08 junho 2013
07 junho 2013
Prostituição - a minha história (XVI)
Outono de 1999... (...) E imaginou, imaginou, imaginou... No fim de toda a imaginação, só nos sobrou uma questão: onde? Pouco tempo depois, nem dois dias, e os nossos dedos e olhos percorriam a secção do mercado de trabalho do Correio da Manhã. É inacreditável aquilo a que se pode ter acesso, apenas por se comprar um jornal. Se na primeira vez estava inocente, desta vez entendi bem o que estava a ler, é sempre surpreendente, ainda hoje fico surpreendida com o número de anúncios a angariar colaboradoras, acompanhantes, massagistas, com ou sem experiência, em tempo parcial ou completo, quase todos referindo as excelentes remunerações ou os excelentes ganhos, outros que mencionam o alto nível dos clientes, lenocínio transparente, declarado, inconsequente, o retrato mais fantástico da tolerância. Se condeno? Não, o que condeno é a hipocrisia baseada neste deixa andar. É crime? Olha-se para o lado porque, afinal, existirá de qualquer forma e até tem o seu espaço e a sua função social, tem um papel no ecossistema social como as aranhas têm no ecossistema animal. Mas é crime, então finge-se que está demasiado escondido para ser regrado, finge-se que não se vê, a luz impõe consciência, no escuro do submundo tudo vale. Escolhemos um anúncio no meio de tantos, mais ou menos ou calhas, como saber o que está por trás? Escolhe-se o que soar melhor, como se soar bem fosse relevante para a boa escolha. Já na casa onde estive me tinham alertado, diziam que eu tinha muita sorte em ter ido parar ali, que me podia ter calhado um sítio terrível, que aquele Mundo não era todo assim. Marcámos o número e a voz que atendeu fez as habituais perguntas: idade, descrição física, experiência. Deu-nos uma morada e combinou a hora a que deveríamos aparecer. Era dali a pouco tempo, é um Planeta sempre imediatista, metemo-nos no meu carro, eu já certa de voltar a ter dinheiro para a gasolina cedo a esse luxo, e fomos até ao Sheraton, a rua era ali perto, segundo nos explicaram. Anoitecia e estávamos ligeiramente perdidas, encostei e perguntámos a um homem que passava onde era aquela rua, ele perguntou-nos que número de porta queríamos porque podia ser para um lado ou para o outro, dado que era uma rua grande. Dissemos-lhe o número que procurávamos e ele estacou. Olhou para nós, surpreendido, quase de alto a baixo, como se fossemos coelhinhos a querer entrar na jaula do leão e disse-nos apenas que aquela rua talvez não fosse muito adequada para jovens como nós, talvez fosse melhor desistirmos. Hesitámos mas ele apontou o caminho e acabámos por agradecer, constrangidas e comprometidas e seguimos em frente. Estacionei. A rua era escura e o número pertencia a uma porta assustadora de um mais assustador e velho prédio. Uma porta de madeira, pesada, lúgubre, na nossa frente. Uma campainha por andar, tocámos e a porta abriu-se. As escadas ainda eram mais escuros, o escuro naquelas circunstâncias ainda parece mais escuro, mais cheio de sombras, nada de elevador e lá trepámos, degrau a degrau, pelos nossos medos acima. (Continua)
Adoro as avós
Elas se preocupam somente com as coisas que realmente importam.
Viram? Alimentação é o que importa.
Capinaremos.com
Viram? Alimentação é o que importa.
Capinaremos.com
06 junho 2013
«Homenagem ao regresso do Patife» - nAnonima
«Se tu visses, Patife, a minha chona»
Se tu visses, Patife, a minha chona,
Havias de louvar o meu bom gosto;
Pois seu delicado e entumescido rosto,
Às mais formosas não inveja nada:
Na sua entrada o meu dedo faz morada:
No olho o cupido as setas tem enfiado;
No clitóris faz a minha mão o seu bailado,
Nela enfim tudo encanta, tudo agrada:
Se a blogosfera visse coisa tão bonita
Talvez lhe levantasse algum pagode
A gente, que na foda se exercita!
