Mas as palavras fazem-me formigueiro nos dedos e nas margens ordinárias do cérebro. O tempo, esse, é «um crime premeditado». Por isso será apenas de quando em vez e sem a fantástica interacção masturbatória que decorria nos comentários. O tempo queima tudo em nossa volta. Mas não se iludam. As palavras continuam gastas. Completamente gastas. Mais não digo, pois vocês sabem bem o que a casa gasta. Tal como eu sei o que a chacha gasta: o meu pincel. Sem mais demoras, e antes que fique com um esquentamento na gaita de tanto esfregar o besugo em vez de vos escrever porcalhices, cá vai disto, a anunciar o retorno:

Bate-papo

Isto é capaz de vos chocar, mas vou dizê-lo na mesma: aprecio mulheres tagarelas. A sério que sim. Relaxam-me. Gosto muito de as ver conversar. Umas com as outras, entenda-se. Isto a propósito de duas gajas bi-curiosas que engatei ontem à noite. Não sei se alguma vez vos disse que danço como o Fred Astaire, coisa que aparentemente deixa as mulheres à beira de um ataque de líbido. Engatei duas simultaneamente com os meus passos de dança, mas antes de sairmos do clube nocturno desataram as duas à conversa. Eu deixei-as falar, até porque assim conversam uma com a outra e sossegam-me os cornos. Fazem os preliminares da palratória e quando acharem que já chega de conversa vêm comigo para casa. E, acreditem, muito tagarelaram aquelas duas. Mas depois de as ter levado para casa e de as despir é que começaram no verdadeiro bate-papo.


Patife
Blog «fode, fode, patife»