Beleza mais completa haver não pode:
Pois mesmo quando palpita,
Parece estar dizendo: "Fode, fode!"
A nAnonima já tinha dedicado ao Patife uma adaptação do Pai Nosso:
Patife Meu que estais no Chiado,
santificado seja o Vosso Membro,
venha a mim o Vosso Leite,
seja feita a Vossa vontade
assim na cama como no sofá.
O pacheco meu de cada dia me dai hoje,
perdoai-me as minhas inabilidades
assim como eu perdoo
a quem me tem fornicado,
e não me deixeis sair da tentação,
mas livrai-me do Anal.
Amén.
... tal como esta "leve adaptação do poema de Fernando Correia Pina":
«Colchão eléctrico»
Que noite, Patifóide. Que noite memorável!
Vinte vezes me vim e tu sempre prestável,
sempre em cima de mim, o cu a dar a dar
e eu num gozo sem fim, com ganas de gritar.
Que noite, Patifóide. Foi assim como um choque
sempre a correr por mim, a cona num bitoque,
a pedir mais chinfrim, gulosa do caralho -
fogoso berbequim em ardente trabalho.
Que noite, Patifóide. Electrizante estado
de volúpia atingi até que te vieste
de cabelos em pé, ofegando ao meu lado
dizendo em confissão
com ar triste de fado -
a merda do colchão
estava mal isolado.
nAnonima
Blog «nAnonima»
(e podem visitar aqui o blog do Patife)
Onan ou a arte da masturbação (I)
Apesar de consistir numa das práticas sexuais mais espantosas e avassaladoras, há uma desvalorização deplorável da masturbação, sobretudo da masculina.
A Santa Madre Igreja tem gravíssimas culpas no cartório também em relação a mais esta magnífica actividade sexual. A ameaça de loucura, cegueira, tuberculose e pilosidade invasora da mão que embala o berço, disseminada por toda a Europa ao longo do tempo, produziu, sobretudo no século XIX, os objectos mais deploráveis, sinistros e dolorosos de que há memória, destinados a conter a libido, solitária, dos adolescentes e deu às jovens raparigas as amas tenebrosas que lhes vigiavam o sono durante toda a noite, sentadas e em sentinela, prontas a acordar a vítima se suspeitassem que os sonhos da pobre não eram impolutos e castos.
A masturbação foi arrastada para as esquinas do “desenrasca”. Tornou-se um estratagema rápido, fácil e simples de aliviar tensões e tesões. Perdeu-se a enorme potencialidade de Onan.
Lamentável.
É desconhecido o universo de prazer que a masturbação oferece.
Masturbo os homens quando os dias são difíceis ou quando mo suplicam, depois da primeira experiência, da responsabilidade das minhas mãos. A técnica não é sobrenatural e qualquer um, solitário e excitado, a pode usar sem freio e sem cuidado.
Exige controlo e conhecimento do corpo, mas a constância é a alma do sucesso.
Se ensinar a um macho isolado as boas práticas que aplico aos meus clientes e aos homens dos meus acasos, o resultado é parecido com aquele que se obtém comigo perto.
Comecemos:
O ambiente tem de ser morno, pacífico, repleto de sombra, silencioso e macio. A música ambiente não resulta nos elevadores e é lógico que destrói o que se quer vagaroso e controlado.
Despe-te e deita-te. Procura uma almofada para a cabeça e uma outra para colocares debaixo das nádegas de modo a elevares o pénis e a revelares todo o esplendor dos testículos.
Estende e abre as pernas.
Não precisas, a não ser no início desta aprendizagem, de apelar aos corpos femininos. O teu corpo vai bastar. De olhos fechados e sentidos abertos.
Deixa os teus dedos tocarem nos mamilos. Aperta-os. Sente a ligeira dor descer o ventre, a descer até ao umbigo. Regressa às vezes que quiseres, mas que seja num desses retornos o mergulho dos dedos na tua boca. Chupa-os. Saliva-os. Vais precisar deles encharcados para o passo que se segue.
Levanta as pernas. Encosta as coxas ao tronco. Com uma das mãos acaricia as nádegas. Afasta-as e abre o anûs, devagar. Não tenhas medo, não tens ninguém ao lado. Desce os dedos húmidos e aflora o botão redondo que se oferece. Roda os dedos lentamente, afaga-o, insiste nessa carícia levemente, sente a ligeira rugosidade, o atrito, o formato, o súbito prazer que é tocar-lhe.
Sobe a tua mão. Toca os testículos com o cuidado extremo de quem colhe o orvalho. Percorre com a polpa dos dedos todas as superfícies até sentires que se movem, já acordados. Podes apanhá-los agora, massajá-los devagar. A lentidão é essencial neste momento em que o teu pénis começa a latejar, tentando libertar a glande do capuz.
Desliza a palma da mão pelo corpo do teu pénis. Não o agarres. Tens de te aperceber das veias a pulsar e da ardência que é só dele, não é tua.
Volta aos movimentos anteriores, sempre que sentires que vais morrer de desespero.
Agora. Enrola os dedos no teu sexo já inteiro. Não os movas. Aperta o corpo duro até que seja mais do que sentido o coração a pulsar lá dentro. Desce agora a mão com a lentidão que te enfurece, enlouquece e dói, mas que te inunda de inconsciência boa de doer. Vais descobrir a glande. Deixa-a respirar. Podes soprar-lhe enquanto fazes resvalar a polpa de um só dedo pelas polidas suas superfícies. Contorna o sulco, arrepia-te com o aplanar do freio. Demora-te no freio, como se estivesses a tanger a corda de uma guitarra.
Deves sentir agora a glande a abrir a fenda e a fazer brotar uma linha de gotas transparentes do fluído que te vai lubrificar. Colhe uma gota e prova-a antes de espalhares por toda a glande as que te restaram, com a palma da mão e só com ela.
Passou já meia hora. É tempo de parares. A tua aprendizagem só agora teve início. Controla-te.
Levanta-te, toma um duche frio, veste-te e sai para a rua. Por hoje não há mais nada para fazer.
Ensino-te o resto quando me disseres que cumpriste o que te disse com rigor.
Agora vou tratar de mim, que me excitaste.
Camille
Postalinho da Islândia
"Estas gravuras do Museu de Stykkishólmur são especialmente para o Museu da São Rosas.
Temos pena de não poder levar-te as originais!...
Beijo da Daisy e abraço do Alfredo"
Temos pena de não poder levar-te as originais!...
Beijo da Daisy e abraço do Alfredo"
05 junho 2013
«Lago» - João
"Observei-te durante muito tempo. Cheguei muito antes da hora combinada e fiquei, ao longe, a observar o banco de madeira com vista para a água, onde havíamos combinado encontrar-nos. Vi-te chegar. Sentar. Olhar à volta, procurando-me. Depois fixaste o teu olhar na água e assim te detiveste, até me sentar ao teu lado. Abriste-me o teu sorriso. Foi luminoso. Foi bonito. Foi muito bonito mesmo, agora que o recordo melhor na minha memória fotográfica, onde estão os detalhes todos, alguns em fotograma que congelou o momento, outros em pequenas sequências animadas, com som, com cheiro, com tacto.
Ao caminhar em direcção a ti lembrava-me…
Sou tão tua. Acordei assim, vês, sonhando que me dizias isso. Sou tão tua. Sentada ao meu colo, de olhos fechados e cabelo caído sobre o corpo, dizendo que és tão minha. Acordei assim, pensando que tinhas a tua mão na minha face enquanto me beijavas numa escada qualquer, em jeito de despedida, como quem vai ali e já volta. Ou que juntaste as mãos perto do peito, enquanto te abraçava, como menina doce que procura um carinho. Sonhei. Pensei nas coisas que não vivi, onde não estive, o que não vi. Pensei nas coisas que nunca ouvi, que nunca disseste. Nunca escreveste. A menina e as palavras, a cansar-se, a desejar a telepatia que a poupasse de ir de A até B, verbalizando, levando aos lábios os sons que levariam tempos infindos por comparação ao pensamento. Ao sentimento. Que é tão mais rápido. Que num suspiro sai tudo. Mostra tudo. É tudo.
Deixei-me cair várias vezes sem cair. Sem levantar. Sonhando apenas. Tropeçando. Tombando. Levantando e tombando de novo. Morrendo vezes seguidas. Fazendo morrer vezes seguidas. Sonhei com lagos, sonhei com água agitada ao vento, com pressa. Sonhei com a pressa de chegar, acelerando estrada fora. Sonhei com neve. Com chuva. Com dias pequenos e escuros. Sonhei com néctares e manteiga. Com coisas pequenas que fazem pensar em vastos Impérios. Com lojas de bairro e kanimambo. Com gargalhadas sonoras perdidas de loucas. A menina não existe. Nem eu existo.
… e então sentei-me ao teu lado nesse banco, e ficámos os dois a olhar as águas do lago. As mãos tocaram-se, e disseste baixinho “quero explicar-te”. E eu, “nada”. Não expliques nada. Não é preciso. Eu entendo, eu sei."
João
Geografia das Curvas
Ao caminhar em direcção a ti lembrava-me…
Sou tão tua. Acordei assim, vês, sonhando que me dizias isso. Sou tão tua. Sentada ao meu colo, de olhos fechados e cabelo caído sobre o corpo, dizendo que és tão minha. Acordei assim, pensando que tinhas a tua mão na minha face enquanto me beijavas numa escada qualquer, em jeito de despedida, como quem vai ali e já volta. Ou que juntaste as mãos perto do peito, enquanto te abraçava, como menina doce que procura um carinho. Sonhei. Pensei nas coisas que não vivi, onde não estive, o que não vi. Pensei nas coisas que nunca ouvi, que nunca disseste. Nunca escreveste. A menina e as palavras, a cansar-se, a desejar a telepatia que a poupasse de ir de A até B, verbalizando, levando aos lábios os sons que levariam tempos infindos por comparação ao pensamento. Ao sentimento. Que é tão mais rápido. Que num suspiro sai tudo. Mostra tudo. É tudo.
Deixei-me cair várias vezes sem cair. Sem levantar. Sonhando apenas. Tropeçando. Tombando. Levantando e tombando de novo. Morrendo vezes seguidas. Fazendo morrer vezes seguidas. Sonhei com lagos, sonhei com água agitada ao vento, com pressa. Sonhei com a pressa de chegar, acelerando estrada fora. Sonhei com neve. Com chuva. Com dias pequenos e escuros. Sonhei com néctares e manteiga. Com coisas pequenas que fazem pensar em vastos Impérios. Com lojas de bairro e kanimambo. Com gargalhadas sonoras perdidas de loucas. A menina não existe. Nem eu existo.
… e então sentei-me ao teu lado nesse banco, e ficámos os dois a olhar as águas do lago. As mãos tocaram-se, e disseste baixinho “quero explicar-te”. E eu, “nada”. Não expliques nada. Não é preciso. Eu entendo, eu sei."
João
Geografia das Curvas
«conversa 1983» - bagaço amarelo
Eu - Na capa dizia que tinha tudo sobre bonsais, mas de facto não tem quase nada. Fiquei desiludido, não a torno a comprar.
Ela - Pois... quem promete tudo, normalmente não tem quase nada para dar.
Eu - Pois... sobre bonsais tem quatro ou cinco parágrafos pobrezinhos...
Ela - És homem, já devias saber que não se deve acreditar em quem promete tudo...
Eu - O que é que isso tem a ver com ser homem?!
Ela - Já alguma vez prometeste Amor total a uma mulher?!
Eu - Já...
Ela - E cumpriste?
Eu - Bem... não propriamente, mas quando prometi estava a falar a sério...
Ela - Pois...
bagaço amarelo
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